Objetivos financeiros

Tenho R$ 50 mil e o sonho de comprar um imóvel em 10 anos: onde investir?

Consultar o valor da casa, ajustar orçamento, planejar aportes mensais e definir uma estratégia de investimentos estão entre as dicas

O investidor com objetivo de comprar um imóvel daqui a 10 anos deve ficar atento quanto as formas de proteger seu dinheiro da inflação. Para isso, existem diversos produtos financeiros com bons rendimentos, além do próprio investidor organizar uma estratégia de alocação de recursos que ajudem a aumentar o seu patrimônio para atingir esse objetivo no futuro.

A inflação segue em 3,93% nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio, o índice acelerou para 0,46% após ter registrado 0,38% em abril.

As opções para proteger o patrimônio contra a inflação, pensando em adquirir um imóvel, são variadas. Os ativos mais indicados para este tipo de objetivo giram em torno da renda fixa, com títulos públicos, como Tesouro IPCA +, de acordo com especialistas. Mas outras opções também estão na mesa, o que muda é o perfil do investidor e seu objetivo financeiro, por isso, saber esses dois fatores antes de começar um investimento são fundamentais.

Valor do imóvel: até quanto pagar

O primeiro passo é conferir o valor do imóvel que você pretende comprar. Feito esta consulta, o seu orçamento deve ser ajustado a partir desse valor, de acordo com o especialista em educação financeira da Suno, Guilherme Almeida.

“Não existe uma resposta fechada, porque existem três variáveis que influenciam. A primeira é o valor do imóvel. Você tem que ter isso em mente porque esse é seu ponto de partida. Precisa saber qual o valor para saber o aporte mensal necessário e o que poderá cortar e economizar de recursos para conquistar esse objetivo”, afirma.

João Cabral, sócio e head de planejamento financeiro da EQI Investimentos, chama atenção para os valores da mobília que irão influenciar no valor final da casa.

“Supondo que você esteja pensando em comprar um imóvel em um padrão que valha, a preço de hoje, R$ 1 milhão de reais. Adicionalmente, se gasta entre 20% a 30% a mais do valor do imóvel com mobília. Muitos não fazem essa conta e entram em parcelas além da capacidade”, explica.

Calcule os aportes mensais

Almeida ressalta que existe a possibilidade do investidor alocar recursos mensais para acumular mais patrimônio.

“Esse investidor pretende acumular recurso para adquirir um imóvel. Ele dificilmente irá acumular um montante considerável à vista para comprar o bem. Mas no decorrer de 10 anos, terá aportes mensais, trimestrais ou semestrais, isso varia conforme o perfil do investidor. Isso deve estar atrelado ao seu perfil porque é algo muito particular.”

Já Cabral estima que, se o investidor chegar com um valor para negociar, isso aumenta o poder de barganha.

“Imaginando, então, um valor de R$ 1.300.000,00, você deveria aportar em investimentos algo em torno de R$ 7.940,00 (considerando a inflação) para chegar neste valor em 10 anos. Óbvio que nem sempre temos condições de juntar todo o montante neste período, mas já seria uma excelente entrada, para financiar o resto lá na frente. Inclusive, ter dinheiro pode te ajudar a ter poder de barganha em algumas negociações.”

Onde investir R$ 50.000,00 em 10 anos?

Pensando daqui a 10 anos para comprar um imóvel, os títulos públicos em renda fixa trazem mais atratividade, considerando os pilares básicos de um investimento: liquidez, rentabilidade e segurança. Segundo Almeida, alguns ativos como Tesouro IPCA+ 2035 e Tesouro Prefixado estão mais atrativos para cumprir este objetivo hipotético.

“A renda fixa ainda tem bons títulos públicos, considerando o horizonte de 10 anos. Se a gente for olhar para a proteção do dinheiro com base na inflação acrescida de juros, o Tesouro IPCA + 2035 está bastante atrativo, está pagando taxas de 6,29%. No vencimento, o investidor terá um recurso líquido aproximado de R$ 125 mil, na hipótese de alocar R$ 50 mil e sem mais nenhum aporte. Esse valor pode ser maior se combinar esse investimento inicial com aportes mensais.”

“Há alternativas no Tesouro Prefixado, com taxas beirando os 12%, o que indica que daqui a sete anos o capital do investidor irá dobrar”, destaca Almeida. “Se considerar o Tesouro Prefixado 2035, sem aportes mensais, os R$ 50 mil investidos cresceriam até o vencimento para R$ 130 mil, líquido de imposto de renda e as taxas da B3. É uma opção boa para o investidor proporcionada pelo cenário fiscal e ambiente político. Tem também o Tesouro Selic, mas ele está mais associado a um horizonte incerto, que sofre menos com a marcação a mercado.”

Já nos títulos privados, ele ressalta que o investidor precisa avaliar bons emissores, com risco de crédito menor, e grandes instituições financeiras no caso de CDBs. “Você precisa priorizar os emissores com boa qualidade de crédito, com rentabilidade atrativa, especialmente acima de 100% do CDI”, diz.

Cabral traz destaque para os fundos de renda fixa, CDBs e debêntures, além dos ativos mencionados por Almeida.

  • Fundos de renda fixa: existem opções bem conservadoras onde você pode investir seu capital. Fundos com um bom histórico (apesar de não ser garantia de rentabilidade futura) trazem mais segurança e menos volatilidade para os seus investimentos. Você pode diversificar seu capital entre investimentos com menos liquidez e mais retorno, mas também, investir com mais liquidez e menos retorno, sendo este último uma reserva de emergência.
  • CDB: ao longo do tempo, é possível aproveitar oportunidades de CDBs pagando altas taxas prefixadas (na casa de 15% a 17% ao ano) com proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), além de remunerações pós-fixadas. A proteção do FGC é interessante, pois você pode diversificar seu capital em diversas instituições, garantindo uma proteção de até R$250 mil por instituição e até R$1 milhão por CPF.
  • Debênture: isentos de IR, as debêntures podem puxar o retorno da carteira para cima. Isto porque, por natureza, possuem um grau de risco maior que os CDBs, afinal, não possuem a garantia do FGC. Para isto, é necessário fazer uma boa escolha de quais debêntures investir. Uma assessoria de investimentos séria e comprometida pode ajudar neste processo de escolha.
  • Tesouro IPCA+ : A depender do momento, pode ser uma boa estratégia a longo prazo, visto que o investimento tem remuneração fixa e seu montante é corrigido pelo IPCA. Porém, é preciso se atentar a momentos específicos. Atualmente, por exemplo, o Tesouro IPCA+ está pagando uma de suas melhores taxas dos últimos tempos.

Mudanças ao longo do tempo

Como o prazo de 10 anos é extenso, esse período fica sujeito a alternâncias de governo, oscilações da inflação e volatilidade do mercado de capitais.

“Dez anos é um tempo considerado um médio (quase longo) prazo. O governo muda, políticas econômicas e cenário global muda, mas, principalmente, a nossa vida muda. É importante ter o acompanhamento de um profissional durante o período para readequar a sua carteira sempre que houver uma mudança considerável no cenário, te mantendo alinhado com seus objetivos e maximizando o valor do seu dinheiro e trabalho”, destaca Cabral.

Com isso, uma boa estratégia, conforme o especialista, é fazer aportes mensais pensando em liquidez. “Como nem sempre existem boas oportunidades, os aportes mensais você pode ir depositando em fundos de renda fixa com alta liquidez, criando uma reserva para aproveitar as oportunidades que surgem em momentos pontuais, maximizando seu retorno ao longo do tempo.”

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