Vale a pena mudar de corretora de investimentos para aproveitar benefícios?
Taxas, impostos e produtos disponíveis são alguns pontos que precisam ser levados em consideração antes de mudar de corretora
Promessas de CDBs que pagam 200% do CDI para quem abre uma conta ou cartões de crédito com maior pontuação de milhas são algumas das estratégias usadas por bancos e corretoras para atrair novos clientes. No entanto, antes de mudar de plataforma de investimento para aproveitar essas vantagens, é importante tomar certos cuidados.
Compare custos das corretoras
“É preciso tomar alguns cuidados para que essa mudança seja vantajosa e segura. Entre essas questões, estão as taxas e custos. É preciso comparar qualquer cobrança entre a corretora atual e a nova corretora”, lembra Vinicius Ramello Alves, professor do curso de Administração da Faculdade Anhanguera.
Além de observar as diferenças entre taxas de corretagem e administração na corretora atual e na nova, é preciso analisar quanto você terá de pagar de imposto se tiver de resgatar investimentos para levá-los à nova plataforma, lembra Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.
“O problema é o seguinte: se você tem um valor em CDB, LCI ou LCA, por exemplo, não dá para fazer portabilidade”, diz ele. “Principalmente o CDB, que tem imposto de renda, se você mudar de banco e tiver aplicado há menos de dois anos, a alíquota vai ser maior do que 15% do rendimento. Dependendo da diferença [de rendimento do CDB atual para o oferecido no novo banco], pode ser que não compense”.
Isso considerando os papéis que têm liquidez diária. Se não for o caso e você pedir o resgate antes do prazo de vencimento, pode ter de pagar uma taxa, o que reduz ainda mais a rentabilidade do título.
Possibilidade de portabilidade
Outra dica é checar se é possível levar os investimentos de uma plataforma a outra sem resgatá-los, usando a portabilidade. Isso ficou mais fácil nos últimos anos, mas os títulos bancários (como CDB, LCI e LCA) e fundos de investimento podem não possibilitar essa portabilidade.
Já para títulos como Tesouro Direto, ações e cotas de fundos imobiliários, por exemplo, é possível pedir a portabilidade pela própria B3.
Produtos disponíveis
É também importante analisar a corretora de destino, para avaliar se a disponibilidade de produtos nela é suficiente para suas necessidades. “Você precisa ver se a nova corretora ou banco tem os produtos de investimento que costuma usar. Se você faz determinados tipos de operação, precisa ver se ela faz também esse tipo de operação”, diz Piellusch.
Vinicius Ramello Alves sugere ainda avaliar o aplicativo ou site da nova corretora. “Vale a pena olhar a plataforma, ver se a interface de negociação é fácil, se o atendimento ao cliente é dedicado, o que os usuários falam”, diz.
Não menos importante é verificar se a corretora é segura e tem seu funcionamento liberado pelos órgãos reguladores.
Cartão de crédito
Antes de mudar de corretora para aproveitar um cartão de crédito com mais benefícios, Piellusch sugere ainda avaliar se você realmente vai usá-los. “Cartão de crédito tem uma complexidade grande. Muitas vezes dizem que não tem anuidade, mas isso só vale no primeiro ano, ou se você tiver um gasto mínimo”, diz. “Se o atrativo são as milhas, tem que ver se você tem um nível de gastos suficiente para acumulá-las e o que vai fazer com isso, se costuma negociar ou viajar com essas milhas”.
Como gerenciar contas em mais de uma plataforma?
Se em vez de transferir todos os seus investimentos, você decidir manter mais de uma conta, é preciso se organizar para isso.
“Pode ser uma estratégia interessante pensando em manter diversificação e em aproveitar as vantagens de cada corretora. Mas é importante que a gente pense que mexer em mais de uma corretora exige mais planejamento e organização”, diz Alves.
Ele sugere consolidar as informações de todas as contas em uma planilha ou em aplicativos específicos para isso.
“Uma conta pode ser destinada a investimentos de mais longo prazo, enquanto outra pode ser focada em operações de mais curto prazo, ou para produtos específicos, como renda fixa e fundos imobiliários”, diz. “Mas é preciso controlar essa alocação de ativos, para garantir que a estratégia de diversificação seja efetiva e evite a sobreposição excessiva de ativos semelhantes em diferentes contas”.
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