Acreditar em recomendação de compra de ações ou estudar sozinho?
Investidor deve ficar atento aos vieses dos relatórios e buscar estudar cada vez mais sobre o mercado de capitais
Por Rogério Piovezan
Evitar frustrações e aumentar a segurança quando for investir. Essas são algumas das características que todo investidor iniciante deve buscar para formar o seu portfólio. Afinal, ninguém quer sair no prejuízo no mercado financeiro. Mas há, no entanto, quem prefira estudar sozinho sobre investimentos ou aqueles que preferem investir com base em recomendações de compra de ações.
Com a facilidade de acesso pela internet, qualquer investidor consegue encontrar relatórios divulgados por casas de análise a respeito de quais ações estão em alta e quais estão em baixa. Porém, isso suscita a dúvida sobre a qualidade da informação que chega até o investidor, a depender do perfil e do nível de experiência no mercado de capitais.
Por isso, qual é a melhor maneira de melhorar o conhecimento em investimentos? É acreditar nas recomendações de ações feita por analistas e relatórios ou estudar sozinho? Obviamente não há uma resposta fechada porque isso é relativo a cada investidor, mas existe, sim, uma orientação geral a respeito. Confira.
Ler relatórios é uma boa?
Buscar informações em relatórios de casas de análise pode sim ser uma boa opção para ampliar a bagagem cultural como investidor e se manter informado sobre as movimentações. Porém, o cuidado que se deve ter neste momento é voltado a dois fatores: quem escreve o documento e qual o seu viés no mercado de capitais.
“O investidor deve ter em mente que esses relatórios são escritos por pessoas que podem ou não ter algum tipo de viés no momento de fazer alguma recomendação. Para que um relatório seja bem utilizado, é fundamental que o investidor o leia com conhecimento de causa”, afirma Marcos Milan, professor da FIA Business School.
Ler os relatórios de casas de análise é fundamental. A única observação, segundo Milan, é quanto ao cuidado de se acreditar prontamente em tudo que está escrito sem ter um conhecimento prévio. Ou seja, leia, se informe, mas busque diversificar a fonte dessa informação.
“Seja o objetivo do investidor viver de dividendos, ganhar com a valorização da empresa ou mesmo construir um patrimônio de longo prazo, esses relatórios são de grande valia e devem ser levados em consideração no momento de investir, mas deve-se ter cuidado.”
Então, sigo as recomendações de compra de ações ou não?
Isso vai depender do seu objetivo no investimento. Para seguir as recomendações de compra e venda de ações, o investidor vai precisar estudar, buscar outras fontes de informações, ouvir diferentes analistas e se manter disciplinado, assim como se estudasse sozinho.
Já para aqueles que não têm esse tempo, existe a opção de aportar recursos em um fundo de gestão ativa ou passiva, e a responsabilidade de gerir os valores fica com uma equipe profissional.
“No caso de fundos de gestão ativa, o investidor transfere essa responsabilidade a uma equipe de gestão profissional, que irá escolher quais ações comprar e vender ao longo do tempo. No caso da gestão passiva o investidor escolhe um ETF, com cotas negociadas em bolsa, que siga um índice de ações que combine com os seus objetivos, seja de ampla diversificação entre setores ou de ter foco em determinado setor ou estratégia”, explica o educador financeiro Arthur Vieira.
E estudar sozinho?
Neste caso, os dois educadores recomendam disciplina e foco nos estudos, além de montar um documento pessoal com todos os seus objetivos a partir do investimento que pretende aplicar. Ou seja, ter uma estratégia clara acerca do que irá fazer com seus recursos no curto, médio e longo prazo.
“Estudar por conta própria ou contar com o suporte de um profissional independente é essencial para que não haja frustrações no momento de investir. Essa estratégia é um documento pessoal, elaborado a partir do perfil investidor, anseios, objetivos e necessidades que essa pessoa deseja atingir com seus investimentos. Somente com essa estratégia em mãos que uma análise de ativo passa a fazer sentido”, afirma Milan.
Vale lembrar que não existe jeito certo ou errado. Mesmo quem também estuda sozinho pode recorrer às recomendações de analistas autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ou vice-versa.
“Quem prefere estudar e escolher por conta própria deve levar em consideração o acompanhamento dos investimentos ao longo dos anos. É preciso ter disciplina para dedicar tempo aos estudos”, diz Vieira.
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