Curta a Argentina sem descuidar do bolso
O país sul-americano segue como preferência dos brasileiros entre os destinos internacionais; perda de valor da moeda argentina se torna um atrativo adicional, mas as diversas opções de câmbio exigem atenção
Se por um lado a depreciação do peso argentino tira o sono da população do país vizinho, por outro atrai brasileiros que desejam viajar para o país. São desde pessoas com o orçamento curto que buscam a primeira experiência internacional até viajantes de alto poder aquisitivo que desejam “luxar” mais em terras portenhas.
Em menos de três horas de voo, é possível sair de São Paulo e desembarcar em Buenos Aires. Hoje é possível comprar um pacote de 5 dias (quatro noites), para uma pessoa, a partir de R$ 2.000, aproximadamente, como o oferecido pela CVC. Já o site Decolar oferecia na segunda-feira (28) um pacote de 10 dias, em maio de 2024, na mesma faixa de preço, também por pessoa. Uma viagem de alto padrão, no entanto, pode chegar a R$ 30 mil, com voo na classe executiva e suíte em hotéis cinco estrelas com diárias de cerca de R$ 6 mil.
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Quem pretende desembarcar na Argentina deve levar em consideração as passagens, as diárias de hotel e despesas com refeições, transporte urbano, passeios e compras. Além de caixas de alfajor, doce de leite e roupas esportivas, os brasileiros costumam aproveitar a viagem para encher as malas com garrafas de vinho nacional.
Os turistas que querem ir além de Buenos Aires, o preferido dos brasileiros, buscam cidades como Mendoza, Bariloche, Salta e Ushuaia, que atendem dos apreciadores de vinhos aos aventureiros que apreciam belezas naturais.
Câmbio favorável, inflação temerária
Apesar de os preços serem atraentes, a perda de valor da moeda argentina e a disparada dos preços locais, que tem impulsionado a inflação para a casa dos 110% ao ano, geram uma série de dúvidas entre os turistas brasileiros. Afinal, qual é a melhor forma de pagar as despesas no país sul-americano? Vale a pena levar dólar ou real para fazer o câmbio por pesos? Cartão de crédito é indicado?
Bernardo Brites, CEO e co-fundador da Trace Finance, orienta que o turista, antes de embarcar, procure por informações sobre o critério usado para a conversão das despesas feitas com cartão em território argentino, para ter mais clareza sobre o custo do dinheiro.
“Ao usar cartões emitidos no Brasil você está exposto à taxa de conversão do banco que, em média, chega a 5%, fora o IOF de 5,38%”, destaca o co-fundador da Trace Finance.
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A cautela vale na compra dos pesos. Ou seja, é preciso calcular quanto cada item vai custar, segundo a forma de pagamento. Além disso, lembra o executivo, muitos estabelecimentos têm preferência por receber em dólar. A sugestão de Brites é usar cartões como o Wise, que pemitem fazer a conversão antes mesmo de gastar, o que dá uma previsibilidade maior quanto aos valores.
Mas e no caso de haver uma emergência e ser necessário fazer o câmbio no país? Brites lembra que há muitas casas para a troca de moeda, mas alerta que, muito provavelmente, será cobrada uma taxa de conversão mais cara do que a de serviços estrangeiros.
Brasileiros se adaptam ao país
De janeiro a julho, os embarques para a Argentina cresceram 23% em relação aos números de 2022 na CVC. Apesar das peculiaridades da economia argentina, o brasileiro não costuma passar dificuldades, diz Viviane Pio, diretora de vendas da rede. Nas lojas, os consultores costumam orientar os clientes para que levem reais ou dólares e busquem fazer a troca pelo dólar blue (uma das opções negociadas no mercado paralelo, que vale quase o dobro do câmbio oficial).
Para ajudar no cálculo de quanto ter de orçamento, os consultores da CVC costumam citar alguns exemplos de despesas. Um almoço honesto, segundo Viviane, com direito a vinho da casa, vai custar entre R$ 50 e R$ 60. Já em um restaurante um pouco mais sofisticado a conta pode variar de R$ 80 a R$ 120 por pessoa.
“Evitamos dizer quanto cada um deve levar porque essa é uma decisão muito pessoal. Com exemplos como esses, mais as informações que o turista pode encontrar entre amigos, parentes e blogueiros que conhecem a Argentina, o cliente já consegue fazer as contas e definir com mais precisão o orçamento”, explica a diretora da CVC.
Moeda para todos os gostos
A Argentina tem cerca de 10 tipos de conversão da moeda – por exemplo, o dólar comercial, paralelo, turismo, além de opções de câmbio específicas, dependendo do setor em que o negócio é realizado, como vinho, trigo e bolsa.
A partir de dezembro de 2022 foi autorizado pelo governo, por meio de um decreto, que os turistas com cartões emitidos no exterior possam fazer pagamentos mais baratos na Argentina utilizando os cartões de débito, crédito ou pré-pagos internacionais de bancos ou contas digitais, como substituição ao dinheiro em espécie e o câmbio paralelo.
A operação se torna viável porque o governo argentino liberou o uso do chamado dólar MEP (mercado de pagamentos eletrônicos) no câmbio para cartões emitidos no exterior. A modalidade de cotação é mais vantajosa do que a oficial. Ou seja, com US$ 1, pela nova alternativa, dá para receber mais pesos argentinos.
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Por meio de nota, a Mastercard explicou que oferece uma taxa especial, calculada com uma taxa de câmbio alternativa, que recebe diariamente da Câmara Argentina de Cartões de Crédito (ATACYC). É uma taxa de câmbio mais competitiva para estrangeiros, próxima ao dólar MEP, que considera a compra de certos títulos em pesos e sua venda em dólares.
O Dólar MEP, ainda segundo a Mastercard, é apenas uma referência para os turistas brasileiros que visitam a Argentina, já que a tarifa conveniente para compras com cartões é próxima a do Dólar MEP. Ou seja, o turista brasileiro não precisa realizar nenhum procedimento especial ou aviso para ter acesso ao benefício.
A vantagem é usufruir os benefícios que se tem ao utilizar um cartão de crédito sem ter de viajar com dinheiro, o que dispensa as idas a casas de câmbio e caixas eletrônicos.
Veja o que fazer antes de viajar
– Antes de embarcar, pesquise por dicas de preços, o que conhecer e comprar. Além de publicações especializadas, busque informações junto a blogueiros e influenciadores que costumam visitar o país.
– Cheque junto à administradora do seu cartão de crédito quais são as taxas aplicadas para compras feitas na Argentina para poder calcular se vale a pena usar esse meio de pagamento.
– Dólares em espécie são cada vez mais aceitos no país vizinho e ainda podem render uma cotação mais vantajosa.
– Desde dezembro do ano passado está em vigor uma nova regra para alguns cartões de crédito, débito e contas digitais emitidos fora da Argentina, que usa um câmbio mais vantajoso para o turista.
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