B3 Convida

William Green conta o que aprendeu entrevistando os maiores investidores do mundo

Em entrevista ao B3 Convida, William Green fala sobre paciência, risco, propósito e o que realmente importa quando o assunto é investir

Ao longo de mais de três décadas, William Green entrevistou alguns dos maiores investidores da história e ouviu, no detalhe, como eles pensam, tomam decisões e lidam com ciclos de euforia e pânico no mercado. No episódio mais recente do B3 Convida, o jornalista e autor best-seller revisita essas conversas e mostra por que a sabedoria acumulada por lendas como Charlie Munger e Ray Dalio continua tão atual para quem investe — mesmo que em valores muito menores do que os deles.

4 lições dos maiores investidores do mundo, segundo o jornalista William Green

Logo no começo da entrevista, Green relembra como sua visão sobre investimentos mudou desde a infância, quando via o pai comprar e vender ações quase por lazer. “Demorei a entender que investir, de verdade, é se tornar sócio de um negócio real”, diz. Para ele, essa mudança de mentalidade — de especulação para uma visão de sócio do negócio — é a base de qualquer estratégia sólida de longo prazo. O investidor que enxerga ações como empresas tende a ser mais disciplinado, menos impulsivo e muito mais paciente, uma qualidade que Green considera uma das maiores vantagens competitivas do mercado.

A paciência, aliás, é um dos temas mais fortes da conversa. Green cita o exemplo do gestor Nick Sleep, que obteve retornos extraordinários simplesmente mantendo posições em poucas empresas de alta qualidade por muitos anos. “O sucesso dele veio menos de prever o futuro e mais de reconhecer modelos de negócios excepcionais — e ter a tranquilidade de não vender suas ações no meio do caminho”, explica. Em um mundo de ruído constante, essa capacidade de se distanciar das oscilações diárias e focar no que realmente importa é, segundo Green, uma das habilidades mais raras e valiosas para qualquer investidor.

Mas antes de tentar imitar os grandes nomes, ele faz um alerta: é preciso entender se você realmente tem algum “edge”, alguma vantagem clara sobre o mercado. Green lembra da visão de Ed Thorp para lembrar que bater o mercado exige método, conhecimento e temperamento — e que, na falta disso, recorrer a estratégias indexadas é uma escolha racional, não um fracasso. Essa honestidade consigo mesmo, diz ele, protege o investidor de assumir riscos que não consegue medir.

A entrevista também mergulha em um tema que extrapola finanças: a importância da sobrevivência e da resiliência. Green conta como a crise de 2008 o atingiu pessoalmente, ao mesmo tempo em que seus investimentos despencavam. A principal lição, segundo ele, foi entender que evitar a ruína é mais importante do que perseguir retornos extraordinários. Ter baixa alavancagem, manter dívidas sob controle e priorizar a própria segurança financeira são, para ele, pilares de uma estratégia sustentável.

O momento mais tocante da conversa surge quando o jornalista fala sobre o que chama de “o lado invisível da riqueza”. Ele cita Arnold Van Den Berg, sobrevivente do Holocausto e um dos investidores mais admirados por ele, como exemplo de alguém que encontrou felicidade não no acúmulo de dinheiro, mas na gratidão e no serviço aos outros. “Você pode ter muito e ainda assim se sentir vazio, se não tiver um propósito”, afirma Green. Para ele, relacionamentos significativos e uma vida alinhada com valores pessoais são o verdadeiro patrimônio.

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