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Quem são os 10 maiores investidores do mundo – e o que aprender com cada um

A variedade de abordagens mostra que não existe uma fórmula mágica – mas todas exigem estudo e observação para o tão esperado retorno

Élida Oliveira, especial para o Bora Investir
Pessoas que acumulam grandes fortunas no mercado financeiro costumam atrair a atenção de novos investidores que estão de olho em estratégias e metodologias para se inspirarem. 

Os mais reconhecidos por seus resultados são aqueles que desenvolveram estratégias únicas que chegam a guiar mercados e economias, e podem ser considerados “gurus financeiros”.

A variedade de abordagens mostra que não existe uma fórmula mágica – mas todas exigem estudo e observação para o tão esperado retorno.

Confira abaixo 10 nomes de investidores influentes:

Benjamin Graham: invista em ações subvalorizadas

O investidor inglês Benjamin Graham, que morreu aos 82 anos, em 1976, é considerado o precursor do investimento em ações subvalorizadas com potencial de crescimento a longo prazo, conhecido como investimento de valor (value investing). 

A abordagem de Graham evita tendências e foca em pesquisas minuciosas e na análise financeira das empresas. A partir dessas informações, ele busca encontrar o valor justo da ação de uma companhia, para comprá-la quando estiver barata em relação a esses parâmetros. Por isso, é considerado um dos fundadores da análise fundamentalista.

Se esses conceitos são considerados triviais hoje em dia é porque Graham os introduziu na década de 1920. Muitos grandes investidores atuais estudaram os métodos de Graham e foram influenciados por ele, como Warren Buffett. Os livros de Graham, “Análise de Investimentos”, de 1943, e “O investidor inteligente”, de 1949, são considerados de leitura obrigatória para quem quer estudar e se aprofundar no assunto.

Warren Buffet: compre ações e segure, não venda

O megainvestidor americano Warren Buffett, de 93 anos, foi aluno de Benjamin Graham e absorveu grande parte dos ensinamentos do mentor. A maior parte dos seus investimentos é feita por meio do conglomerado Berkshire Hathaway, onde é diretor executivo. Sua reputação o levou a ser conhecido como o “Oráculo de Omaha”, sua cidade natal. Sua fortuna é de cerca de US$ 135 bilhões.

Buffett passa grande parte do dia lendo relatórios de empresas para encontrar nos números a possibilidade de crescimento daquela ação. Assim como Graham investia, ele vai atrás de oportunidades que estão com preço abaixo do mercado, mas com potencial de crescimento.

Um dos grandes ensinamentos de Buffett é investir a longo prazo, ou seja, comprar as ações hoje e não se desesperar caso haja flutuações. Ele é conhecido pelo conceito “buy and hold”, ou compre as ações e segure (não as venda), em tradução livre. Se a decisão de compra foi acertada, ao longo do tempo, aquele papel deve se recuperar.

Jim Simons: modelos matemáticos 

O matemático e filantropo Jim Simons morreu em maio deste ano, aos 86 anos. Ele foi o criador da análise quantitativa – que usa modelos matemáticos para prever mudanças no mercado. Sua fortuna foi estimada em US$ 31,4 bilhões.

Com base nessa análise, ele ganhou reconhecimento por meio dos seus investimentos em fundos quantitativos, ou quant. São fundos baseados na análise quantitativa e com automatização para ordens de compra e venda. Ficou conhecido como “Rei do Quant”.

Ele foi o criador do fundo Medallion, que chegou a valorizar 98% no seu melhor ano. O fundo está restrito atualmente aos funcionários da Renaissance Technologies, gestora criada por Simons, com sede em Nova York. 

Ray Dalio: alta lucratividade com hedge funds

O americano Ray Dalio, de 74 anos, é conhecido como Steve Jobs dos Investimentos. Sua visão sobre ativos o levou a criar o maior hedge fund do mundo. Sua fortuna é estimada em US$ 15,4 bilhões.

Esses fundos de cobertura usam estratégias complexas e arriscadas em busca de maior lucro. Para alcançarem esse objetivo, eles podem incluir operações de day trade com ações, commodities, títulos públicos, entre outros. Os mais arrojados trabalham com ativos de renda variável, venda a descoberto ou mercados emergentes. 

Ray Dalio toma suas decisões observando os ciclos da economia. Para evitar perdas, ele busca diversificar as opções que, combinadas, trazem equilíbrio de risco para o fundo – o que é a base do modelo “All Wheater”: tem segurança em qualquer condição da economia. Para ele, uma boa trava contra perdas inflacionárias é o ouro.

Além de buscar ações subvalorizadas, ou seja, baratas mas com potencial de crescimento, Dalio tem aumentado sua participação em fundos de mercados emergentes. É fã de investimentos na China. 

George Soros: observe os movimentos do mercado

O investidor e filantropo húngaro George Soros investe usando a venda a descoberto, ou short selling. Sua fortuna é estimada em US$ 6,7 bilhões.

A estratégia de Soros é especular: vender o que não tem, apostando em movimentos futuros do mercado que levam à queda do preço daquele ativo. Depois, ele compra esse ativo por um valor mais baixo, lucrando a diferença. Em geral, Soros faz isso com câmbio. Para investir desta forma, observa muito o mercado e suas flutuações. 

Foi em uma dessas jogadas que ele ficou conhecido por quebrar o Banco da Inglaterra, em 1992 – Soros apostou que a libra esterlina iria cair, e assim lucrou com a venda da descoberto dessa moeda, também chamado de short selling.

Uma das principais linhas que embasam os investimentos de Soros é a teoria da reflexividade dos mercados financeiros, criada por Karl Popper. De modo simplificado, podemos dizer que o mercado se comporta com base naquilo que pensa que irá acontecer – um descrédito em uma empresa, em uma nação, em uma moeda – e, com um movimento econômico de evasão de recursos, acaba tornando aquela ideia uma realidade. 

Carl Icahn: invista e assuma o controle da empresa

O americano Carl Icahn, de 88 anos, é chamado de “o investidor ativista” por ter um estilo agressivo de investimento – em inglês, é chamado de hostile takeover.  Sua fortuna é estimada em US$ 5 bilhões.

O investidor foca em empresas com potencial de crescimento, assume seu controle acionário comprando uma grande quantidade de papéis dessa companhia e força mudanças de gestão a fim de garantir mais lucro – mesmo que a empresa não esteja interessada no negócio. 

Ele já atuou ativamente na Texaco, Motorola e Time Warner, empresas de setores variados, mas que tinham algo em comum: prejuízo por conta dos altos custos. Seus investimentos estão distribuídos em todos os setores da economia dos EUA. Icahn é constantemente citado em polêmicas e processos de empresas. Em 2016, foi nomeado conselheiro especial pelo então presidente dos EUA, Donald Trump. Renunciou ao cargo um ano depois.

Um dos movimentos que renderam mais lucro foi a aposta contra os shoppings centers. A tese era de que o comércio eletrônico iria crescer, e as vendas físicas, diminuir. Na época, foi criticado pelo tamanho da aposta. Mas, veio a pandemia, e ele lucrou muito acima do que havia projetado.

Seth Klarman: invista com margem de segurança

O americano Seth Klarman, de 67 anos, é conhecido pela sua aversão ao risco e pelos investimentos em ativos em dificuldade com potencial de recuperação. É considerado o Warren Buffett da nova geração e é chamado de “Oráculo de Boston”. Sua fortuna é estimada em US$ 1,3 bilhão.

Klarman é conhecido pelo investimento com margem de segurança – a diferença entre o preço que se paga e o valor justo de um ativo, mesmo conceito difundido por Benjamin Graham e Warren Buffett – e pela análise cuidadosa dos papéis. Esse estudo deve incluir a qualidade da gestão da empresa, a estrutura do capital, perspectivas e riscos da companhia.

Ele também defende a calma e a frieza no mundo dos negócios para analisar os dados, investir e não cair na tentação de ficar nervoso com a flutuação do mercado. A longo prazo, se a aquisição tiver sido acertada, o papel irá se valorizar. 

Luiz Barsi: mil ações por mês com foco em dividendos

O investidor brasileiro Luiz Barsi, de 85 anos, é conhecido como “o rei dos dividendos”, porque ganha dinheiro comprando ações de empresas que distribuem os lucros. Barsi também recomenda não diversificar muito a carteira, inicialmente, para poder focar em poucas empresas. Sua fortuna é estimada em R$ 4 bilhões.

A estratégia propagada por ele é a de comprar mil ações todos os meses, de uma mesma empresa, ao longo de 30 anos. Fazendo isso, a partir do 8º mês, será possível só reinvestir os dividendos e crescer com essa renda, segundo Barsi.

Para ter retorno, é preciso encontrar empresas que paguem bons dividendos, que sejam sólidas e perenes. Sua carteira de investimentos segue um princípio chamado de Besst, sigla para bancos, energia, saneamento, seguros e telecom. 

Peter Lynch: invista no que você conhece

Para o americano Peter Lynch, de 80 anos, o segredo para ganhar dinheiro com ações é investir no que você conhece. Para ele, é importante conhecer a companhia, os serviços e a área onde a empresa se encontra e evitar barganhas com ações que parecem muito boas, mas são de setores que o investidor não tem muita familiaridade. 

Lynch divide as empresas em seis categorias de investimento: as de crescimento lento, as rápidas, as sólidas, as cíclicas, as em fase de recuperação e com ativos ocultos. Essa classificação ajuda o investidor a entender o que esperar de cada uma delas, segundo Lynch.

Além disso, ele também é um defensor do longo prazo, da diversificação e do sangue frio – ele costuma dizer que, no mercado de ações, o mais importante é ter estômago e não cérebro.

John Bogle: aposte em fundos de índice de baixo custo

O americano John Clifton Bogle, que morreu em 2019, foi o criador do primeiro fundo de índice do mundo (os ETFs, ou Exchange Traded Funds). A ideia dele era diminuir os custos de investimento com a gestão passiva. Até então, os fundos disponíveis no mercado tinham gestão ativa, com alta taxa de administração para que especialistas ficassem de olho no mercado comprando e vendendo o que mais valia a pena no momento.

Mas a ideia de Bogle era mais simples. Um ETF replica um índice de mercado. Por ter uma gestão passiva, a taxa de administração é mais baixa, garantindo um pouco mais de rendimento ao investidor. Bogle argumentava que, a longo prazo, os fundos com gestão ativa não garantem um retorno que compensasse a alta taxa de administração.

Para Bogle, o bom investimento deve ser descomplicado. Ele costumava dizer que bastava uma dose de bom senso para escolher os recursos de forma sensata. 

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