Qual a relação entre risco e retorno nos investimentos? Entenda
Conceitos estão intrinsecamente ligados e devem ser analisados com cuidado antes de investir
É impossível separar o risco do retorno, ou vice-versa, no mundo dos investimentos. Assim como não é possível decidir se uma coisa é cara ou barata sem pensar na relação entre custo e benefício ou nos pontos negativos e positivos de cada situação da vida cotidiana.
Imagine que você mora na capital de São Paulo e pretende entrar para a carreira pública. Presta diversos concursos e é aprovado em dois. Ambos oferecem o mesmo salário, mas em um deles você terá que se mudar para Minas Gerais e, no outro, terá que ir para o Pará. O benefício ou salário (que seria o retorno esperado) é igual em ambos, mas os custos (riscos) são diferentes.
Qual você escolheria? Mudar para perto ou ir para longe? Levaria em conta o custo de viver em cada cidade? E se o salário do concurso no Pará fosse o dobro do salário de Minas Gerais? Isso influenciaria na sua escolha?
Decidir sobre investimentos, analisar riscos e retorno, ou seja, pontos positivos e negativos, deve ser tão natural quanto todas as escolhas que fazemos na vida. O retorno é o lucro que teremos ou poderemos ter na operação, e o risco é toda chance de insucesso do investimento.
Uma boa análise de riscos envolve conhecer o que pode dar errado e qual o impacto que esses eventuais problemas podem causar no seu planejamento financeiro. Não existe investimento sem riscos. Mas, uma vez conhecidos, é preciso analisar se, na sua opinião, o retorno esperado é adequado frente aos riscos.
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Risco sistêmico e risco não sistêmico: qual a diferença?
Quando se fala de risco, o investidor deve levar em conta dois tipos: risco sistêmico e risco não sistêmico.
Risco sistêmico
É aquele que afeta a todos ao mesmo tempo, um problema que recai sobre todo um sistema. Como exemplos temos crises financeiras, como a crise do subprime em 2008, ou a recente crise ocasionada pela pandemia. São ocasiões em que praticamente todos os ativos perdem valor ao mesmo tempo, sistematicamente. Mudanças de legislação e regras de tributação também podem afetar todo o mercado.
Risco não sistêmico
Chamado de risco individual, é aquele que afeta apenas um ativo ou uma classe de ativos por vez. A falência de uma empresa, por exemplo, é um fato individual, que vai afetar apenas a precificação dos títulos dela. Já o aumento dos preços do petróleo, por exemplo, pode afetar negativamente as empresas que usam muito petróleo, mas, positivamente as que produzem esse insumo.
Qual o principal tipo de risco a se considerar?
Antes de decidir sobre um investimento específico, como ações ou debêntures de uma companhia, CDB de um banco, etc., é preciso considerar principalmente os riscos individuais.
O que pode dar errado com a companhia ou com o banco e como isso vai afetar o retorno do meu investimento? Se tudo der certo, o retorno esperado compensa o risco de perder? Aqui, há riscos que podem ser evitados e aqueles que o investidor aceita correr.
Já o risco sistêmico não é evitável. É o risco mínimo que toda pessoa precisa assumir ao investir. Também vale lembrar que mesmo quem não tem investimentos é afetado quando ocorre um fato que atinge toda a economia, pois ele geralmente afeta o mercado de trabalho, a inflação, entre outros.
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Como o investidor pode lidar com os riscos?
Para lidar com o risco não sistêmico, o primeiro passo é analisar muito bem a situação da empresa em que se está investindo, as perspectivas para o segmento em que ela atua e o cenário macroeconômico, como o crescimento do PIB, a inflação e a Selic. O risco também pode ser minimizado com uma medida conhecida como diversificação.
Isso significa alocar investimentos entre diferentes classes de ativos e setores. Para renda fixa existem ativos de crédito público e de crédito privado, renda fixa prefixada e pós-fixada, com liquidez diária e sem liquidez diária. Para renda variável, há fundos imobiliários de diferentes segmentos do mercado imobiliário, ações de companhias de diferentes setores da economia e, por fim, investimentos em ativos de outros países, como REITs (similares aos FII) e ações de companhias estrangeiras (BDRs), além de moedas estrangeiras e metais.
No caso do risco sistêmico, não há como evitá-lo, ele não pode ser minimizado pela diversificação, por isso também chamado de risco não-diversificável. O que pode ser feito é a alocação de parte dos investimentos em ativos de baixo risco, como a renda fixa, ou o uso de estratégias de proteção como, por exemplo, a utilização de derivativos em operações de hedge.
Não há motivo para ser excessivamente arrojado ou conservador, tudo irá de acordo com seu perfil de investidor e com sua estratégia de investimentos montada de acordo com seus objetivos. Cada pessoa tem que saber quanto pretende ter em renda fixa e quanto em renda variável. Quanto precisa ter em liquidez imediata e quanto pode ser resgatado só no longo prazo.
Confira o vídeo sobre o que levar em conta ao diversificar sua carteira | Minuto B3 – 05/07/2021
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