Plano de saúde para pets: vale a pena contratar?
Empresas oferecem coberturas a partir de R$ 19,90 por mês; serviço, que ajuda a prevenir doenças, pode reduzir despesas, mas é preciso tomar cuidado com as condições do contrato
O Brasil abriga a segunda maior população de pets do mundo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), com base nos dados da Euromonitor, em 2022 o país contava com 67,8 milhões de cães, 33,5 milhões de gatos, 41,3 milhões de aves canoras e ornamentais e 22,2 milhões de peixes ornamentais.
Na pandemia, a procura por animais de estimação aumentou. Na esteira do crescimento a taxa de dois dígitos por ano, tem crescido a oferta de planos de saúde para pets. Os preços começam na casa dos R$ 30 por mês e podem chegar a R$ 400. Dependem da cobertura (atendimento de rotina e emergência, vacinas, exames de diferentes complexidades) e da proposta (como acompanhamento preventivo, atendimento a filhotes e a idosos).
Base ainda é pequena
O segmento tem atraído desde clínicas veterinárias regionais até grandes grupos, como Petlove e Porto Seguro, que são sócias e lideram a oferta de planos no país. Atualmente, os tutores que contrataram os serviços de saúde da Petlove contam com uma rede de 3.600 parceiros credenciados. A carteira de clientes conta hoje com 190 mil animais de estimação assistidos, em um universo estimado pelo mercado de 300 mil pets com cobertura no Brasil (ou 0,27% do total). Nos EUA, 4% contam com um plano de saúde.
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Os planos de saúde vêm crescendo impulsionados pelo aumento da população de cães e gatos, explica Nelo Marraccini, presidente do Conselho Consultivo do Instituto Pet Brasil (IPB), que representa o mercado de varejo, criadouros e serviços. Na pandemia, lembra, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e a ter uma convivência maior também com seus animais de estimação.
Pandemia mudou comportamento
À medida que esse relacionamento ficou mais próximo, os tutores passaram a observar mais de perto qualquer alteração na saúde dos animais. “Vimos que as pessoas começaram a levar mais os pets ao veterinário e a adotar com mais frequência cuidados com banho e tosa”, diz.
Apesar de a previsão de crescimento do setor de produtos e serviços para pets em 2023 (+12,1%), segundo o IPB, ser inferior em comparação a 2022 (+16,4%), Marraccini não acredita que os tutores que tenham contratado planos de saúde deixem de oferecer a cobertura para os animais por conta de frustrações em relação à economia brasileira.
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“Os tutores preferem abrir mão de algo pessoal ou sair de um produto super premium para um inferior a simplesmente deixar de oferecer essa proteção”, avalia o representante do setor.
Dicas antes de contratar um plano
– Avalie a estrutura das empresas que oferecem os serviços (se contam, por exemplo, com hospitais e laboratórios próprios) e a rede credenciada (que pode mudar).
– Cheque as letras miúdas do contrato e tenha atenção especial à cobertura disponibilizada (por exemplo, quantidade e tipos de vacina, atendimentos de urgência, exames de alta complexidade).
– Confira se o plano prevê prazo de carência, limites de uso, coparticipação ou prazo mínimo de adesão.
– Pesquise nos órgãos oficiais (como Procon) e sites dedicados à defesa dos direitos do consumidor (como o Reclame Aqui) a idoneidade da empresa e a opinião dos clientes.
– Confirme se a despesa adicional cabe no orçamento. Ter um animal não é barato e quem pensa em levar um cachorro ou um gato para casa deve ter em mente a necessidade da posse responsável.
Faça as contas
Como os planos de saúde para pets ainda não são usados por um universo muito grande de tutores, há dúvidas sobre as vantagens e desvantagens. Uma forma de calcular se vale a pena aderir a um contrato é checar os valores das despesas anuais obrigatórias e previstas por ano – vacinas, exames laboratoriais, consulta anual para ver as condições gerais do cachorro ou gato.
Quando pagos por quem não tem plano de saúde, vacinas e exames não costumam ter muita diferença de custo de uma clínica para outra. Já as consultas com os médicos veterinários têm preços mais elásticos. Se forem profissionais com alguma especialidade – como oftalmologia, cardiologia e dermatologia -, os valores do atendimento costumam ser mais altos.
Conta ‘salgada’
Mas há outros fatores que podem encarecer o pagamento avulso dos serviços de saúde. Por exemplo, a necessidade de um tratamento, como fisioterapia, ou uma internação de emergência – que costuma custar ainda mais se for no fim de semana ou fora do horário comercial. Além disso, o tutor deve levar em consideração outros pontos na hora de fazer as contas, como a idade, a raça (e a propensão a alguns problemas de saúde) e as condições preexistentes dos animais.
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Se ao longo de um ano o pet receber as vacinas recomendadas (V8/V10, gripe e raiva), passar por uma consulta (com custo na faixa dos R$ 250) e fizer um hemograma simples, a despesa pode chegar a ser de, aproximadamente, R$ 900. Um plano de saúde com uma cobertura maior por custar por ano em torno de R$ 600.
Alguns exemplos de planos para pets*:
Petlove (valor mensal, mais coparticipação)
Leve – R$ 19,90
Tranquilo – R$ 49,90
Ideal – R$ 99,90
Essencial – R$ 159,90
PlanVet (valor mensal)
Básico – R$ 79,90
Plus – R$ 102,75
Premium – R$ 159,83
Preventivo – R$ 217,05
Ezvet (valor anual parcelado)
Filhote (até 1 ano) – a partir de 12X de R$ 119,00
Adulto (de 1 ano a 5 anos) – a partir de 12X de R$ 123,00
Sênior (a partir de 5 anos) – a partir de 12X de R$ 231,00
Pet Health (valor mensal)
Slim – R$ 59,90
Puppy – R$ 99,90
Max 2.0 – R$ 139,90
Exclusive 3,0 – R$ 229,90
Cat – R$ 89,90
Family (3 a 5 pets) – R$ 329,90
Business – R$ 159,90
*Valores apresentados nos sites das empresas em 30/08/2023
Investimento no futuro
Fabiano Lima, vp da área de saúde da Petlove, defende que sempre vale a pena ter um plano para o pet. E, segundo o executivo, quanto antes o animal passar a ser acompanhado por um profissional melhor para a sua qualidade de vida.
“O plano tem um caráter preventivo, porque mesmo que o tutor não perceba nada de diferente, vai levar o seu cachorro ou gato para estar em dia com o programa vacinal, fazer um check up anual e ter um acompanhamento de perto. São cuidados que vão ajudar a manter a saúde e prolongar a longevidade”, argumenta Lima.
Apesar de deter a liderança, o vp da Petlove sabe que tem desafios pela frente. Um deles é o desconhecimento dos tutores sobre os planos de saúde. Pesquisa interna da empresa apontou que muitos achavam que o valor era caro e, ao serem informados sobre as opções de planos e preços, se diziam dispostos a contratar a cobertura. A projeção da empresa é chegar a meados de 2024 a 350 mil pets atendidos e, no futuro, atingir 1 milhão de cães e gatos.
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