O que é a Taxa Referencial (TR)?
Você conhece esse indicador que tem influência no rendimento da poupança e em financiamentos imobiliários? Entenda no post!
Mesmo quem não está muito familiarizado com o mundo das finanças já ouviu falar da Taxa Referencial (TR). Essa taxa de juros determina o rendimento de algumas aplicações populares, como a caderneta de poupança e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Mas você sabe o que é essa taxa?
A TR funciona como uma taxa de juros de referência. Foi criada em 1991 e integrou o Plano Collor II, um conjunto de medidas econômicas da equipe do então presidente Fernando Collor de Mello. A ideia do plano era que os preços fossem reajustados seguindo a TR e outros indicadores, e não a inflação. O principal objetivo era promover uma desindexação da economia e, assim, conter a hiperinflação.
Conceitos básicos da Indexação – o sistema de reajuste de preços
Vigente desde a década de 1950 no Brasil, a indexação é um sistema de reajuste de preços, inclusive salários e aluguéis, de acordo com índices oficiais de inflação. A indexação permite corrigir o valor real de salários, aluguéis e demais bens e serviços de uma sociedade. Por outro lado, em cenários de hiperinflação, como ocorrido no Brasil nas décadas de 1980 e 1990, a indexação leva a aumentos vertiginosos de preços. Também é importante lembrar que a indexação automática aumenta a expectativa de inflação no futuro, gerando uma tendência de alta no longo prazo.
Quanto vale a TR?
De acordo com a diretriz definida também pelo Bacen, se o cálculo da TR (veja abaixo) resulta em valor negativo, ela é considerada zero. Foi esse o caso nos anos de 2020, 2019 e 2018. Em 2021 a TR não zerou, mas foi por pouco: fechou em 0,0436%.
Mas a TR anual já registrou valores altos. Em 1991, ano de sua criação, a taxa ficou em 335,52%. O maior valor foi registrado dois anos depois: 2474,74%. A última vez que a TR ultrapassou 10% foi em 1995 (31,62%); desde então, vem ocupando patamares mais baixos e, antes de ficar zerada pela primeira vez em sua história, em 2018, alcançou a modesta marca de 0,60% em 2017.
Como a TR influência na rentabilidade dos investimentos?
A TR influência na rentabilidade de alguns investimentos, sendo a poupança o principal deles. Em 2012, ocorreu uma mudança na forma como o rendimento da caderneta é calculado – se a taxa Selic é superior a 8,5% ao ano, o rendimento é de 0,5% ao mês somado ao valor da TR. Se a Selic do ano for igual ou inferior a 8,5%, o rendimento da poupança será de 70% da taxa Selic mais a TR. O baixo desempenho da TR nos últimos nos ajuda a explicar por que a poupança não rende tanto quanto no passado.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um direito trabalhista de pessoas empregadas com registro formal na carteira de trabalho. Trata-se de um montante resgatável, com rendimento calculado em 3,0% ao ano mais a TR.
Títulos de capitalização oferecidos por bancos também têm rendimento equivalente à TR do período da aplicação. Já os financiamentos imobiliários têm valores corrigidos por juros fixos acrescidos da TR – esse cálculo só se aplica ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH), programa da Caixa Econômica Federal que dá condições especiais para compra de imóveis avaliados em até R$ 1,5 milhão.
No passado, alguns Títulos Públicos tinham rentabilidades atreladas à TR, era o caso das Notas do Tesouro Nacional das séries H e P (NTN-H e NTN-P). Embora tais modalidades já não estejam disponíveis para aquisição, como os prazos são longos, é possível que alguns investidores ainda as tenham em suas carteiras.
Para saber mais sobre Títulos Públicos com boa rentabilidade, confira o conteúdo da B3 sobre o tema.
Como a TR é calculada?
O Banco Central (Bacen) é o encarregado de calcular o valor da TR. Desde 2018, ele obedece à seguinte fórmula: TR = a+b x TBF
Na fórmula, a é um valor fixo de 1,005, definido na criação da TR; b varia de acordo com a TBF, indexador também divulgado pelo Bacen que reflete o custo médio das operações financeiras no mercado. A TBF, ou Taxa Básica Financeira, foi criada em 1995 pelo Conselho Monetário Nacional, já durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso.
Esses são alguns dos conceitos mais importantes para entender a TR. Porém, é claro, é preciso continuar estudando para entender, de fato, como funciona o mercado financeiro. Para te ajudar, preparamos uma seção inteira com conteúdos voltados para te ensinar a investir melhor. Clique aqui e continue se aprofundando.