“O maior aliado do investimento em bolsa é o tempo”, diz Sara Delfim, da Dahlia Capital
Para a gestora Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital, o tempo é a chave dos investimentos
Apesar dos avanços recentes, o caminho da mulher brasileira no mundo dos investimentos ainda é marcado por desafios culturais, sociais e estruturais. Na renda variável, a barreira pode parecer ainda maior. Mas, com uma estratégia de longo prazo, é possível vencer essas resistências. Para a gestora Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital, o tempo é a chave. “A diversificação é importante, mas o maior aliado do investimento em bolsa é o tempo. É um negócio de médio e longo prazo.”
Sara falou sobre o tema ao lado de Vivian Lee, gestora de crédito, e Carol Campos, planejadora financeira, durante o Fin4She Summit, evento que acontece nesta segunda-feira (16) em São Paulo e tem a B3 como patrocinadora. O painel discutiu como as mulheres se relacionam com o dinheiro – e por que ainda são minoria no mundo dos investimentos.
De acordo com Carol Campos, 72% das mulheres brasileiras não possuem nenhum investimento. “Nos meus atendimentos, percebo que muitas mulheres ainda sentem que precisam de uma figura masculina de apoio. Muitas vezes elas não são as responsáveis pela tomada de decisão dos investimentos do dinheiro que elas conquistaram trabalhando”, contou.
Para Vivian, essa insegurança vem de um lugar histórico: “Duas gerações atrás, a mulher precisava de permissão do marido para trabalhar. A gente ainda carrega a ideia de que decisões importantes devem ser tomadas por uma figura paterna ou pelo cônjuge. Mas isso começa a mudar quando entendemos a importância da independência financeira.”
Sara reforça essa visão e lembra que, embora o cenário tenha melhorado, o passado ainda pesa. “Faz apenas 50 anos que as mulheres podem ter um cartão de crédito no Brasil. Parece que é muito tempo, mas é tudo muito recente. E colocaram um carimbo de que investir é algo difícil, pesado, técnico demais. Isso já cria uma barreira.”
Mas, segundo ela, essa barreira não é real. “Hoje tem muito mais conteúdo acessível e gratuito. Quando você se propõe a tentar, percebe que não é complicado, é até intuitivo. É curioso atribuir isso para homem porque homem não nasceu para lidar com dinheiro. Homem é muito mais impulsivo, a gente é mais paciente, faz mais perguntas, quer ter certeza de tudo, a gente pensa no futuro”.
Além do aspecto cultural, há fatores econômicos que tornam a equação ainda mais desafiadora para as mulheres. “Elas ganham menos, poupam menos, são mais conservadoras nos investimentos e vivem mais”, destacou Carol. “Essa conta não fecha.”
Começar a lidar com o próprio dinheiro, organizar as contas e começar a investir pode parecer difícil, e não tem fórmula certa, mas é possível. A experiência pessoal de Sara reforça como é possível virar esse jogo. “Sempre fui muito generosa, gastava tudo que ganhava com os outros. Não conseguia guardar. O que funcionou para mim foi ter um objetivo. Quando decidi que queria comprar um carro em dois anos, precisei me organizar. Não tem fórmula certa, mas quando você cria um método e começa a ver o porquinho enchendo, percebe que funciona. E você vai pegando gosto.”
Vivian acredita que esse ponto de partida não precisa ser técnico. “Nem todo mundo vai fazer curso online. Mas ter a capacidade de conversar com quem entende, se informar e investir o seu próprio dinheiro já é muito relevante.”
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