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Como a inflação dos EUA impacta a economia brasileira

Entenda como isso acontece e quais investimentos podem te ajudar a se proteger da inflação americana

É natural que a maior economia do mundo esteja sempre no foco das notícias, seja sobre inflação, PIB ou juros. Mas você sabe como a alteração de preços nos EUA afetam a vida do brasileiro no dia a dia?

A inflação do país norte-americano afeta o Brasil de duas principais formas, uma mais direta, em que os itens importados de lá chegam mais caros aqui, e outra mais indireta, por meio do impacto do juros e do câmbio.

De acordo com Mauro Rochlin, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV, quando a inflação nos Estados Unidos aumenta, isso faz com que a política monetária americana siga uma tendência de resposta mais rigorosa, mais severa. Ou seja, a taxa de juros tende a aumentar como uma forma de arrefecer a inflação, medida essa que faz com que os capitais estrangeiros sejam atraídos — como resultado, o dólar se valoriza.

Esses fatores de inflação e juros altos afetam o Comércio Exterior, já que boa parte dos produtos negociados entre os países são baseados na moeda americano. Não é diferente no Brasil, como explica José Carlos de Sousa Filho, professor da FIA Business School. “Inclusive as decisões de taxa de juros do Banco Central levam em conta a inflação nos Estados Unidos para as decisões em relação à nossa taxa básica, Selic, justamente por esses impactos”.

+ Como a alta do dólar afeta o bolso do brasileiro no dia a dia?

Como a inflação nos EUA afeta os investimentos

Após a inflação, com o efeito do câmbio e o dólar mais valorizado, a tendência é que ocorra uma corrida de investidores pelos títulos dos EUA, uma vez que os Treasure Bonds (Títulos do Tesouro Americano) apresentam o maior rendimento do mundo. Por isso, para Souza Filho todos os mercados estão de certa forma interconectados e esses efeitos geram uma reação em cadeia.

“Isso afeta o índice Ibovespa, pois ocorre uma fuga de capital para outros mercados, e ajuda a fortalecer o dólar ainda mais, o que encarece as dívidas em moeda forte e desvaloriza as empresas com menor cobertura cambial”, afirma o professor da FIA Business School.

Para o coordenador da FGV, essa eventual saída de dólares do Brasil faz com que os investidores em bolsas de valores revejam suas disposições. “Com isso, há uma tendência de queda de Bolsa, ou pelo menos de que não haja uma alta na Bolsa no Brasil”.

Quais indicadores ficar atento

Para Rochlin, um indicador importante nos Estados Unidos, não diretamente referente à inflação, mas que também afeta em termos de política de juros, é a taxa de desemprego. 

“Agora, especificamente sobre a inflação, o indicador mais importante é o chamado core business, core inflation. Core inflation é o núcleo da inflação, a taxa de inflação sem os preços de alimentos e de energia, que são vistos como preços muito voláteis”, aponta ele.

Há também indicadores periódicos como o PCE (índice de preço de consumo pessoal) e o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), que servem como um termômetro para o mercado.

De maneira geral, o professor da FIA Business School afirma que é sempre importante estar atento às questões macroeconômicas, principalmente em tempos de eleições presidenciais

“Ficar atento em especial à divulgação da política econômica, cambial, de imigração, de investimentos externos e internos de cada candidato pode auxiliar na tomada de decisão e em medidas de prevenção e de riscos”.

Investimentos para se proteger da inflação dos EUA

Para os investidores que querem se proteger das variações da inflação nos EUA, existem diversos tipos de investimentos de renda fixa e variável que podem fazer essa função.

José Carlos de Sousa Filho cita como exemplos invetsimentos em FII (Fundos Internacionais), ETF (Exchange Traded Funds) e ações de empresas internacionais. “Mesmo no País, os títulos indexados à inflação local podem dar uma certa garantia de cobertura, uma vez que a globalização dos mercados pode fazer com que seus efeitos sejam efetivos no próprio País”, ressalta.

Já Mauro Rochlin destaca os títulos públicos e privados dolarizados que sejam indexados à inflação, como títulos do Tesouro ou debêntures.

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