Investir melhor

Onde começar a investir, banco ou corretora? Entenda as diferenças entre as duas instituições

Bancos e corretoras são instituições financeiras de natureza diferente, por isso operam de forma distinta. Conhecer cada uma pode ajudar o investidor a escolher o que melhor combina com seu perfil

Mulher olha aplicativo de investimento no celular
Existem diferentes valores mínimos para se começar a investir. Foto: Pexels

Élida Oliveira, especial para o Bora Investir

Muitas pessoas têm vontade de investir, mas não sabem nem por onde começar. De um lado, tem o banco de sua confiança, que oferece opções além da poupança – como Previdência, CDB (Crédito de Depósito Bancário), e os mais diversos Fundos de Investimentos. De outro, as corretoras atraem novos investidores com sites informativos, aplicativos modernos e atualizados, conteúdos de educação financeira, simuladores, e diversas outras ferramentas.

Afinal, qual a diferença entre investir por meio do banco ou da corretora? Como escolher a melhor opção? Para responder a essa pergunta, é preciso entender como opera cada uma dessas instituições.

Diferença entre bancos e corretoras

Os bancos costumam atrair o investidor iniciante porque são instituições nas quais eles já possuem alguma relação, como conta corrente, poupança, e talvez uma previdência privada. Já as corretoras costumam vender uma imagem arrojada, moderna, e de facilidade para acessar as opções disponíveis no mercado, mas estão longe do dia a dia de quem quer começar a investir. 

Para entender o que está por trás dessa imagem inicial, é preciso considerar que bancos e corretoras são instituições financeiras diferentes, por isso operam de forma distinta. 

Bancos lucram oferecendo crédito mediante o pagamento de juros – e esse crédito vem dos depósitos feitos pelos clientes. Corretoras lucram conforme atraem mais clientes, por isso, a diversificação de investimentos é um chamariz para chegar a esse objetivo.

Além disso, bancos e corretoras não oferecem as mesmas opções de investimentos para todos. 

Comparando com aplicativos para comprar comida, é como se o banco fosse o aplicativo do restaurante, com cardápio relativo àquele estabelecimento. Já a corretora seria um aplicativo com vários restaurantes de cardápios variados de diferentes cozinhas. Claro que, dentro do aplicativo do restaurante, é possível encontrar ofertas exclusivas para aquela refeição e, dentro do aplicativo com vários restaurantes, é possível escolher entre ofertas que não são exclusivas, mas são variadas.

Opções de investimentos dos bancos

Nos bancos, a área de investimentos terá opções “de dentro da casa” – o que diminui o leque de variedade para a escolha do investidor. Vamos pegar como exemplo o CDB (Certificado de Depósito Bancário), um dos investimentos preferidos dos iniciantes.

Nos bancos, os CDBs oferecidos vão se limitar àqueles emitidos pelo próprio banco. Eventualmente, esse papel pode até chegar às corretoras. Mas, antes, ele será ofertado aos clientes do banco, explica Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. O mesmo pode acontecer com os fundos de investimento e os demais produtos.

A carteira de produtos oferecida dentro do banco também varia conforme os recursos do cliente, diz Alan Fornazier, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital. Assim, há restrição de produtos para quem tem menos capital – o que geralmente é o caso de investidores iniciantes. 

Segundo Andressa Bergamo, planejadora financeira e fundadora da AVG Capital, é preciso considerar, ainda, que o banco é uma instituição financeira que tem metas a serem batidas e pode incentivar a venda de produtos com um olhar voltado primeiro ao que a instituição precisa, e depois ao que o cliente busca.

Tipos de investimentos dos bancos

Segundo Alan Fornazier, o público iniciante pode ter acesso a produtos considerados convencionais, como:

Nestas instituições, só investidores com maior volume de recursos teriam acesso a opções mais sofisticadas, diz Fornazier, como Fundos e Previdência Privada de gestores não vinculados aos bancos, por exemplo, assim como CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), e Debêntures Incentivadas. 

Opções de investimentos das corretoras

As corretoras têm acesso a uma variedade maior de opções disponíveis no mercado, e podem ofertar CDBs de diversos bancos, por exemplo. Não há restrições de ofertas conforme os recursos do investidor, e os investimentos de aplicação mínima mais alta também estão disponíveis para todos os públicos conhecerem. 

“Nas assessorias de investimentos, atreladas às corretoras ou bancos de investimentos, o profissional tem acesso ao mercado global, a uma prateleira de produtos”, afirma Bergamo. 

Tipos de investimentos das corretoras

Corretoras podem abranger uma variedade maior de opções para o investidor iniciante, afirma Fornazier. São elas:

  • CDB
  • LCI 
  • LCA
  • CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)
  • CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários)
  • ETFs (Exchange-traded Fund, ou Fundo de Índice), 
  • Tesouro Direto
  • Fundos de Investimentos
  • Fundos Imobiliários
  • Ações
  • Serviços de tesouraria, como câmbio e commodities

Há diferença de taxa entre bancos e corretoras?

As taxas relacionadas aos investimentos não são cobradas por bancos ou corretoras, mas sim pelos fundos de investimentos. 

Assim, as únicas taxas cobradas são diretamente dos produtos, afirma Bergamo. “Cada investimento tem uma taxa cobrada de acordo com a performance, o risco, entre outros”, explica a planejadora.

Desta forma, se o investimento for feito em um fundo, o investidor pagará a taxa de administração deste fundo. Se for um determinado fundo de previdência, há a taxa de carregamento. Se for renda fixa, há o spread bancário de cada ativo de renda fixa, e assim por diante. 

Como escolher entre banco e corretora

Colocadas as diferenças entre as instituições, chegou a hora de escolher: afinal, por que manter investimentos em um banco ou em uma corretora? Em meio à numeralha de aportes, juros, liquidez e risco, o que pode pesar definitivamente na escolha do investidor é o “fator humano”, ou seja, depende de onde você vai se sentir mais seguro.

“Se o cliente cria um vínculo com o assessor de forma que entenda e enxergue que este profissional é sincero e uma pessoa que está lá para defender os interesses do investidor, e não do banco, eu acho que esse é o caminho ideal”, afirma Bergamo.

Mais recentemente, também, alguns bancos passaram a ter corretoras ou aplicativos próprios de investimentos, com uma gama maior de produtos disponíveis, a fim de se aproximarem mais dos clientes e ganharem terreno frente às corretoras.

Para escolher uma instituição de credibilidade, Bergamo aconselha a procurar as instituições que se destacam no mercado e onde há facilidade para entrar em contato, e evitar os pequenos negócios.

Ela sugere pesquisar também as plataformas de investimentos – que são sites e aplicativos em que o investidor consegue movimentar seus recursos de forma autônoma. Isso vale tanto para bancos quanto para corretoras. Na hora de escolher, observe se as informações que ajudam na tomada de decisão estão facilmente disponíveis, como as melhores taxas e prazos. 

Além disso, em maio de 2024, ficou mais fácil levar seus investimentos de um banco ou corretora a outra. A portabilidade pode ser feita na Área do Investidor, da B3, e é gratuita. Os investidores podem movimentar ações, BDRs, ETFs e fundos imobiliários.

As instituições habilitadas para o serviço de portabilidade são: Ágora, Ativa, BTG Pactual, C6 Bank, CM Capital, Itaú, Mirae Asset, Safra, Santander, Toro e XP.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.