ESPECIAL LGBTQIA+: “Educação Financeira é sobre ser quem se é”, diz Gean Duarte, do ‘Bixa Rica’
Criador do portal ‘Bixa Rica’, economista Gean Duarte fala sobre desafio e dá dicas para população LGBTQIA+ sobre educação financeira
Ter a liberdade de ser quem é, assim como ter autonomia para tomar as melhores decisões sobre a própria vida é parte essencial da dignidade humana. E foi com o objetivo de levar essas condições à população LGTQIA+ que Gean Duarte, economista e educador financeiro criou o portal ‘Bixa Rica’.
Há mais de 4 anos trabalhando com educação financeira, o economista percebeu que não se sentia conectado, sendo LGBTQIA+, com influenciadores do meio das finanças. Por isso, ao fim de 2011, decidiu criar um canal com que pudesse se identificar pessoalmente, assim como o seu público.
“Com um pouco de caminho na educação financeira, percebi que a população LGBTQIA+, e eu também, não me conectava tanto com muitos influenciadores financeiros. Comecei a perceber essas falhas e identifiquei que poderia falar para esse público sobre algo tão importante”, afirmou.
Esta matéria faz parte da série Especial LGBTQIA+🏳️🌈, uma iniciativa do Bora Investir. Ao todo, são quatro capítulos publicados toda sexta-feira durante o mês de junho, trazendo um olhar singular da população LGBTQIA+ e os desafios que enfrentam no universo dos investimentos e da educação financeira.
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🏳️🌈🤑 Bixa Rica: educação financeira como caminho de autenticidade para pessoa LGBTQIA+
O fundador do ‘Bixa Rica’ conta que, de maneira pessoal, criou o portal como uma “cura da sua criança interior”. Ele lembra que, na adolescência, sofria não apenas com o preconceito, mas também com a falta de representatividade.
“Me empoderei do termo “bicha”, que já me feriu muito, para trazer também uma questão de representatividade. Sei que as pessoas, atualmente, que veem uma empresa chamada ‘Bixa Rica’, já se sentem um pouco mais acolhidas, coisa que eu não tinha na minha adolescência”, ressalta.
De maneira mais ampla, ele também afirma que o portal tem um propósito maior, de é levar o poder do dinheiro para as mãos de pessoas que sofrem tanto preconceito, já que Gean vê o conhecimento sobre dinheiro como um poder que dá autonomia e liberdade de escolha à população LGBTQIA+.
“Não é só sobre o dinheiro em si, sobre o acúmulo de capital, mas sobre, principalmente, autonomia e liberdade de ser quem se é. É levar essa autonomia para que as pessoas possam viver de forma autêntica”.
💵👀 Infância e relação com o dinheiro
De família pobre, Gean Duarte lembra que era a mãe que sustentava a família de sete pessoas, e que por conta disso teve uma infância restritiva em relação a recursos financeiros. Mas foi através dela que teve seu primeiro contato com as finanças, e que o moldou no cuidado com o dinheiro.
“Minha mãe foi a minha maior referência de educação financeira na vida real. Ela tinha uma cadernetinha, fazia um controle financeiro do jeito dela, anotava tudo, colocava o valor do salário e ia subtraindo os valores. Quando fiz oito, nove anos, e comecei a aprender a somar, ela pedia para eu conferir tudo”, lembra.
Ele conta que nesse exercício adquiriu consciência financeira do que a mãe podia ou não. “Eu sabia qual era o salário e as contas do mês. Por isso, quando a gente ia ao supermercado, eu nem pedia as coisas que queria para ela, porque eu sabia que ela não podia. Entendo que isso me ajudou nessa parte de consciência financeira, que é um dos pilares da educação financeira”.
🚨💡 Desafios e dicas de educação financeira
O fundador do Bixa Rica vê que o principal para pessoas com consciência financeira é a falta de educação financeira desde o início da vida. Assim, a população fica mais refém do excesso de linhas de crédito e da falta de conhecimento.
Contudo, ele vê para a população LGBTQIA+ um agravante em relação à desigualdade, principalmente falando da população transsexual, que ainda é mais vulnerável, com a questão social, o preconceito de renda e a desigualdade de renda intensificando os desafios.
Para isso, Duarte aponta “três pilares da riqueza”, como dicas para driblar os desafios. São eles: gastar bem, fazer mais dinheiro, e investir com sabedoria.
“No primeiro passo, a base da organização financeira é ter um orçamento/planejamento financeiro. Às vezes a gente acaba negligenciando, espera um aplicativo da ‘NASA’ para fazer o teu trabalho, mas é fazer o simples bem feito”.
No segundo passo, sobre fazer mais dinheiro, ele aponta a busca de conhecimento para aprender a multiplicar o patrimônio que se tem. Assim como, no terceiro passo, se deve buscar investir de forma inteligente.
“Muitas vezes ficar com dinheiro aplicado na poupança, por exemplo, ou em investimentos ruins, faz com que você também fique estagnado”, afirma.
Por fim, o criador do Bixa Rica ressalta que às vezes vê que existe um preconceito da própria comunidade LGBTQIA+ com o tema de finanças. Mas quando se conquista o controle do dinheiro, quando não é mais controlado por ele, se conquista essa autonomia tão importante.
“O meu conselho é explorar o mundo, porque muitas vezes não temos consciência de que um conhecimento é tão importante, que pode transformar a sua vida. Se abrir para esse universo e entender que, com certeza, ele vai te trazer muitos benefícios”, aponta.
“Sempre digo que a educação mudou a minha vida, mas o que transformou a minha vida foi a educação financeira. Por isso a importância de olhar para esse tema com carinho, para desenvolver essa consciência e conquistar os seus sonhos”.
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