Renda variável

Como viver de renda sem receber dividendos?

Mulher e gráfico de ações; Foto: Rawpixel
Mulher e gráfico de ações; Foto: Rawpixel

Cintia Frankfurt

@falando_em_investir

Fundadora do Falando em Investir, analista CNPI e consultora CVM. Possui ampla expertise em planejamento financeiro e investimentos. Por meio de sua consultoria, orienta as pessoas a investir com segurança, ajudando-as a alcançar seus sonhos e objetivos de vida.


As redes sociais se transformaram em um verdadeiro paraíso para quem busca informações sobre investimentos. Mas junto com essa facilidade de acesso veio também uma enxurrada de conteúdos duvidosos e, principalmente, algumas modinhas que acabam roubando a cena.

Sabe aquelas tendências que estão sempre bombando? Aqueles assuntos que parecem mais atraentes e por isso são mais divulgados e mais falados? Por exemplo, o que soa mais tentador para você: investir em criptomoedas que valorizaram 200% no último ano ou planejar cuidadosamente sua aposentadoria, passo a passo, para ter uma vida tranquila no futuro?

Além disso, os termos usados no mundo dos investimentos também passaram por uma repaginação. Por exemplo, qual a diferença entre “aposentadoria” e “viver de renda”? Na verdade, não muita diferença. A aposentadoria é algo que já conhecemos, enquanto “viver de renda” é um termo mais moderno e, de alguma forma, mais atraente. Mas, acredite, é praticamente a mesma coisa.

O motivo de eu estar falando tudo isso é porque recebo muitos clientes na minha consultoria de investimentos com um pedido bem específico: eles querem viver de renda, mais precisamente, ganhar dividendos. Essa ideia fixa, veio de conteúdos consumidos nas redes sociais.

Mas será que é realmente necessário focar só em dividendos? Vamos analisar!

Os dividendos são apenas uma das várias formas de retorno dos seus investimentos. No Brasil, esses retornos costumam vir das ações e dos fundos imobiliários. Eles podem até não ser tributados hoje em dia, o que pode parecer uma vantagem, mas não é garantia de retorno melhor.

Investir em ações e fundos imobiliários tem algo em comum: ambos são investimentos de renda variável. E aí vem as primeiras questões: você está preparado para encarar as oscilações desse mercado?

Além disso, em que fase da vida você está? Se você não pretende usar esses dividendos agora e planeja reinvesti-los, saiba que isso dá um trabalhinho mensal, hein? Sem falar no risco de reinvestimento: será que as condições de mercado estarão tão favoráveis assim a cada reinvestimento que você for fazer? Não tem como saber.

Esses são apenas alguns fatores que não são muito mencionados na modinha dos dividendos. Isso significa que são investimentos ruins e que não devem ser considerados? Longe disso!

Significa apenas que você precisa ter uma visão mais ampla sobre o assunto antes de tomar qualquer decisão. Entender os riscos é tão importante quanto visualizar os possíveis retornos. Conhecer casos de pessoas que tiveram lucros altos, mas também de quem não teve tanta sorte.

É isso que vai te permitir tomar a decisão mais apropriada para você. Só porque alguém investe em dividendos, não significa que essa é a melhor opção para você também. E aqui vai uma dica: se você ainda está na fase de acumular patrimônio, é bem provável que não precise focar tanto em dividendos.

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Agora, pensa comigo: se não existissem investimentos que pagassem dividendos, seria impossível viver de renda? Claro que não! Os dividendos não são a única forma de garantir uma renda com seus investimentos.

Uma pessoa que não quer se arriscar tanto na renda variável ou que está numa fase da vida em que quer minimizar os riscos, pode viver de renda investindo em produtos de renda fixa. Veja alguns exemplos:

Tesouro Renda+  

O Tesouro Renda+ é uma opção recente dentro do Tesouro Direto, projetada especialmente para quem está planejando a aposentadoria. Ao investir nesse título, o investidor realiza aportes durante o período em que está acumulando patrimônio e, a partir da data definida para sua aposentadoria, passa a receber pagamentos mensais. Esses pagamentos são uma composição dos juros e do principal do investimento e ocorrem por até 20 anos.

Tesouro IPCA ou Prefixado com Pagamento de Juros Semestrais  

Esses também são títulos do Tesouro Direto, disponíveis há mais tempo. Neste caso, você receberá a cada seis meses o rendimento do seu investimento. O principal investido é mantido, e você utiliza apenas os juros pagos (também conhecidos como cupons).

Previdência privada

Este investimento não apenas oferece os rendimentos, mas também o benefício de pagar menos imposto sobre eles. E acredite, isso é importante! O governo incentiva você a fazer investimentos de longo prazo e na sua aposentadoria pode ser o momento de finalmente utilizar este dinheiro. Claro que é importante escolher o fundo de previdência adequado ao seu perfil. Fazendo isso você pode ter bons retornos, acumulando um patrimônio relevante, que pode ser resgatado aos poucos durante sua aposentadoria. Se você irá resgatar apenas os rendimentos ou também o principal, dependerá de quanto acumulou durante a vida e de suas necessidades mensais para sustentar seu padrão de vida.

Títulos de renda fixa em geral:

Viver da renda de títulos de renda fixa, como CDBs, envolve planejar os vencimentos dos investimentos de modo a garantir liquidez periódica. O objetivo é ter vencimentos organizados, preferencialmente anuais, para gerenciar o consumo dos rendimentos. A gestão desses investimentos requer um bom planejamento que equilibre prazos e rentabilidade.

Com esses quatro exemplos, fica claro que não é preciso se prender somente aos dividendos. Existem muitas formas de gerar renda com seus investimentos, e elas são todas úteis e podem se misturar numa carteira diversificada. Mas, se tem uma coisa que todo mundo que quer viver de renda precisa saber, é que ter um bom patrimônio guardado é essencial. E, claro, um planejamento financeiro bem feito é o caminho para alcançar esse sonho.

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