Boom da inteligência artificial: saiba como investir em IA pela bolsa
BDRs e ETFs são tipos de aplicações que possibilitam investir em inteligência artificial. Contudo, setor exige cuidados
O noticiário nos últimos meses foi marcado por diversas notícias sobre inteligência artificial (IA). Massificada pelo ChatGPT, a tecnologia vem se disseminando entre especialistas e leigos.
Como resultado, investidores têm voltado sua atenção para empresas de IA. Um exemplo é a Nvidia, companhia de tecnologia norte-americana que vem se destacando no setor. Seu BDR, negociado na B3, registra mais de 150% de alta em 2023.
De acordo com Guilherme Assis, CEO do Gorila, a IA tem um potencial grande de mudar modelos de negócios, desintermediar cadeias e até modificar como as pessoas lidam com a internet e o computador.
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O que é inteligência artificial?
A Inteligência Artificial (IA) é um campo da ciência cujo propósito é estudar, desenvolver e empregar máquinas para realizarem atividades humanas de maneira autônoma.
Para isso, agrupa várias tecnologias, como redes neurais artificiais, algoritmos, sistemas de aprendizado, entre outras. Desta forma, consegue simular capacidades humanas ligadas ao aprendizado, solução de problemas, compreensão da linguagem e tomada de decisões.
O objetivo da IA é criar máquinas que possam operar com o mesmo nível de capacidade cognitiva que os humanos, ou até superá-lo em alguns casos.
Como investir em inteligência artificial pela bolsa?
Para quem enxerga o potencial da IA e busca ganhos com a evolução da tecnologia, existem aplicações na bolsa de valores brasileira que possibilitam isso.
Segundo Lucas Schwarz, analista da VG Research, para se expor à inteligência artificial o investidor deve buscar empresas especializadas na tecnologia ou que possuam projetos relevantes envolvendo esse campo da ciência. Até mesmo empresas que forneçam componentes-chave para a infraestrutura que fundamenta a tendência são alternativas de investimento.
BDRs
Dentre as empresas com projetos relevantes envolvendo IA, destacam-se:
- NVIDIA Corporation (BDR: NVDC34): a companhia é líder em soluções de deep learning e inteligência artificial. Há alguns dias, por exemplo, anunciou uma tecnologia de inteligência artificial com capacidade de transformar a indústria de jogos, os tornando mais imersivos em diálogo e narrativa. Além de tecnologia, a companhia cria chips e hardwares que são essenciais para o mercado.
- Microsoft (BDR: MSFR34): o investimento de US$1 bilhão na OpenAI, criadora do ChatGPT, colocou a Microsoft como uma das pioneiras da revolução. A Microsoft tem procurado integrar o ChatGPT em muitas de suas ferramentas, como GitHub, suítes de produtividade (como o Microsoft Office) e seu buscador Bing. O novo Bing com GPT-4 tem sido uma das grandes apostas da Microsoft, que vem gerando temores entre executivos da Alphabet, proprietária do Google.
- Taiwan Semiconductor Manufacturing (BDR: TSMC34): recorrentemente mencionada quando se fala sobre o estresse diplomático entre China e Estados Unidos em relação à soberania de Taiwan, a TSMC é a maior produtora mundial de chips. Naturalmente, quanto maior a demanda por inteligência artificial, maior a demanda por chips mais robustos e potentes.
- Empresas que têm aumentado investimentos em AI como estratégia para o próprio negócio: a Amazon (BDR: AMZO34) tem oferecido soluções de IA e machine learning para clientes que têm como objetivo de analisar dados a partir de sistemas privados. A Meta (BDR: M1TA34) tem utilizado grandes modelos de linguagem (LLM) para aprimorar a qualidade de pesquisas e prever os conteúdos que seus usuários desejam consumir. Com o lançamento do ChatGPT para iPhone, a Apple (BDR: AAPL34) tende a se beneficiar positivamente, visto que a OpenAI terá de pagar 30% da receita gerada no aplicativo.
ETFs
Dentre os ETFs ligados à IA na bolsa, destacam-se:
- Global X Robotics & Artificial Intelligence (BOTZ39): BDR de ETF que acompanha o índice de empresas que potencialmente podem se beneficiar da maior adoção e utilização de robótica e inteligência artificial (IA). O índice inclui empresas envolvidas com robótica industrial e automação, robôs não industriais e veículos autônomos.
- iShares Exponential Technologies ETF (BXTC39): BDR de ETF que acompanha o índice Morningstar Exponential Technologies, criado para fornecer exposição a ações de tecnologia que devem obter benefícios econômicos significativos.
+ Como o ChatGPT e a inteligência artificial podem te ajudar a investir?
Cuidados a se tomar ao investir em IA
Nem tudo são flores para quem quer investir em inteligência artificial. Isso porque os investidores precisam estar atentos a diversos fatores quando optam por aplicar em setores que ainda estão em evolução.
Para Schwarz, é válido destacar os riscos de ativos expostos a indústrias altamente disruptivas. Ele cita uma frase atribuída a Roy Amara, cientista norte-americano, que diz: “Tendemos a superestimar o efeito da tecnologia no curto prazo e a subestimar seu efeito a longo prazo”.
Ele completa dizendo que a Lei de Amara parece se aplicar perfeitamente à revolução causada pela inteligência artificial. “A empolgação pode causar movimentos erráticos no mercado de capitais”.
Por isso, os investidores devem estar cientes de três coisas:
- inquestionavelmente, as IAs provocarão mudanças significativas a longo prazo, levantando ao mesmo tempo implicações éticas relevantes, como a possibilidade de ampliar o desemprego, ao mesmo tempo em que aumentará a produtividade de inúmeras funções;
- Na corrida de ouro das IAs, empresas que fornecem infraestrutura essencial parecem mais interessantes;
- O risco de disrupção é extremamente elevado. Um documento interno que circulou entre funcionários da Alphabet afirma que tanto o Google quanto a OpenAI enfrentam “riscos maiores” oriundos de ferramentas open-source desenvolvidas por pesquisadores, e que “as duas companhias ignoram a verdadeira ameaça no domínio da corrida das IAs”.
Como avaliar o atual momento do setor
Um passo importante antes de investir é entender o cenário do setor e como pode se comportar no longo prazo. E não é diferente quando se fala da inteligência artificial.
Alberto Amparo, head de análise internacional da Suno Research afirma que, por mais contraditório que seja, quando inovações e tecnologias fadadas ao sucesso surgiram, se caracterizaram como maus investimentos para grande parte dos investidores. “É algo que provavelmente vai acontecer com a inteligência artificial, porque é inerente ao ser humano”, diz.
Amparo lembra que por volta de 1913 e 1914, quando os carros começaram a se popularizar, as pessoas viam aquilo como um grande avanço, pois antes usavam cavalos para se locomover.
+ ETF: tudo o que você precisa saber antes de investir
“Imaginava-se que as pessoas iriam comprar muito mais carros e a indústria automobilística ia crescer. Até que surgiram duas mil empresas de carro somente nos Estados Unidos. Como resultado, ninguém sabia dizer qual das duas mil empresas ia ter sucesso porque o setor passou por muitas transformações. Os anos se passaram e apenas três das duas mil sobreviveram”, conta.
O head de análise internacional da Suno lembra que isso aconteceu com vários outros setores, como companhias aéreas, TV, e mais recentemente, a internet. “Perceba que todas essas tendências tinham um fundo de verdade: o carro foi um sucesso, o avião foi um sucesso, a TV teve sucesso e a internet teve sucesso. Só que o problema não é simplesmente identificar a tecnologia que vai ter sucesso, mas quem são os vencedores em algo que muda muito a sociedade”, destaca.
Como escolher um investimento em Inteligência Artificial
Amparo diz que a inteligência artificial talvez seja o ápice das criações do ser humano, mas é muito difícil falar qual das empresas que investe em IA deve ser mais bem-sucedida.
Ele afirma que apesar do boom ser recente, fazem pelo menos cinco anos que o setor vem se desenvolvendo. Por isso, alerta para que os investidores sejam céticos com seus investimentos e não aportem dinheiro nas companhias apenas comprando sonhos de projetos de IA.
“Se olharmos para grandes investidores, eles focam em evidências. Vale a pena você olhar para empresas que são extremamente robustas e já geram caixa, têm sucesso em outras operações e ainda tem todo esse potencial a ser destravado dentro de seu ecossistema utilizando a Inteligência Artificial”, ressalta.
Amparo ainda alerta para a formação de bolhas por todos os motivos citados acima. “A inteligência artificial veio para ficar, mas é muito difícil a gente saber como vai ser o ciclo de mercado. As pessoas ficam muito animadas com isso e provavelmente irão criar uma bolha, assim como aconteceu com a internet, cripto, NFT, carros e diversas tecnologias inovadoras ao longo do tempo”.
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