45% dos brasileiros confiam nas finanças para envelhecer melhor e com qualidade de vida
Pensar nas finanças para envelhecer bem deve ser considerado cada vez mais cedo
Uma pesquisa realizada realizada com mais de 2 mil brasileiros de diversas idades, classes sociais e regiões do país mostra que, para viver mais e melhor, 45% consideram o setor financeiro da vida importante para envelhecer com qualidade.
O levantamento feito pela Neura, curadoria de estudos comportamentais e porquês, em parceria com a PiniOn, trouxe o dado das finanças acima da confiança no setor alimentício, com 37%, mas atrás do setor de cosméticos, que foi citado por 67% dos ouvidos.
Segundo a análise, 95% da população acredita que é possível se preparar para viver mais e com qualidade, reconhecendo que a passagem do tempo pode ser acompanhada de uma vida mais saudável e plena. Além disso, 80% das pessoas afirmam que já estão tomando medidas concretas para atingir esse objetivo.
O papel das finanças para envelhecer com qualidade de vida
Um bom planejamento financeiro para a fase de vida em que não iremos ou não poderemos mais depender do nosso trabalho para arcar com as nossas despesas é fundamental, e segundo Taís Magalhães, planejadora financeira da SuperRico, à medida em que vemos os fenômenos demográficos e econômicos se desenrolarem, esse planejamento deve começar cada vez mais cedo e de forma bem-organizada.
“A população, não só brasileira, como no mundo está vivendo mais, mas não necessariamente está poupando e enriquecendo mais também. Além disso, com a baixa natalidade entre as mulheres, as famílias estão cada vez menores, e com isso o arcabouço e proteção da família e dos vínculos primários, comuns nas famílias numerosas da geração de nossos avós, estão cada vez mais escassos e frágeis. A longevidade, que deve ser celebrada, está trazendo, então, uma pressão enorme ao sistema de previdência social de muitos países, e no Brasil também”, destaca ela.
Por isso, Magalhães afirma que diferentemente de algumas décadas atrás, em que era possível viver apenas da aposentadoria do INSS, hoje a realidade é bem diferente. “Então, se preparar financeiramente desde jovem é fundamental para que se tenha qualidade de vida, saúde e liberdade de escolha durante a fase de aposentadoria.”
Como se preparar para envelhecer melhor
Para a planejadora financeira, é possível elencar os seguintes aspectos-chave para um bom planejamento financeiro para envelhecer bem:
Conte com o INSS, mas não dependa dele
A aposentadoria pública é sim importante e não deve ser desprezada, porque trata-se de uma renda vitalícia e que pode ser importante também para a proteção de outros membros da família que dependem do aposentado (como dependentes menores, incapazes, etc).
Porém, dependendo da renda que se ganhou durante os anos de trabalho, o benefício previsto para a aposentadoria pode ser muito baixo: quanto maior for a renda durante a atividade laboral, maior será a diferença em relação ao benefício previsto pelo INSS. Nestes casos, é fundamental montar uma carteira de investimentos própria para a aposentadoria.
Invista com inteligência
Quando se fala de investimentos para a aposentadoria, é importante montar uma carteira de longo prazo bem diversificada – mesmo investidores mais conservadores devem se expor, ao menos um pouco, fora dos investimentos mais tradicionais da renda fixa, porque o horizonte de tempo é longo e a carteira precisa proteger o dinheiro poupado durante anos do efeito corrosivo da inflação.
Quando já se está aposentado, é recomendável, segundo a planejadora financeira, tornar a carteira um pouco mais conservadora, mas isso não significa também que ela não deva ser diversificada, já que, para muitos, a fase de aposentadoria pode durar facilmente mais do que 20 anos – o que exige também estratégias para a proteção contra a inflação.
Reflita bem sobre o seu estilo de vida
Por vezes, ao se calcular o quanto é necessário para manter o estilo de vida ao envelhecer, o valor assusta. Porém, é importante refletir se muito do que se gasta hoje ainda será necessário no futuro.
Essa reflexão deve começar principalmente pela escolha do local de moradia. Será que é preciso viver onde sempre se viveu? Afinal, saindo poucos quilômetros dos grandes centros urbanos, é possível viver com mais qualidade de vida e menos custos. É preciso abrir a mente para vislumbrar as possibilidades que a fase de aposentadoria pode trazer, diminuir o esforço de poupança necessário e, de quebra, se viver muito melhor e com mais saúde.
Casa própria ou aluguel na velhice
Não é raro percebermos que a poupança acumulada durante a vida não será suficiente para ter o patrimônio necessário para a aposentadoria. Neste caso, vale pensar na possibilidade de se usar a moradia como reserva para esta fase da vida.
Sabe-se que no Brasil há um forte apego à casa própria, mas se for necessário, vender o imóvel, montar uma boa carteira de investimentos e viver de aluguel pode ser a estratégia que dará a tranquilidade financeira e qualidade de vida ao envelhecer.
“Este cenário faz ainda mais sentido quando o imóvel for grande, pensada para a fase em que a família estava toda junta, e agora passa a ser grande demais para a vida aposentada”, alerta Thaís.
Repense a relação com o trabalho
Mas a orientação mais importante, de acordo com Magalhães, é repensar a relação com o trabalho. Para muitos, a expectativa da fase de aposentadoria é a de parar de trabalhar e apenas viver de lazer.
“No entanto, em muitos casos o que acontece com essas pessoas que não veem a hora de se aposentar é restar um enorme vazio quando deixam o trabalho, não só na rotina e no convívio social, mas também um vazio existencial, e, por vezes, de fato, uma depressão”, diz ela.
Por isso, antes de se aposentar, a planejadora aponta que é fundamental se preparar para outra atividade, que pode oferecer algum rendimento, que dê prazer e sentido para essa nova fase da vida.
“Pensando em termos estritamente financeiros, para muitos essa estratégia será necessária não só para manter sua saúde mental, mas também a do bolso. Então, é importante pensar no plano B enquanto ainda se está vivendo o plano A”, completa.
Investimentos com o objetivo de envelhecer bem
Pensando especificamente nos investimentos, como aponta a planejadora Financeira da SuperRico, é preciso ter uma estratégia de longo prazo para a carteira, que considere a proteção do patrimônio contra a inflação.
Por isso, segundo ela, é necessário trabalhar bem na diversificação de classes de ativos e escolhas de bons produtos que tragam benefícios para o investidor que tem um horizonte de tempo maior.
“Neste sentido, a escolha de bons fundos de previdência é um bom caminho, porque estes trazem a diversificação necessária (já que tratam-se de fundos, que contam com gestores que fazem a seleção dos ativos financeiros mais adequados) e, no caso da escolha da tabela regressiva de cobrança de Imposto de Renda, é possível pagar apenas 10% de IR quando for utilizar o valor durante a aposentadoria ( ao passo que outros investimentos chegam a, em média, 15% de alíquota)”, aponta.
Porém, para a escolha de uma boa previdência, é importante verificar qual tipo de fundo é adequado ao perfil de risco da pessoa, bem como optar por aqueles com uma boa taxa de administração.
Por fim, Thaís Magalhães ressalta que levar uma vida simples, mantendo a capacidade de poupança ao longo da vida, e se aprimorar não só profissionalmente, mas como pessoa, prezando por sua saúde física, mental, seus vínculos pessoais, hobbies, vida intelectual e espiritual.
“Com tudo isso, a fase de aposentadoria pode ser aquela que poderá trazer mais frutos significativos para a vida e um importante legado à família e à sociedade”, finaliza.
Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.