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Vendas do varejo crescem em março e fecham 1º trimestre no positivo

Avanço nos três primeiros meses do ano se soma ao bom resultado do setor de serviços. Os números mostram resiliência da economia brasileira, mesmo com a indústria no negativo

Pedestres passam entre lojas e placas de preços no Saara, centro de compras popular no Rio de Janeiro
Desemprego recua no trimestre. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As vendas do comércio varejista brasileiro fecharam o primeiro trimestre em alta de 2,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo divulgado nesta quarta-feira, 17/05, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O bom resultado se soma ao forte avanço do setor de serviços, que cresceu 5,8% no mesmo período. Na contramão ficou a indústria, que acumula no ano leve queda de 0,4%.

Os números apontam para um início de 2023 positivo diante de uma economia ainda resiliente, apesar dos juros permanecerem em 13,75% – maior patamar em seis anos – e de uma inflação que acumulada alta de 4,18%, em 12 meses, acima da meta de 3,25%. Em fevereiro, o Índice de Atividade Econômica, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), já havia mostrado uma economia ainda forte. Naquele mês, o IBC-Br avançou 3,32%. Segundo analistas, o aumento das transferências de renda pelo governo para as famílias mais pobres – o que aumenta o consumo – ajuda a explicar esses números.

A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, classificou o resultado como uma surpresa positiva para a economia brasileira. “A atividade em março teve crescimento do varejo acima do esperado, alta de 3,2% na comparação anual, puxado por combustíveis e supermercado. O primeiro trimestre foi marcado pelo forte desempenho da agricultura e aumento das transferências de renda, impulsos não recorrentes”.

SETORES DA ECONOMIA (1º TRIMESTRE)

Fonte: IBGE

Apenas em março, o volume de vendas do comércio cresceu 0,8% na comparação com fevereiro, mês em que o setor registrou estabilidade. Segundo o IBGE, é a maior alta para o mês desde 2018. O resultado veio melhor que o esperado pelo mercado, que previa uma queda de 0,2%. Para o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, houve uma forte melhora do setor na comparação com dezembro do ano passado, quando o comércio caiu 2,7%.

“Esse aumento de 0,8% representa a saída de uma estabilidade em fevereiro para um resultado que podemos considerar como crescimento. Além disso, ao observarmos os últimos três meses juntos, vemos ganho de patamar de 4,5% em relação a dezembro do ano passado, último mês de queda”, explica.

EVOLUÇÃO DAS VENDAS DO VAREJO (MÊS A MÊS)

Fonte: IBGE

Atividades

O avanço do comércio foi acompanhado por três das oito atividades pesquisadas pelo IBGE. O maior impacto veio do grupo artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria que avançou 0,7%. Eles foram seguidos por equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,7%) e móveis e eletrodomésticos (0,3%).

Do lado negativo ficaram: tecidos, vestuário e calçados (-4,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (-0,6%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%).

O setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo – que tem maior peso no índice – ficou estável em março. Segundo o gerente da pesquisa, essa estabilidade mostra que a inflação exerceu uma pressão menor no resultado, movimento esse que não aconteceu no mês anterior.

“Foi um resultado bastante equilibrado na análise dos setores. Algumas atividades apresentaram resultado bem próximos da estabilidade, como foi o caso de hiper e supermercados, atividade de maior influência”.

Varejo ampliado

No varejo ampliado – que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo – o volume de vendas subiu 3,6% em março, na comparação com fevereiro. As vendas de veículos e motos, partes e peças cresceram 3,7% e as de material de construção subiram 0,2%.

“O comércio varejista ampliado apresentou um aumento do ritmo de crescimento. Houve avanço de em março e já são quatro meses de altas, puxados principalmente pelo setor de veículos e motos, partes e peças”, conclui Cristiano Santos.

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