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Planejamento financeiro se tornará mais humano com inteligência artificial, diz Morgan Housel

Durante Congresso Internacional da Planejar, o escritor Morgan Housel afirmou que as aplicações da IA ainda vão se desenvolver

Morgan Housel, autor do livro "A psicologia do dinheiro", durante painel do Congresso Internacional Planejar 2023. Foto: Guilherme Naldis

Com a Inteligência Artificial (IA), o trabalho de assessor de investimentos deve se transformar em um aconselhamento mais humano aos clientes, afirmou Morgan Housel, autor do livro “A Psicologia Financeira”, durante painel do Congresso Internacional Planejar 2023. Assim, esses profissionais deverão adaptar sua linguagem com auxílio da IA para comunicar-se e ouvir melhor.

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“Até o advento da internet, os planejadores financeiros detinham toda a informação sobre o mundo do dinheiro, e as forneciam aos seus clientes conforme a necessidade. Hoje, toda a informação está irrestrita e gratuita, e o papel dos planejadores mudou”, explicou o escritor. Assim, a transformação deve ser ainda mais intensa conforme a inteligência artificial se desenvolve.

Com ela, a tendência é que o papel do planejador seja mais próximo de um psicólogo do que de um técnico, segundo Housel. Isto é: será necessário ouvir atentamente os problemas e desejos do cliente, e o planejador terá de deixar de lado os jargões para orientar de maneira mais humana.

O que esperar da inteligência artificial?

No mesmo quadro, o especialista falou sobre os rumos e os usos da IA. Para ele, esse tipo de tecnologia ainda é visto como um brinquedo por parte dos seus usuários e, até mesmo por muitos desenvolvedores e investidores do setor. Ainda assim, algumas funcionalidades práticas da IA já estão no horizonte, e podem facilitar – e muito – a vida humana, segundo Housel.

Isso porque a área ainda está em seus primeiros passos, e muita coisa ainda está por vir. “Não temos ideia nenhuma de para onde a IA deve ir. Mas eu passei muito tempo da minha carreira tentando descobrir como as pessoas reagem a tecnologia, e a resposta tende a ser sempre a mesma”, disse.

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“Quando os primeiros carros surgiram, ninguém imaginava que seriam usados para ir ao trabalho ou visitar os amigos. Seus inventores imaginam que seriam usados para a guerra, e se perguntavam como colocariam metralhadoras nos capôs. Essa mentalidade não durou meses, mas anos. Não tínhamos nenhuma perspectiva do que o carro poderia se tornar”, exemplificou. Para ele, as maiores invenções da humanidade, como a escrita, o avião e a televisão, precisaram de amadurecimento e muito tempo até que resultassem em uma verdadeira melhora na qualidade de vida para as pessoas. O mesmo deverá valer para a inteligência artificial, estimou.

O cálculo de Housel é de que a IA generativa deva aumentar a produtividade global em até 7% – ou em cerca de US$ 4 trilhões ao ano – pelo mundo inteiro. “Muito provavelmente, estamos subestimando o que a IA pode fazer por nós”.

Como aproveitar as transformações da inteligência artificial?

Segundo Walter Longo, publicitário e administrador de empresas, muitas iniciativas prometeram ser ondas revolucionárias, mas revelaram-se pequenas marolas. Já a inteligência artificial é um verdadeiro tsunami, que não pode ser ignorado ou observado da areia. “A gente precisa surfar essa onda”, disse.

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Para ele, existem duas visões distintas sobre o futuro apresentado pela IA: a dos pessimistas e a dos otimistas. Para o pessimista, a tecnologia vai ampliar nossas habilidades para, no futuro, tomar nosso lugar. Já os otimistas entendem que o processo não é de substituição, mas de adição. “Não há limite para a criatividade e a inspiração inusitada. A tecnologia não vai tirar o emprego de ninguém. Alguém usando a IA é quem vai”, explica.

Para ele, a diferença entre os pontos de vista é que uma visão pessimista do avanço tecnológico vê os robôs tirando metade dos empregos dos humanos. Já os otimistas veem a automação tirando metade do nosso trabalho. Isso porque, segundo o Fórum Econômico Mundial, a IA vai eliminar 85 milhões de empregos, ao passo que outros 92 milhões novos serão criados.

Por isso, Longo argumenta que as habilidades verdadeiramente humanas, como a criatividade, a introspecção, a sensibilidade e a curiosidade, serão os ativos mais valiosos, ao passo que os trabalhos repetitivos serão delegados às máquinas. “Em terra de robô, quem tem coração é rei”, concluiu.

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