CRI e CRA

Taxas do crédito privado isento de IR caem, mas ainda são atrativas

Taxas oferecidas por CRIs, CRAs e debêntures de infraestrutura diminuem de IPCA+ 7% para IPCA+ 5%. Contudo, nova realidade do mercado ainda é boa

O ciclo de queda da taxa básica de juros tende a diminuir os rendimentos em investimentos de renda fixa. E esse reflexo já pode ser observado no crédito privado isento de Imposto de Renda, como debêntures de infraestrutura, CRIs e CRAs, seja via investimento direto nestes títulos ou via fundos.

Diante desse cenário, investidores vêm encontrando maior dificuldade de encontrar papéis com taxas elevadas tanto no mercado primário, onde são emitidos por empresas que buscam captar novos recursos, como no mercado secundário, no qual investidores negociam títulos entre si. Sobre eles, paira a dúvida: como estamos apenas no início do ciclo de baixa dos juros, as taxas oferecidas ainda podem ser consideradas “boas”?

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Avanço de reformas e diminuição do risco

Odilon Costa e Gustavo Saula, analistas de renda fixa da Solutions Wealth Management, apontam em relatório distribuído a clientes que para chegar a uma conclusão é necessário lembrar que a taxa real de um título privado tem três componentes:

  • a remuneração dos títulos públicos de prazo e condições similares (indexador)
  • o prêmio de crédito do emissor (remuneração adicional por conta do risco)
  • condições de oferta e demanda de mercado

A remuneração dos títulos públicos atrelados ao IPCA, especialmente os mais longos, depende principalmente da percepção de risco do mercado em relação à trajetória das contas públicas, estabilidade política e dos juros de economias desenvolvidas.

Com relação a esses temas, nos últimos meses as pautas políticas referentes ao arcabouço fiscal e reforma tributária avançaram; e houve melhora da comunicação do governo com o mercado. Esses cenário resultou em uma forte compressão das taxas dos títulos públicos.

No entanto, os analistas da Solutions reforçam que o patamar ainda é historicamente elevado se observarmos a dinâmica de preço dos Tesouro IPCA+ (NTN-B) ao longo nos últimos anos. “São poucos os momentos nos quais encontramos um título público longo acima de IPCA+5%, especialmente em um contexto de trajetória de curto prazo favorável para a economia”, apontam.

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Além disso, Costa e Saula observam um prêmio de crédito em trajetória descendente, apesar de ainda estar mais alto do que o registrado em janeiro, principalmente por causa da melhora gradual da percepção do risco de crédito dos emissores após os “sustos” de Lojas Americanas e Light.

A demanda ainda segue fortemente concentrada em nomes mais óbvios ou de setores menos cíclicos. Porém, os prêmios de crédito dos títulos incentivados ainda estão elevados quando comparados aos níveis observados no início desse ano. Ou seja, a relação risco-retorno dos títulos melhorou, pois paga um prêmio melhor em comparação a um título público do que antes.

Expectativas

Dadas a continuidade da percepção de um cenário macroeconômico mais benigno e a redução do custo de dívida dos emissores, os analistas da Solutions concluem que as taxas dos títulos privados continuem diminuindo pelo menos até o final do ano.

Ou seja, adquirir um título com uma remuneração próxima de IPCA 5,5% ou IPCA+6% para um nome com alta qualidade de crédito ainda faz bastante sentido.

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“É verdade que o IPCA+7% em nomes mais óbvios trará saudades. Porém a realidade do mercado é outra; e para quem não aproveitar os níveis vigentes, provavelmente terá que se satisfazer com uma taxa ainda menor lá na frente”, concluem.

Os analistas reforçam que quem “trava” o título em uma taxa mais elevada tem o benefício de poder vender o título numa taxa menor no futuro, e isso pode resultar em ganho de capital, caso o cenário siga otimista no país.

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