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Vendas do varejo caem em fevereiro e ampliam sinais de desaceleração da economia

Queda se soma ao resultado negativo da indústria (-0,2%) no mesmo mês e dos serviços (-3,1%) em janeiro. Perda de ritmo veio em linha com o esperado pelo mercado

Pedestres passam entre lojas e placas de preços no Saara, centro de compras popular no Rio de Janeiro
Desemprego recua no trimestre. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Depois de começar o ano com crescimento recorde, o comércio varejista brasileiro perdeu força no segundo mês de 2023. As vendas caíram 0,1%, após avançarem 3,8% em janeiro, segundo divulgado nesta terça-feira, 25/04, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em doze meses, o varejo acumula alta de 1,3%.

O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que apesar da queda em fevereiro, o comércio brasileiro segue no positivo por conta do forte avanço no mês anterior. Entretanto pondera que a recuperação foi puxada por uma base de comparação muito baixa dos dois últimos meses de 2022, quando houve retração nas vendas.

“Podemos fazer uma leitura dos resultados por consequência de um período de Black Friday e Natal ruins, que resultaram em uma recuperação em janeiro e uma sustentação desse patamar em fevereiro. Além disso, um cenário de inflação estável em alguns setores importantes para a nossa pesquisa, como a alimentação em domicílio, que impacta a atividade de hiper e supermercados, também ajuda a entender os resultados observados em fevereiro”.

EVOLUÇÃO DAS VENDAS DO VAREJO (MÊS A MÊS)

Gráfico com a evolução das vendas de varejo
Fonte: IBGE

A perda de ritmo no varejo em fevereiro se soma a outros resultados negativos da atividade brasileira, o que indica uma economia em desaceleração. No segundo mês do ano, a indústria caiu 0,2% e o setor de serviços despencou 3,1% em janeiro. O Índice de Atividade Econômica (IBC-BR), considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), teve queda de 0,04%, em janeiro, em relação a dezembro do ano passado.

Atividades

A queda nas vendas do varejo foi acompanhada por seis das oito atividades. O destaque negativo ficou com o grupo de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%) – que representa mais de 40% do peso mensal da pesquisa e é extremamente sensível à inflação.

Números ruins também nas atividades de tecidos, vestuários e calçados (-6,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,4%). “São duas atividades de alta volatilidade, que estão variando muito nos últimos meses. Um fator que ajuda a explicar esse cenário é que janeiro foi um mês de muitas promoções, como estratégia de grandes empresas desses setores após novembro, com a Black Friday, e dezembro, com o Natal, terem sido meses de baixa”, explica o gerente do IBGE.

Os únicos resultados positivos em fevereiro vieram dos grupos de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%). Para Cristiano Santos, a alta nessas duas atividades se deve principalmente a artigos de farmácia, já que fevereiro é um mês que parte dos medicamentos são liberados para um aumento regular, o que faz o consumidor antecipar as compras.

“Já a alta em livros, jornais, revistas e papelaria pode ser explicada principalmente pelos artigos relacionados ao material pedagógico. Vale ressaltar que, em uma perspectiva mais a longo prazo, essa atividade vem perdendo força por estar muito ligada ao livro físico, ao jornal físico, à parte física de papelaria”, conclui.

Varejo ampliado

No varejo ampliado – que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo – o volume de vendas subiu 1,7% em fevereiro, na comparação com janeiro.

As vendas de veículos e motos, partes e peças cresceram 1,4% e as de material de construção caíram 2%.

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