Objetivos financeiros

Por que a falta de paciência leva investidores iniciantes ao erro

Homem interrompendo com a mão, a queda de um dominó . Mercado futuro visa a redução de danos. Foto: Adobe Stock
Simplificadamente, a Margem de Garantia é a quantia necessária que o investidor precisa ter em conta para operar no mercado futuro. Foto: Adobe Stock

Cintia Frankfurt

@falando_em_investir

Fundadora do Falando em Investir, analista CNPI e consultora CVM. Possui ampla expertise em planejamento financeiro e investimentos. Por meio de sua consultoria, orienta as pessoas a investir com segurança, ajudando-as a alcançar seus sonhos e objetivos de vida.


Você já deve ter ouvido a frase: “paciência é uma virtude”. Nos investimentos, isso não poderia ser mais verdadeiro. Na teoria, parece fácil ser paciente. Mas, na prática, vejo diariamente clientes da minha consultoria enfrentando situações que testam essa paciência e levam a decisões precipitadas.

Meu papel é acalmar o cliente e explicar que uma performance momentânea não deve ser motivo para pânico. Rentabilidades excelentes demandam tempo e planejamento. Vou compartilhar alguns erros comuns, ilustrados por histórias reais, que a falta de paciência pode causar. Enquanto o investidor acredita estar tomando decisões acertadas para melhorar sua rentabilidade, muitas vezes ele está prejudicando seus retornos.

O Caso de Rodrigo

Rodrigo, um pai de família de 45 anos, é muito responsável com suas finanças. Trabalha há anos na mesma empresa, poupou bastante ao longo da vida e acumulou um bom patrimônio. Naturalmente, ele quer garantir que seu dinheiro esteja bem investido.

Após um bom planejamento financeiro, Rodrigo percebeu que, enquanto alguns de seus investimentos cresciam, sua previdência oscilava, diminuindo o valor inicialmente investido. Ele se perguntou: “Minha previdência não está performando bem. Devo resgatar?

Antes de tomar qualquer decisão, é crucial entender: por que meu investimento oscila? O que espero dele no futuro?

O fundo de previdência do Rodrigo era um fundo de renda fixa que aplicava no Tesouro IPCA, um dos investimentos mais seguros do país, com proteção contra a inflação. No entanto, sofre com a marcação a mercado (uma precificação diária dos títulos que pode fazer o valor investido oscilar). Apesar disso, ao aguardar o vencimento do título, independente de qualquer oscilação ao longo do período, ele receberá o retorno contratado. Esse tipo de fundo é muito indicado para quem está planejando a aposentadoria.

Mudar de estratégia após um ou dois meses de baixo retorno seria um grande erro: traria uma perda desnecessária e desequilibraria a carteira de investimentos, reduzindo a proteção. À primeira vista, pode parecer um bom movimento, mas a longo prazo, seria prejudicial.

Rodrigo quase cometeu um erro pela falta de paciência. A construção de patrimônio através de investimentos é um plano de longo prazo que exige tempo. Nessas horas, conhecimento ou uma orientação especializada fazem toda a diferença, ajudando a manter a calma frente a oscilações momentâneas.

O Caso de Natália

Agora vamos ao caso de Natália. Ela tem 39 anos, é casada e trabalha como psicóloga autônoma. Sempre soube da importância de poupar para o futuro, acumulando um bom patrimônio. No entanto, Natália era muito conservadora e não sabia onde investir, mantendo todo seu dinheiro em renda fixa pós-fixada de um grande banco (aquela que rende um percentual do CDI).

Já era melhor do que a poupança ou do que deixar o dinheiro parado na conta corrente, como já vi acontecer com muitos outros clientes que chegam à consultoria. Mas estava longe de ser o cenário ideal. Com apenas uma estratégia na carteira, totalmente vinculada ao CDI, o que aconteceria com seus rendimentos em um momento de queda deste índice?

Era necessário diversificar seus investimentos para buscar melhores retornos e uma carteira mais segura.

Como Natália não estava disposta a investir em renda variável, diversificamos em diferentes opções de renda fixa (o que já representava uma grande evolução para ela!). Após um ano, o retorno de sua carteira foi levemente inferior ao que teria sido se ela tivesse mantido sua estratégia inicial. E agora? Será que a diversificação não valeu a pena?

Diversificação é comprovadamente benéfica a longo prazo. Mas Natália passou por um ano de CDI extremamente alto, o que resultou nesse retorno inferior. Mas o que significa 1 ano, quando logo o CDI começou a cair? O resultado é que, nos próximos 5 anos, seu retorno foi muito superior ao que teria com sua estratégia original. Novamente provando que é essencial ter paciência e aguardar os resultados.

Veja que que isso só é possível se você sabe o que está fazendo. É mais fácil ser paciente quando você entende seus investimentos e tem expectativas fundamentadas. Isso pode ser alcançado com muito estudo ou com a ajuda de um profissional. Quando não entendemos bem o que estamos fazendo, a tendência é o imediatismo e o desespero, levando a decisões precipitadas. Você pensa estar se protegendo e tomando a melhor decisão no curto prazo, mas a verdade é que com paciência, teria resultados muito superiores no longo prazo.

Essas histórias mostram a importância da paciência nos investimentos. Sem ela, decisões precipitadas podem levar a perdas e retornos abaixo do esperado. Lembre-se: a construção de patrimônio é um processo de longo prazo, que requer calma e planejamento. Se precisar de ajuda, não hesite em buscar orientação especializada para garantir que suas decisões sejam as melhores possíveis para alcançar seus objetivos financeiros.