Objetivos financeiros

Como se organizar e planejar as despesas para o próximo ano

Gastos fixos e esporádicos podem ser previstos para evitar sustos com boletos

A chegada de um novo ano traz a vontade de pensar em objetivos e planejar as despesas como forma de se preparar para o futuro. É o momento ideal para pensar quando se vai começar aquele novo curso ou mesmo pensar naquela viagem tão esperada.

Mas, para realizar esses sonhos, é preciso antes construir uma boa base financeira. Para isso, é importante colocar no papel (ou na planilha) todos os gastos previstos, como forma de estimar onde é possível economizar e guardar dinheiro.

Mapeando as despesas

Em primeiro lugar, é preciso mapear as despesas que vão ocorrer no próximo ano. Separe um tempo para isso, e saiba que talvez a lista precise ser refeita se você se lembrar de algum item que ficou de fora.

Paula Bazzo, planejadora financeira CFP pela Planejar, recomenda dividir as despesas em grandes grupos, como gastos essenciais, gastos esporádicos e investimentos. Dentro de cada grupo desses, há subcategorias.

Gastos essenciais: São aquelas despesas que são necessárias para manter o padrão de vida. Isso envolve despesas fixas, como aluguel, contas de água, luz, celular, internet, transporte (seja público ou particular) e plano de saúde, além de financiamentos de veículos ou imóveis. Outros gastos que entram nesse grupo são mensalidades escolares, alimentação (incluindo supermercado, restaurantes, delivery), seguros e pagamento de empréstimos.

Gastos esporádicos: São aqueles que fazem parte do orçamento familiar, mas ocorrem de vez em quando. Podemos incluir aqui os pagamento de impostos como IPVA e IPTU, rematrícula escolar, compra de material escolar e gastos com presentes de familiares em datas especiais, como aniversários e festividades (Páscoa, Natal, Dia das Mães, dos Pais, das Crianças), entre outros.

Investimentos: São valores que você vai reservar periodicamente para investir nos seus planos financeiros, seja para adquirir um imóvel, planejar a aposentadoria, a faculdade dos filhos ou qualquer outro objetivo que demande reunir um recurso financeiro para realizá-lo. É importante manter esses valores previstos para que os investimentos sejam sempre constantes pois, caso contrário, o dinheiro poderá se perder no pagamento de contas do dia a dia.

Como organizar as despesas

E como organizar as despesas? É melhor colocar tudo em um caderninho de finanças ou usar algum recurso, como planilhas em computadores? Bazzo diz que cada um pode encontrar a melhor maneira de fazer o seu planejamento, mas o uso de planilhas eletrônicas pode facilitar a organização, com a inclusão e exclusão de itens.

Uma sugestão da planejadora financeira é usar planilhas online de serviços gratuitos, que ficam na nuvem e podem ser acessadas tanto do computador quanto do celular, para acompanhar o planejamento financeiro e abastecer com informações.

Ao montar a planilha, o ideal é colocar as despesas fixas, esporádicas e os investimentos em colunas alinhadas aos meses do ano, para trazer uma visão geral dos gastos como um todo – e ajudar na visualização de quais meses terão gastos maiores.

Vale lembrar de colocar também os gastos com cartão de crédito, incluindo despesas com prestações que já estão previstas nos meses futuros por causa das compras parceladas.

Com essa clareza, dá para se planejar e guardar dinheiro nos meses anteriores para poder cobrir as despesas quando elas chegarem.

Ao fim dessa organização prática, Bazzo sugere somar todas as despesas do ano, incluindo as fixas, esporádicas e os investimentos, e dividir por 12, para saber melhor quais são os custos envolvidos. Essa conta vai trazer à tona os gastos esporádicos que geralmente ficam ocultos – e acabam assustando quando surgem no ano.

Gastos “esquecidos”

Mas e quando fura um pneu? E quando há uma emergência com tratamento dentário? E aquele procedimento estético comprado por impulso?

Esses gastos também podem ser incluídos na previsão de despesas do ano, já que eventualmente podem ocorrer. Dá para fazer caixa para pagar o procedimento estético e prever quantas vezes ele será feito no ano, por exemplo, ou ainda a manutenção do carro.

“Questões como troca de óleo, troca de pneu, revisões que precisam ser feitas, as manutenções domésticas, consertos em geral, desde eletrodoméstico até alguma reforma um pouco maior, a necessidade de limpar um sofá ou trocar uma cortina, são gastos que geralmente são esquecidos”, afirma Bazzo.

Além disso, há os custos com os pets. Para quem tem animal de estimação, vale incluir nas despesas do ano os gastos com ração, vacina, banho, vermífugos e antipulgas, além das visitas ao veterinário.

Estourei o orçamento, e agora?

Se, ao conseguir mapear as despesas, você descobriu que os gastos superam o orçamento, fique atento: é melhor planejar os cortes e a organização financeira antes que elas virem dívidas e empréstimos.

Após todo esse raio X dos custos, observe se dá para colocar limites em alguns gastos. Em presentes de aniversário, por exemplo, o teto definido durante o planejamento anual ajuda a estipular um gasto que depois não vai pesar no orçamento total.

“É claro que cada pessoa tem um tipo de comportamento. Às vezes, uma pessoa super criativa não vai conseguir ser tão metódica. Mas ela precisa, pelo menos, ter um limite. Não precisa dizer que vai gastar R$ 150 e gastar R$ 150, mas ela precisa saber que não pode ultrapassar essa despesa para não se perder na soma de vários gastos ao longo do ano”, sugere a planejadora financeira.

Guardar ou parcelar

Fazer um planejamento financeiro requer coragem e paciência de analisar os gastos e ter consciência da própria situação financeira. Muitas pessoas preferem gastar o salário do mês com as contas essenciais, e colocar no cartão aquilo que está fora desse grupo.

Neste caso, qual é a melhor estratégia para organizar as despesas do ano? Guardar dinheiro todos os meses para cobrir os custos, ou parcelar a despesa quando ela chegar?

O ideal, segundo Bazzo, é guardar todos os meses. Por isso, a análise da situação financeira, ou o raio X das despesas familiares, é tão importante. Com ela, é possível visualizar qual é o custo fixo da família, e qual é o custo variável, o que inclui os gastos esporádicos.

“Gosto de pegar a soma de todos os gastos esporádicos, incluindo os presentes, a festinha, a rematrícula, o IPTU e o IPVA, tudo que a família levantou, para saber qual é o total. Digamos que seja R$ 6 mil no ano. É muito mais fácil eu guardar R$ 500 por mês para cobrir essas despesas do que desembolsar valores mais altos que isso eventualmente”, explica.

Ao adotar essa estratégia, é possível investir esse dinheiro guardado e ainda ter uma ajuda da rentabilidade para pagar a despesa. E, quando chegar a hora, pagar à vista e com desconto.

“É o caso da rematricula. Muitas escolas dão desconto para pagamento antecipado. Se você tem esse dinheiro já nos seus investimentos, você vai estar ganhando com a rentabilidade e com o desconto. Então você está pagando de forma efetiva menos do que pagaria se precisasse desembolsar o valor à vista naquele momento”, afirma.

E, se a estratégia parecer difícil em um primeiro momento, a sugestão é que o controle financeiro e o mapeamento de despesas continue sendo feito, até que se encontre um equilíbrio financeiro em que é possível poupar para pagar as contas, sem entrar nas dívidas por empréstimo.

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