Liderança empresarial e oportunidades de investidores são saídas para resolver problemas
O custo dessa ausência cai em toda a sociedade, seja empresarial ou política
Por Rogério Piovezan
“Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!” Essa frase vai além de um samba e define o papel da liderança empresarial e o próprio trabalho do investidor. Resolver problemas e correr atrás de soluções em diferentes espaços constituem o desafio inerente a essas atividades, e o custo dessa ausência cai em toda a sociedade, seja empresarial ou política.
“Essa conta chega para todos nós, ou por meio de aumento de imposto, ou de insegurança jurídica ou de andar nas ruas, seja pelo aumento de regras e normas que não servem. Há seis anos, eu subo nesse palco e coloco um ponto na participação do empresário, da sociedade e da política”, afirma Rafael Furlanetti, sócio da XP, durante evento da Expert XP 2024, no painel “O papel de lideranças empresariais na sociedade”.
Para a ex-presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, a liderança empresarial no setor público foi precedida por outros desafios que as mulheres enfrentam cotidianamente: a grande presença de homens em cargos de chefia. Ela conta que era a única mulher a chefiar a siderúrgica CSN e, naquela época, ela estava grávida de gêmeos. “Fui para a usina e fiquei impactada, aqueles homens todos, um lugar com mais de 9 mil funcionários, e só eu era mulher. Eu me perguntava o que eu estava fazendo ali”, lembra.
A ousadia faz parte da trajetória de diferentes lideranças empresariais. O fundador da Natura, Pedro Passos, também precisou encarar cenários até então inéditos para fazer a empresa avançar junto com a modernização do País.
“Nós precisamos deixar de ser um País armadilhado na renda média. Temos que empurrar o País para a modernidade. Foi aí que eu me interessei pela produtividade, que vai nos levar para essa modernidade. Foquei na agenda climática e desenvolvimento econômico e inovação. É inovar para fazer o Brasil prosperar”, afirma.
União entre o setor público e privado
Um exemplo de união de esforços entre o setor privado e o público ocorreu no Espírito Santo, segundo Carlos Aguiar, sócio da Non Capital. Ele traz este case de sucesso para exemplificar como a sociedade pode se unir para resolver os próprios problemas.
“Outras empresas quando iam para o estado, conversavam conosco e desistiam”, conta Aguiar. “Criamos um movimento para mudar esse quadro de insegurança jurídica e politicagem, um caos na economia. Reunimos empresários com certa representatividade com ética e transparência para que toda a sociedade tivesse conhecimento. Nos aproximamos do restante da sociedade que queria mudança. Nós só queríamos participar. Nada foi feito ao léu.”
Paulo Hartung, economista e ex-governador do Espírito Santo, compartilha da mesma opinião. “Temos que quebrar uma cultura que formula a ideia de um salvador da pátria, que irá aparecer alguém extraordinário que irá nos guiar para um caminho ideal. O estado do Espírito Santo mostra que isso não existe. As lideranças empresariais, religiosas e civis saíram da zona de conforto.”
Outras oportunidades
Toda essa liderança também se aplica na hora de investir. Esse espírito de ousadia e engajamento em solucionar problemas que afligem a sociedade constitui o perfil do investidor. Ao montar uma carteira diversificada, as oportunidades aparecem conforme o mercado de capitais avança, de acordo com o preparo do investidor e do seu tipo de perfil, seja mais conservador, moderado ou arrojado.
“Podemos comprar salmão com preço de sardinha. Para isso, tem que ter visão de longo prazo. Um dos grandes segredos dos investidores é comprar empresas populares em momentos impopulares da Bolsa”, observa Louise Barsi, investidora profissional da AGF, durante o painel “Oportunidades para além das gigantes da Bolsa”.
Os investidores sem apetite ao risco já saíram da Bolsa de Valores, e aqueles que se mantiveram na renda fixa, permanecem nela, de acordo com Barsi. Ela ainda espera que a taxa básica de juros, a Selic, não volte a aumentar. Mas caso o Comitê de Política Monetária (Copom) decida pelo retorno do ciclo de alta, ela afirma que o investidor deve ter uma carteira diversificada para estar coberto neste momento.
Já Cesar Paiva, CEO e gestor da Real Invest, acredita que o cenário de escassez de IPOs, quando uma empresa abre capital na Bolsa de Valores, não ocorre há três anos, mas não significa falta de opções em ativos. “Tem a janela de oportunidade para os investidores comprarem ações porque é um ambiente que precisa ter um pouco mais de estômago. A plantação está sendo boa e vamos ter uma boa colheita”, observa.
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