Posso abrir contas em bancos e corretoras em nome do meu filho?
Instituições financeiras oferecem a opção de abrir contas para filhos, mas há regras como limite de idade e supervisão dos responsáveis
Abrir uma conta em nome dos filhos menores de idade, seja em banco ou em corretora, é uma alternativa para quem busca incentivar a educação financeira dos pequenos ou separar investimentos para o futuro deles.
A maioria dos bancos e corretoras oferece a opção de contas para menores, mas cada instituição tem suas regras. Pelas regras do Banco Central, essas contas precisam ser administradas pelos pais ou responsáveis, e podem ser movimentadas pelas crianças e adolescentes, se essa for a vontade da família.
Neste caso, dá para ativar as notificações no aplicativo para monitorar as transações e colocar limite nos gastos dos menores, sempre feitos no débito – a função crédito ainda não está liberada para que menores de 18 anos sejam os titulares do cartão.
Há, ainda, a opção de cartões pré-pagos, que podem ser abastecidos com um limite de recursos estipulado pelos responsáveis, e operados pelos menores. Outra alternativa é colocar o menor de idade como co-titular de uma conta corrente administrada pelo responsável.
Essas alternativas são uma opção para que os menores aprendam a fazer escolhas sobre onde gastar o dinheiro, e a controlar os gastos.
Por que abrir uma conta para os filhos
Ensinar os filhos a lidar com dinheiro é um dos principais benefícios de se abrir uma conta corrente ou de investimento em nome deles, diz o educador financeiro Thiago Godoy, criador do Papai Financeiro. Nestas contas, eles poderão receber e guardar uma mesada, por exemplo, e pagar pequenas compras do dia a dia, como lanches na escola e passeios.
“Você está dando a essa criança e jovem um acesso controlado [aos recursos que você estipular]. Com isso, elas vão aprender desde muito cedo qual é o valor do dinheiro”, afirma Godoy.
Um segundo benefício é ensinar os menores a investir – não pensando apenas em riqueza, mas em planos a longo prazo. Ao lado dos filhos, é possível sonhar e definir metas para essas realizações, estipulando quais são as prioridades dessa criança e adolescente, sempre de acordo com a maturidade de cada um.
“Dá para pensar em um brinquedo mais caro, ou para os maiores, em intercâmbio, viagens, faculdade, e outros objetivos que demandam planejamento e investimento”, diz Godoy.
Além disso, a longo prazo, esse recurso que está registrado em nome do menor fica destinado apenas para ele, separando as finanças dos pais e dos filhos.
Idade mínima para ter uma conta
De uma maneira geral, a conta poupança não tem limite mínimo de idade, explica Paula Sauer, planejadora financeira. “Não é raro o oferecimento de uma conta poupança por algum parente, normalmente os avós, quando do nascimento de um bebê”, diz.
Mas, quando o assunto é conta corrente para menores, o mais comum é ver os bancos oferecendo essa opção para adolescentes a partir de 16 anos, tendo um dos pais como responsável legal, explica Sauer. Já os bancos digitais costumam abrir a possibilidade para menores a partir de 10 anos.
Já nas contas de investimento, há corretoras que facilitam a abertura desde o nascimento da criança, sempre com um responsável legal administrando a conta, explica Sauer.
“Quando a conta é aberta para investir, as corretoras podem restringir a oferta de algumas modalidades de investimentos, principalmente os de maior risco”, diz.
Como escolher a melhor instituição
Há diversos fatores que pesam na escolha do melhor banco para abrir a conta para o filho. Em geral, se for onde os pais ou responsáveis tiverem conta, fica mais fácil administrar. Mas não há problemas se a ideia for separar tudo, até o banco.
O importante é observar se a instituição é sólida, quais taxas serão cobradas e como é a navegabilidade dos aplicativos que serão operados pelas crianças e adolescentes – quanto mais simples e intuitivo, melhor. Alguns trazem até conteúdos sobre educação financeira para os menores.
Como ensinar os filhos a cuidar do próprio dinheiro
Com crianças pequenas, o ideal é usar a brincadeira para estimular a imaginação, ensinando mais a assimilar valores, comportamento, atitudes e visão de mundo do que a investir de fato.
Isso porque crianças pequenas não têm conhecimento matemático e maturidade para aprender a investir, afirma Godoy. “Você tem que ensinar às crianças pequenas os conceitos básicos mesmo: como economizar, como dar prioridade, o que é necessidade ou desejo, diferenciar esses conceitos e dar o valor real para as coisas”, diz.
Dar mesada é uma boa forma de começar a educação financeira dos filhos. Segundo ele, a partir dos sete anos, a criança já pode começar a administrar esse recurso.
Paula Sauer sugere dar à criança algumas atividades remuneradas, para que ela saiba como se ganha dinheiro. “Não estou falando sobre lavar a louça, porque isso faz parte da convivência, mas remunerar alguma atividade diferente, como lavar um carro, o que não é uma obrigação da criança. Assim, ela vai saber que a atividade cansa, vai entender que é chato, e que isso é um trabalho”, explica.
Com um cofrinho, de preferência transparente, a criança começa a ver o dinheiro acumulando e pode fazer planos para comprar alguma coisa que ela queira, dizem os especialistas.
Outra alternativa é transformar sonhos em planos. Com a ajuda dos pais, as crianças podem pesquisar quanto custa realizar o que desejam, calcular em quanto tempo vão conseguir poupar aquele dinheiro e se haverá ganhos extras em datas comemorativas, por exemplo, onde os familiares dão dinheiro em vez de presentes – caso isso seja um combinado da família.
“Se for uma viagem de R$ 10 mil, ele vai saber que demora para juntar esse dinheiro. E pode planejar para realizar isso daqui a alguns anos”, diz Sauer.
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