Alugar ou comprar um carro e imóvel: o que mais vale a pena
Diferentes objetivos podem influenciar na decisão de alugar ou comprar, assim como as vantagens e desvantagens de cada opção
A aquisição de imóvel e/ou carro é a realização de um sonho para muitos, porém com os altos custos e objetivos diferentes, cresce a dúvida sobre se compensa comprar ou alugar tais bens. Se tempos atrás esses dois tipos de bens eram considerados ativos, atualmente é questionável se o mesmo recurso aplicado em investimentos poderia trazer aumento de patrimônio real, com menos risco de depreciação e gastos de manutenção.
Em relação ao automóvel, o analista da Empiricus, Caio Araújo, destaca que ficou muito mais fácil alugar um carro nos últimos anos, com cada vez mais opções de locadoras e de assinaturas. No entanto, a decisão vai depender dos objetivos.
Para o analista, a pessoa precisa avaliar por quanto tempo e em quais ocasiões o uso deverá ser feito, se de forma pontual ou com mais recorrência e a longo prazo. Em uma situação de uso abaixo da média, alugar é a melhor saída, mesmo que os melhores contratos sejam para prazos maiores.
Se a necessidade for contínua, por um tempo estendido ou indefinido, comprar se torna uma opção mais interessante para essa compradora.
“Teoricamente se você precisa de um carro para um período curto de tempo, o aluguel é mais favorável mesmo que o custo não seja tão barato. Agora, se você precisa permanecer com o bem durante um bom tempo, aí a compra se faz necessária, seja de um modelo seminovo ou zero”, avalia o analista.
Vantagens e desvantagens de alugar ou comprar um carro
A favor do aluguel pesa o fato do esforço financeiro menor, sem a necessidade de financiamento ou até mesmo a despreocupação com a quantidade de custos que a compra de um carro demanda, como IPVA, manutenção, e burocracia da negociação.
Contra o aluguel e mais a favor da compra está a autonomia maior de possuir um veículo, não dependendo de taxas dos aluguéis e outras regras, como limites de quilometragem e seguros mais caros para acidentes.
Porém, Caio também alerta para o atual momento econômico do país, onde a taxa de juros aumenta os custos de financiamento, assim como a alta na inflação de veículos. Os juros também são um ponto destacado na visão de investimentos.
“Hoje tem uma questão de custo de oportunidade também. Com a Selic nesse patamar, ao financiar um veículo novo, você está abrindo mão de uma remuneração elevada do CDI, e está tomando um crédito relativamente caro. Hoje as taxas de juros estão lá em cima e isso influencia bastante pensando no seu bolso. Se você está financiando, pagando juros elevados também está perdendo a oportunidade de ter uma remuneração maior no curtíssimo prazo se investindo em títulos públicos”, diz ele.
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Aluguel ou compra de um imóvel
Para a dúvida entre comprar ou alugar um imóvel, o analista da Empiricus diz que há um paralelo interessante entre a questão dos automóveis. Porém ele relembra que o mercado de aluguel de imóveis é mais tradicional, principalmente pelo custo de aquisição de um imóvel e também que há diferença na valorização.
Um carro comprado tende a desvalorizar, enquanto um imóvel é propício para fazer o movimento inverso, servindo também de investimento.
Entre as vantagens e desvantagens de cada uma das opções, volta a questão dos juros e do alto custo de um financiamento, na alternativa de aquisição. No aluguel também há pontos desfavoráveis, como lidar com o proprietário e não ter autonomia sobre o imóvel, seja para mudanças, melhorias e outros assuntos.
Para a compra é importante ressaltar a manutenção, os custos de impostos e de negociação, citados para automóveis e que também valem nesta situação. Mas, acima das questões de custo, volta a relação do objetivo do imóvel. Diferentes objetivos, como moradia, locação, ou valorização trazem diferentes visões na decisão.
Na opinião do analista, os altos custos não estão favorecendo a aquisição para locação, mas sim a compra pra moradia, como um objetivo familiar.
“Para quem está começando uma carreira, ainda com uma perspectiva de aumento de capital, o aluguel pode compensar um pouco mais, já que é possível conquistar aos poucos um patrimônio maior sem se comprometer com dívidas. Ao longo do tempo, com uma estabilidade maior familiar, a compra do imóvel faz sentido, especialmente quando você pensa em patrimônio familiar. Então, acho que é um pouco nesse sentido, depende um pouco dos seus objetivos”.
Imóvel como investimento: comprar físico ou FIIs
Algumas pessoas compram imóveis como um investimento de renda de olho no valor que receberiam com a locação. Mas há outras opções de retorno possíveis, como realizar aplicações nos fundos imobiliários (FIIs).
De acordo com o analista, historicamente quem leva vantagem são os fundos imobiliários. O valor do rendimento médio de um imóvel localizado em uma grande capital do Brasil gira em torno de 5 a 6% ao ano, às vezes até 4% dependendo do imóvel.
“Já no fundo imobiliário de tijolo, o rendimento fica entre 8% e 9%, sendo que essa opções possui diversificação de ativos, uma gestão profissional em cima dos imóveis, além de serem rendimentos isentos de imposto de renda no caso dos fundos imobiliários”, ressalta Araújo.
Para Daniel Takase, head de uso misto e lajes corporativas da Tellus, o investimento em FIIs são, na prática, similares à compra de um imóvel, porém com um ingresso no mercado mais acessível e menos burocrático em relação à aquisição do bem.
Especialista cita vantagens dos Fundos Imobiliários (FIIs):
• Ingresso no mercado: o ingresso no mercado pode ser feito com valores mais acessíveis, por meio da compra de cotas, ou seja, você compra uma fração do imóvel e não sua totalidade, como seria no caso da aquisição de um imóvel.
• Benefício tributário: a legislação vigente dos FIIs isenta Pessoas Físicas de Imposto de Renda sobre os proventos recebidos, independentemente do valor. No caso de imóveis, a legislação prevê que o máximo de valor recebido de aluguel isento de tributação é de R$ 1.903,99. Quanto maior o aluguel excedente, maior a alíquota de IR a ser aplicada sobre os recebíveis.
• Liquidez: o processo de compra e venda de imóveis envolve um processo burocrático e documental entre as partes. Além disso, sua negociação envolve um volume de dinheiro maior do que cotas de FIIs. Cotas de FII, no caso, são negociadas na Bolsa de Valores. É possível comprar e vender cotas diariamente, garantindo ao investidor liquidez imediata e de forma descomplicada. Ainda há a possibilidade de proporcionar ao investidor o poder de rebalancear seu portfólio de maneira muito mais dinâmica e eficiente frente a um imóvel.
• Despesas: um FII possui ativos com despesas de condomínio, IPTU, dentre outras, sendo a vasta maioria composto de um portfólio diversificado, que garante estabilidade para eventuais casos de vacâncias, por exemplo. Em situações assim, as despesas ao investidor são diluídas com uma queda de rentabilidade menor. Imóveis, no caso, quando desocupados, proporcionarão ao investidor uma despesa maior e possivelmente uma queda total de rentabilidade.
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