Por que as taxas de financiamento imobiliário não acompanham a queda da Selic?
Cenário econômico incerto e repasse dos bancos são alguns dos motivos para a defasagem nas taxas
Por Rogério Piovezan
Com a sétima queda da taxa Selic, agora em 10,50% ao ano, é esperado que as taxas de financiamento imobiliário também acompanhem esse movimento. Porém, o que pode despertar atenção dos consumidores é quanto ao intervalo de tempo entre a diminuição da Selic e o reflexo disso no cenário imobiliário.
O reflexo mais imediato é no barateamento do crédito, segundo Fernanda Rodrigues Ribeiro, executiva de investimentos imobiliários da Midrah. Ou seja, é possível ter acesso a mais empréstimos e negociar consórcios com preços mais baratos.
Mas na taxa de financiamento imobiliário ainda existe um delay – um atraso – entre três a seis meses com relação à Selic. Mesmo com esse distanciamento, contudo, os indicadores caminham em uma relativa sintonia.
“Do final do ano para agora, os juros imobiliários cederam. Ele começou a ceder assim quando começou a acontecer a queda da Selic. Mas é menos volátil. Então, essas taxas se movimentam menos e trazem uma percepção ao comprador de que não parece tão impactante, mas leva certo tempo, sim”, explica Antônio Sanches, analista da Rico.
Por que existe esse delay?
O que explica esse atraso é justamente o cenário econômico do País. Por mais que a Selic apresente essa expectativa de queda em um ciclo de cortes, essa diminuição nos juros leva um tempo para ser sentida no mercado imobiliário. Mas por quê?
“Nem a inflação se reflete de bate-pronto. Tudo o que se refere ao indicador, demora. E não chega tão forte no financiamento porque o cenário precisa se estabilizar, mas quem faz o repasse de mercado são os bancos. A partir da queda da Selic, os bancos precisam repassar ao consumidor final essa queda. É oferta e demanda”, pontua Ribeiro.
Ainda que as taxas melhorem, conforme Sanches, os juros no financiamento não estão atrativos. “É uma taxa de juros contracionista, o que faz o investidor pensar duas vezes antes de comprar um imóvel. Isso dificulta o crédito e afeta a demanda.”
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Mas o crédito não fica mais barato?
Mesmo que o Copom continue com o ciclo de cortes na Selic, o que traz mais oportunidades ao crédito, essa queda ainda sofre uma defasagem de três a seis meses para ser refletida nas taxas de financiamento imobiliário. Ou seja, ainda vai demorar para o investidor sentir os efeitos dessa movimentação.
“Com a taxa Selic baixa, temos um estímulo ao crédito barato, que é mais interessante ao consumidor e investidor imobiliário, que consegue fazer melhores negociações, porque consegue pegar crédito e empréstimo mais barato. Se a taxa sobe, o crédito encarece e desestimula o investidor de imóveis a pegar empréstimo ou consórcio”, diz Ribeiro.
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