Setembro Amarelo: como as dívidas podem afetar a saúde mental?
Relação com o dinheiro pode estar no cerne de problemas de saúde mental e afetar o dia a dia da pessoa
O mês de setembro é conhecido pela campanha de conscientização aos problemas de saúde mental. Os cuidados são essenciais, assim como o entendimento dos causadores dessas questões, que podem ser agravadas por diversos fatores, como dinheiro e dívidas.
“A vida é repleta de circunstâncias e eventos conhecidos como estressores que produzem ameaças ao bem-estar. O dinheiro, por essência, é um estressor, seja na escassez ou no excesso de recursos”, afirma Paula Sauer, professora da FIA Business School.
De acordo com a professora, mesmo eventos agradáveis – como planejar uma festa ou iniciar em um emprego muito desejado – podem produzir estresse, embora os eventos negativos como uma demissão, perdas financeiras, a morte ou adoecimento de uma pessoa querida resultem em maiores consequências nocivas do que os eventos positivos.
“Quando o assunto é dinheiro, esse tema que perpassa diversos aspectos da vida, não existe barreira pra o estrago. Uma preocupação financeira pode impactar a vida profissional, o relacionamento familiar e conjugal, desgastar as relações e impactar não só a saúde mental, como em casos extremos, até a saúde física”, aponta ela.
Sauer destaca que não é raro os que apresentam enxaqueca, dores no estômago ou os que em situações de muita angústia produzem problemas de pele ou respiratórios. A situação pode se agravar quando a pessoa, por vergonha de expor sua situação financeira e ser julgado, passa a se sentir fracassada ou perde o poder simbólico que o dinheiro cria.
Tipos de distúrbios financeiros
A relação com o dinheiro pode levar o indivíduo ou mesmo uma família inteira ao desespero, em função da falta de uma reserva financeira, excesso de dívidas, falência, pendências ou mesmo distúrbios financeiros.
Segundo a professora da FIA Business School, todo mundo já tomou uma decisão errada em relação ao uso do dinheiro pelo menos uma vez na vida. Principalmente porque a maioria das pessoas não teve educação financeira formal, ou mesmo referências sobre o assunto em casa.
“Uma coisa é um erro isolado, outra é um distúrbio financeiro. Mas, ainda que sejam diferentes, os dois casos podem comprometer a saúde mental do indivíduo. Um distúrbio financeiro leva a um padrão persistente, previsível e frequentemente rígido de comportamento autodestrutivo relacionado ao uso do dinheiro”, explica ela.
Sauer elenca os distúrbios financeiros em três grupos, que são facilmente mais perceptíveis:
O primeiro está relacionado a evitação a qualquer custo do dinheiro. Neste caso, a pessoa faz de tudo par não ter que lidar com o assunto, ela nega, rejeita, faz investimentos ruins e até se autoboicota para não ter de receber em troca de um trabalho.
O segundo distúrbio está relacionado às compulsões, tanto por acumular dinheiro quanto pelo caminho oposto. A pessoa obcecada geralmente faz de tudo para gastar pouco e/ou trabalha compulsivamente para gerar mais reserva, apesar de achar que nunca possui o suficiente. No outro extremo, o papel é de um comprador ou gastador compulsivo (oniomania) ou alguém que tem um descontrole patológico (ludopata), que o leva a vício em jogos de azar, por exemplo.
O terceiro grupo dos distúrbios está nas relações financeiras: situações em que existem a infidelidade financeira, a facilitação e dependência financeira e, por último, o incesto financeiro (pais ou responsáveis que abusam financeriamente dos filhos).
Como cuidar das finanças e da saúde mental
O maior desafio para aqueles que percebem ter problemas relacionados às finanças é saber como lidar com os acontecimentos. Paula Sauer ressalta que não é exatamente simples, mas que a ideia é fazer com que o sujeito aprenda a se blindar, se proteger de infortúnios financeiros.
“Eventos externos como uma mudança no cenário econômico, uma emergência sanitária, falecimento ou doença de um ente querido, desemprego, mudança de emprego, de cidade, nascimento de um filho, guerras, enfim, eventos que muitas vezes podem ser externos à vontade do indivíduo podem impactar suas finanças, algumas vezes, severamente”, destaca ela.
Por outro lado, alguns pontos são essenciais para tentar manter a saúde mental e as finanças minimamente alinhadas. São elas:
- Ter uma reserva financeira;
- Manter o acompanhamento de seu comportamento financeiro;
- Gastar menos do que ganha, se possível;
- Se informar sobre produtos e soluções financeiras disponíveis no mercado;
- Se educar financeiramente e para o consumo;
“São estratégias que somadas fazem com que o indivíduo tenha uma vida financeira mais saudável, o que sem dúvida se refletirá em sua saúde mental”, destaca a professora da FIA Business School.
O que fazer ao perceber problemas de saúde mental?
Para aqueles que já sentem a saúde mental afetada, principalmente por questões financeiras, a primeira coisa a se fazer é buscar ajuda profissional, seja de um planejador financeiro certificado, ou mesmo de um psicólogo especializado.
“Um dos profissionais ajudará a resolver a questão financeira, o segundo pode identificar comportamentos que precisam ser observados, identificados, além de tratar os distúrbios e acolher as emoções e os sentimentos gerados pela situação financeira”, destaca Sauer.
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