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O que são bolhas de mercado e como fugir delas?

A história recente está recheada de exemplos de como as bolhas se formam. Bora entender o fenômeno para não cair em uma

Bolhas. Foto: Adobe Stock
A história recente está recheada de exemplos de como as bolhas se formam, se destroem e levam todo o ecossistema financeiro consigo. Foto: Adobe Stock

As bolhas econômicas, também conhecidas como bolhas de mercado, bolhas especulativas ou bolhas financeiras, são fenômenos potencialmente perigosos para uma economia. Em poucas palavras, uma bolha significa que um bem ou um ativo se valorizou sem fundamentos ou razões econômicas – e seu preço de negociação é maior do que deveria ser. 

Mas por que “bolha”? Porque elas estouram. E quando uma bolha eclode, ela passa a refletir seu real valor em uma contínua desvalorização – visto que o preço estava, artificialmente, mais alto do que seria em condições normais.

Essa queda pode fazer muita gente perder dinheiro – quem sabe até o patrimônio todo! Mas, a depender do tamanho da bolha e da quantia de pessoas envolvidas nela, a economia inteira de um país (ou do mundo) pode ficar abalada. 

A história recente está recheada de exemplos de como as bolhas se formam, se destroem e levam todo o ecossistema financeiro consigo. Bora entender o fenômeno!

Como uma bolha surge?

As bolhas surgem quando, por alguma razão, investidores passam a comprar uma determinada aplicação financeira (como ações) ou bem patrimonial (como imóveis ou carros) massivamente e sem uma razão aparente. Os preços disparam de maneira insustentável. De repente, despencam. 

O motivo da supervalorização pode ser uma promessa falsa de rentabilidade ou um boato de mercado. Em ambas as hipóteses, nenhuma delas faz, de fato, o ativo se tornar mais valoroso. 

Afinal, uma coisa é o preço. Outra, é o valor. O preço é a quantidade de recursos necessários para se obter algo, ao passo que o valor é o potencial de crescimento e de geração de riqueza intrínseca a esse algo. 

Por exemplo: o preço de um alimento pode se elevar em razão da inflação, ainda que o seu valor – a capacidade de matar fome – tenha se mantido através do tempo. 

O mesmo acontece com as ações da Bolsa de Valores. Ao mesmo tempo que um papel pode se valorizar quando a empresa em questão anuncia a compra de uma nova tecnologia ou um investimento no seu futuro contábil, é possível que a cotação de outra ação acabe inflada devido a uma distorção. 

Como as bolhas de mercado estouram?

Para uma bolha de sabão estourar, é preciso que o ar dentro dela faça tanta pressão que as moléculas não aguentem mais ficar unidas e se soltem. Puf. A bolha estourou. 

A mesma coisa acontece em uma financeira. No caso, o ar que pressiona e dá forma à bolha é o preço do ativo, condicionado ao aporte dos investidores. Já as moléculas de água e sabão são o valor da empresa, que parecem aumentar, mas são os mesmos. 

Quando a bolha estoura, as gotas caem – assim como as cotações do ativo. Este estouro pode vir de vários lugares: o fim da ilusão de que o bem dará lucros extraordinários, a reversão do efeito manada ou a revelação de que, na verdade, a bolha foi fruto de uma mentira implantada. 

O efeito manada é o nome dado ao movimento natural do ser humano de se comportar em bando: quando uma pessoa vê as outras fazendo algo, ela repete a ação. Sabe quando você chega a um lugar e entra numa fila, mesmo que não saiba exatamente o porquê de estar nela? O mesmo pode acontecer no mercado financeiro

Já os boatos são parte de uma técnica chamada “pump and dump”, em inglês, que significa algo como “inflar e descartar”. Neste tipo de fraude, os criminosos espalham uma notícia positiva, mas falsa, sobre a empresa. Em posse das ações, eles esperam a cotação atingir o seu máximo para vendê-las – antes que o papel entre em ruínas. 

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Dá pra ganhar dinheiro com uma bolha?

Toda bolha vai estourar, invariavelmente. O problema é que quem está dentro de uma tem dificuldade de reconhecê-la como tal – e só da para ter certeza que uma bolha é uma bolha quando ela estourar.

A lógica de lucro por trás de quem “investe” numa dessas arquiteturas especulativas é a de lucrar antes de tudo ruir. Isso quer dizer que, de fato, alguns agentes do mercado vão se beneficiar de uma bolha, às custas da grande maioria dos envolvidos, que vai sair prejudicada. 

E aí, quem saiu primeiro, sofre menos. Mas é impossível saber quando uma bolha vai, ou não, estourar. Por isso, nunca é recomendado adentrar em um investimento por impulso ou emoção – muito menos, se todo mundo estiver fazendo o mesmo. Você não é todo mundo, né? 

Vale lembrar que a especulação é algo natural dos mercados e é absolutamente legal. Afinal, a expectativa de lucro futuro faz parte de qualquer estratégia de investimento. O problema é quando a coisa deixa de ter fundamento na realidade. 

“Quando muitas notícias ruins surgem sobre tal ação, mas sua cotação continua subindo, é preciso desconfiar. A mesma coisa quando o noticiário macroeconômico ou político não está bom e o apetite a ativos de risco não decresce”, afirma Gustavo Cruz, Estrategista Chefe da RB Investimentos.

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