Morar sozinho: tudo o que você precisa antes desse passo
Morar sozinho exige pesquisa e planejamento financeiro. Localização, estilo de vida e tipo de moradia são algumas das variáveis que farão diferença nas contas
É natural que em certo momento da vida os jovens queiram morar sozinhos, sair da casa dos pais e viver por conta própria. Viabilizar esse plano, no entanto, requer um cuidado especial, sobretudo com o aspecto financeiro.
Especialistas alertam que, antes de tudo, é importante fazer um planejamento financeiro detalhado, que inclua os recursos disponíveis, os gastos previstos e ainda uma reserva para eventuais contingências. Dessa forma, é possível tomar decisões conscientes e manter o controle sobre as contas.
O que saber antes de decidir morar sozinho
O educador financeiro Thiago Martello lembra que sair da casa da família implica dois desafios financeiros: um pontual, que é a mudança de imóvel; e outro recorrente, que são as despesas do dia a dia.
É importante listar os gastos que envolvem a mudança e considerar as possíveis variáveis. Confira os principais aspectos:
Custos com o imóvel: caução, móveis, cartório
O profissional alerta que a escolha de um imóvel geralmente requer uma reserva financeira, uma vez que há custos iniciais altos. “Se a pessoa financiar, precisará dar a entrada. Caso prefira alugar, terá que dar a caução, seguro-fiança ou alguma garantia”, diz.
Embora estas sejam as despesas mais relevantes na mudança, há outros custos que precisam ser previstos. É o caso da burocracia com o imóvel (documentação, cartório etc.), do transporte dos pertences e da compra de móveis e utensílios domésticos.
“(Antes da mudança), o melhor é pegar um caderno e anotar cômodo por cômodo tudo o que será necessário comprar”, diz o educador financeiro Thiago Martello.
O educador financeiro destaca ainda que a localização do imóvel é estratégica, porque impacta outras despesas. Dependendo da região, a pessoa terá despesas maiores com deslocamento. Além disso, o custo de vida também varia dentro da cidade. “No meu bairro atual, o corte de cabelo custa de R$ 50,00 a R$ 70,00. No antigo, custava R$ 20,00″, diz.
Despesas do dia a dia: aluguel, água, internet, mercado
Uma vez realizada a mudança, é hora de enfrentar outros desafios. Um deles é gerenciar sozinho as despesas fixas (como o aluguel) e variáveis (como água e luz).
Nesse aspecto, a principal desvantagem da nova vida é não ter acesso a ganhos de eficiência comuns na casa compartilhada. Por exemplo, em família, quando as pessoas estão reunidas em um mesmo cômodo, basta uma lâmpada ou luminária acesa para todos que estão no ambiente, o que reduz o custo por habitante.
Mas há também o lado positivo: quem mora sozinho tem total autonomia para adaptar o consumo aos seus objetivos.
Para Martello, o ideal é ter controle de quanto se gasta em cada item na casa dos pais e quanto vai gastar sozinho. Ele destaca como principais custos:
- Moradia: que envolve aluguel ou parcela de financiamento, condomínio, seguro, IPTU, água, luz e gás.
- Supermercado: alimentação, higiene, entre outros
- Lazer: (TV a Cabo, internet, restaurantes, entre outros)
- Faxina: caso você opte por ter alguém para ajudar nas tarefas que anteriomente poderiam ser compartilhadas.
Arcar com todas essas despesas, no entanto, pode trazer surpresas. O educador financeiro diz que costuma recomendar que as pessoas façam o exercício de assumir as contas da casa da família por um mês antes de se mudar, para se preparar.
Como morar sozinho com pouco dinheiro?
Mudar de casa geralmente custa bastante dinheiro, mas é possível reduzir o impacto. Segundo Martello, os custos com a mudança podem ser aliviados se a pessoa der uma chance ao mercado de produtos usados.
“Não precisa ser tudo novo. Do mesmo jeito que tem gente saindo da casa dos pais, tem gente voltando para a casa deles ou indo embora do país e por isso vendendo itens da casa com desconto”, diz.
A educadora Larissa Brioso, da fintech Mobills, também vê no planejamento um aliado. Ela defende que, no dia a dia, uma boa técnica é separar os gastos em essenciais e não essenciais e acompanhar a variação e a participação de cada item no orçamento.
De acordo com ela, isso permite ajustar os gastos para que não saiam do controle. “Vamos supor que eu esteja gastando 5% do meu salário com uma categoria que não é essencial. Eu posso cortar ou reduzir essa categoria”, explica.
Larissa menciona como exemplo o uso exagerado do delivery, que acaba saindo mais caro do que cozinhar em casa. É uma distorção comum e que pode ser corrigida rapidamente por quem deseja morar sozinho.
Para tornar o controle mais simples, a educadora sugere que as pessoas usem gerenciadores financeiros, como sites e aplicativos. Além de facilitar a categorização dos dados, eles fornecem visualização intuitiva dos dados para as tomadas de decisão.
Quanto custa morar sozinho nas capitais?
O custo de viver em uma casa só sua pode variar não apenas com o seu padrão de consumo e estilo de vida, mas também conforme a cidade escolhida para morar. O Índice FipeZap+, por exemplo, mostra uma diferença relevante nos preços de imóveis nas capitais do país.
De acordo com o boletim de agosto, em média, o custo do metro quadrado para locação residencial na capital paulista é de R$ 44,03; no Rio de Janeiro, de R$ 36,44; em Porto Alegre, de R$ 26,15; e em Salvador, de R$ 29,40.
E essa discrepância não se resume ao mercado imobiliário: os produtos de supermercado também apresentam uma variação que impacta o orçamento. Segundo o levantamento de agosto do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a cesta básica em São Paulo custa R$ 749,78, ao passo que em Porto Alegre é de R$ 748,06, na capital fluminense, R$ 717,82, e em Salvador, R$ 576,93.
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Quem mora sozinho pode se cadastrar no CadÚnico?
O Cadastro Único (CadÚnico) é um sistema que reúne informações sobre famílias em situação de pobreza. É por meio dele que os governos das três esferas incluem as famílias nos principais programas sociais, como o Auxílio Brasil.
A inscrição no CadÚnico é, sim, permitida quem mora sozinho – tecnicamente chamadas de “família unipessoal”. Para isso, no entanto, é necessário cumprir os critérios de renda, como ter uma receita mensal de no máximo meio salário-mínimo.
Receber o Auxílio Brasil também é possível, mas não basta estar no Cadastro. O programa é voltado a pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza. Por isso, é direcionado a famílias com renda mensal per capita de até R$ 105,00. Famílias com renda per capita entre R$ 105,01 e R$ 210,00 também podem receber, desde que tenham gestantes ou pessoas com menos de 21 anos.
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