Superapp de serviços financeiros: como deve funcionar a ideia de Roberto Campos Neto
A reunião de diversas contas em uma única plataforma é um avanço natural do Open Finance, dizem especialistas
Nas últimas semanas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a falar sobre o que considera ser o futuro das finanças no Brasil: plataformas unificadas que reunirão diferentes serviços financeiros de diferentes provedores. Os superapps, como ficaram conhecidos, seriam como agregadores. Neles, os usuários poderão ver e movimentar diferentes contas de diferentes bancos. O objetivo é facilitar a vida dos clientes e fomentar a concorrência no setor bancário, uma das prioridades da Agenda BC#.
Para Ingrid Barth, presidente da ABStartups, esse é um movimento que vem casado com a agenda do Open Finance no Brasil.
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“O Open Finance tem três pilares: democratizar o acesso a serviços financeiros, facilitar o acesso a crédito, e melhorar a experiência do usuário em relação aos serviços financeiros. Essas plataformas onde se pode plugar diferentes serviços financeiros está no último pilar e era o movimento natural”, diz.
Diego Perez, presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), concorda que a perspectiva de unificação de informações de diferentes plataformas em um único app só acontece por causa do avanço do open finance. “O open finance é a força motriz dessa inovação. É quando você começa a permitir que os dados transitem entre instituições financeiras que essas inovações são possíveis”, aponta.
Quais os passos até o superapp?
O Open Finance é uma jornada que teve início em 2020, quando ainda atendia pelo nome de Open Banking. De lá para cá, diversas etapas já foram cumpridas, como o compartilhamento de informações entre instituições financeiras, desde que com a autorização do cliente.
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No entanto, pesquisas mostram que há certa resistência da população, que ainda não vê na prática os benefícios disso.
Quais os benefícios do superapp?
Os superapps vêm nessa esteira de deixar mais claros os benefícios do Open Finance e facilitar a experiência dos usuários. Assim, um cliente poderá, por exemplo, entrar em uma plataforma única para ver os saldos de suas contas correntes e investimentos de diferentes bancos e fintechs.
“Se o cliente tiver 10 contas diferentes, não vai ter de abrir 10 apps todos os dias para ver o saldo em cada uma delas”, explica Ingrid.
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Imagine, por exemplo, poder transferir dinheiro do banco A para o banco B para fazer um investimento no banco B. Ao mesmo tempo, você consegue fazer o pagamento da parcela do financiamento imobiliário que foi feito na fintech C. Também pode comprar dólar para aquela viagem no exterior e ver cotações das demais instituições financeiras. Tudo isso em um único app.
Isso não só facilita a vida do usuário, mas também torna mais fácil a comparação das taxas oferecidas por diferentes instituições. Com a concorrência mais clara, a aposta é de que o cliente vai conseguir taxas melhores.
Quem vai oferecer o superapp?
Provavelmente, empresas de serviços financeiros e de tecnologia, mas não o próprio Banco Central. “O papel do BC não é oferecer um produto para o varejo, mas a infraestrutura, assim como foi no caso do PIX. São as instituições financeiras, se baseando na infraestrutura que o BC criou, oferecem o serviço do PIX”, diz Ingrid.
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Agora, a ideia do BC é oferecer a infraestrutura para que as empresas consigam criar plataformas de marketplace de serviços financeiros.
O que é o open finance?
O Open Finance é um sistema que facilita o compartilhamento de dados e serviços entre diferentes instituições financeiras, como bancos, corretoras e cooperativas. O objetivo é permitir que o cliente leve seu histórico de bom pagador para outras instituições financeiras, para obter melhores taxas no mercado.
“Pense: eu tenho uma conta em um banco há 30 anos, e com isso, esse banco me conhece muito bem, sabe dos meus hábitos de consumo, meus investimentos e meu histórico de bom pagador. E todos os serviços financeiros estão baseados em perfil de risco”, diz Perez. Quanto mais informações a instituição tem sobre o cliente, melhor sua análise de risco e, possivelmente, melhores as taxas oferecidas.
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“Mas digamos que o banco A não quer me conceder um empréstimo no momento que eu preciso, por alguma questão comercial do banco. Eu posso levar todas as minhas informações de histórico para outra instituição, para que eles possam me oferecer uma taxa melhor”, explica o presidente da ABFintechs.
Isso foi criado com o open finance. Além de obrigar as instituições financeiras a compartilhar os dados quando o cliente pedir, a regulação fez com que essas informações pudessem ser movimentadas de forma que sejam inteligíveis.
“É importante ressaltar que o open finance não quer dizer que seus dados estão abertos e disponíveis para todo mundo, mas apenas para a instituição financeira determinada por você, e por tempo determinado”, diz.
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