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O que explica o sucesso de Warren Buffett? Como replicar a estratégia do megainvestidor?

Em números absoluto, quem investiu US$ 10 mil com Warren Buffett no início de sua carreira teria hoje mais de meio bilhão de dólares

A aposentadoria de Warren Buffett, o mítico investidor e até o final do ano CEO da Berkshire Hathaway, é uma das notícias mais importantes do mercado financeiro.

Ao longo de seis décadas, Buffett foi de jovem empreendedor, dono de máquinas de fliperama em Omaha, no estado de Nebraska, a líder de uma holding de empresas que, consistentemente, vem batendo os resultados do S&P500, o principal índice de ações do mundo.

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Quanto rendeu a carteira de Warren Buffett?

Nenhum outro investidor foi tão consistente e bem-sucedido em Wall Street quanto Buffett. Um dado resume seu legado: desde 1964, a Berkshire Hathaway sustenta um retorno acumulado de mais de 5.500.000%. 

Em números absolutos, esse retorno significa que um aporte de US$ 10 mil nas mãos de Warren Buffett em seu primeiro ano de atividade valeria, atualmente, US$ 550 milhões – mais de meio bilhão de dólares.

Para efeito de comparação, o S&P500 entregou neste mesmo período aproximadamente 39.000%. Ou seja: Buffett superou o S&P 500 em mais de 140 vezes.

Outro dado: a taxa de crescimento anual composta da Berkshire Hathaway é de aproximadamente 20% desde 1964.

Trata-se de um desempenho absurdo, se comparado à taxa de crescimento anual composta do S&P, que é de cerca de 10% durante o mesmo período.

O que explica o sucesso de Warren Buffett?

Em 2018, os amigos Andrea Frazzini, David Kabiller e Lasse Pedersen, fundadores da gestora americana AQR Capital, se debruçaram sobre os resultados de Warren Buffett para entender, afinal de contas, qual o segredo do ‘Oráculo de Omaha’, como também ele é conhecido.

O resultado eles compilaram num artigo de 34 páginas intitulado Buffett’s Alpha, publicado no Financial Analyst Journal. Foram Maria Irene Jordão e Raphael Figueredo, analistas da XP Investimentos, que cavaram esse artigo e o apresentaram em um relatório distribuído recentemente aos investidores.

Segundo os estudiosos americanos, o sucesso do desempenho de Buffett passa por uma série de variáveis técnicas, associada a uma outra, digamos, mais emocional.

Execução inigualável

Da parte técnica, chama a atenção a exposição sistemática a “certos fatores de risco, com uma execução inigualável”, dizem os estudiosos.

No período avaliado pelos sócios da AQR, entre 1976 e 2011, Buffett consistentemente investiu em ações de empresas de alta qualidade, com métricas similares, como alto ROE, baixo endividamento e margens estáveis, além de valor de mercado atrativo.

Como resumiram os analistas da XP, Buffett é, essencialmente, um investidor sistemático em fatores como valorqualidade e baixo risco.

Esses três fatores são pilares na literatura de Factor Investing. A metodologia se baseia em fatores macroeconômicos para selecionar, para uma carteira diversificada, ativos financeiros que podem ter rentabilidade superior à média de mercado.

Modelo como Buffett investe é replicável

No estudo Buffett’s Alpha, os autores chamam a atenção para outro indicador além do retorno dos investimentos.  Com Buffett, o índice de sharpe, que mede o retorno pelo risco dos investimentos, é quase o dobro do mesmo indicador para o S&P – 0,76 contra 0,39. Aqui, quanto maior o número, melhor a relação risco-retorno.

Assim, eles concluem que o modelo de Warren Buffett pode, sim, ser replicável por outros investidores. Mas isso não significa que o sucesso do investidor americano pode ser repetido de forma tão vencedora.

“Embora gestores de ativos otimistas frequentemente afirmem ser capazes de atingir índices de Sharpe acima de 1 ou 2 e muitos CIOs busquem números de desempenho igualmente altos, nossos resultados sugerem que investidores de longo prazo podem se sair bem definindo uma meta de desempenho realista e se preparando para os períodos difíceis que até Buffett enfrentou”, escrevem os autores.

Faro e persistência

Dois outros fatores, que não estão no artigo dos sócios da AQR, mas são frequentemente associados ao legado de Buffett são sua capacidade de localizar negócios vencedores no início e, apesar das dificuldades no caminho, manter essas empresas em seu portfólio por bastante tempo.

O exemplo atual dessa estratégia é sua posição assumida na montadora chinesa de veículos elétricos BYD. Se boa parte dos investidores e consumidores passaram a ouvir e falar da empresa nos últimos cinco anos, Buffett tem ações da empresa há 13 anos.

Outras posições antigas da Berkshire envolvem a Coca-Cola, investimento que já tem 34 anos, American Express, há 29 anos, e Moody’s, no portfólio há 22 anos.

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