Tesouro direto

Por que o Tesouro Selic é usado para reserva de emergência? 

Características do Tesouro Selic fazem com que o título se encaixe nas necessidades de uma reserva

A reserva de emergência é um colchão financeiro que serve como proteção em caso de imprevistos, como perda de emprego ou uma despesa inesperada que o orçamento mensal não comportaria. Ou seja, é um dinheiro que precisa estar à mão rapidamente – e escolher o ativo certo para isso é crucial. 

Dentre os investimentos que são comumente citados como opção para colocar a reserva de emergência, o Tesouro Selic destaque por reunir três atributos essenciais para este tipo de investimento: segurança, liquidez e rentabilidade. 

“Ele é acessível a todos os investidores, oferece segurança devido à sua natureza de título público emitido pelo Governo Federal, tem alta liquidez para situações emergenciais e ainda apresenta rentabilidade que acompanha a taxa básica de juros, o que torna uma opção interessante, especialmente em tempos de taxa Selic alta”, afirma Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver

Características do Tesouro Selic 

Segundo Marcos Milan, professor da FIA Business School, os ativos que se enquadram no pilar da reserva de emergência precisam apresentar alta liquidez e baixo risco, e investimentos com essas duas características tendem a apresentar baixa rentabilidade. 

“É certo que no atual momento da economia, em que ativos do Tesouro Selic apresentam rentabilidade de cerca de 1% a.m., não podemos dizer que é uma rentabilidade baixa, todavia é sempre importante lembrar que analisar o atual momento é pegar apenas um recorte do todo”, ressalta ele. 

Dentro dessas 3 características de investimentos, de acordo com Gubert, o Tesouro Selic apresenta tais comportamentos: 

  • Segurança: Trata-se de um título público emitido pelo Governo Federal, com baixo risco de crédito, pois é garantido pelo próprio Estado. Além disso, apresenta baixa volatilidade porque acompanha os movimentos da taxa básica de juros (Selic). Quando a Selic está alta, o Tesouro Selic oferece rendimentos atrativos e consistentes. 
  • Liquidez: Uma reserva de emergência precisa estar disponível rapidamente. O Tesouro Selic permite que o investidor faça resgates e tenha o dinheiro na conta no dia útil seguinte, o que é essencial em momentos de necessidade urgente. 
  • Rendimento: O Tesouro Selic oferece rentabilidade superior à poupança, sem abrir mão da segurança e da liquidez. Em períodos de taxa Selic elevada, o investidor consegue uma boa rentabilidade, mantendo o recurso acessível quando necessário. 

Outros investimentos que usados para reserva de emergência 

Além do Tesouro Selic, que é uma opção muito popular pela sua segurança e liquidez, existem outras alternativas de investimentos adequados para a reserva de emergência. As opções devem sempre seguir um padrão de baixo risco, alta liquidez e permitir resgates rápidos sem grandes perdas. Aqui estão algumas opções: 

CDBs com liquidez diária 

Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são títulos emitidos por bancos, com a promessa de pagamento de juros ao investidor. Alguns CDBs oferecem liquidez diária, permitindo o resgate do valor investido a qualquer momento sem penalização. 

Entre as vantagens dos CDBs, estão a segurança, especialmente se emitidos por bancos de grande porte, e a rentabilidade, que tende a ser superior à da poupança. 

Como ponto de atenção, é preciso avaliar se a rentabilidade não é inferior ao Tesouro Selic, o que faz com que esse ativo fique menos atrativo. 

LCAs e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) com liquidez diária 

As letras de crédito do setor imobiliário e do agronegócio (LCI e LCA) são títulos emitidos por bancos para captar recursos para projetos nessas áreas específicas, e são isentos de imposto de renda para pessoas físicas. 

A isenção do importo, inclusive é um dos benefícios, como a segurança, especialmente quando emitidos por bancos de grande porte. Alguns oferecem liquidez diária, permitindo o resgate a qualquer momento, o que os credencia para reservas de emergência. Por outro lado, a rentabilidade pode ser menor em comparação com outras opções de maior risco. 

Fundos de renda fixa com liquidez diária 

Os fundos de investimento que aplicam em ativos de renda fixa, como títulos públicos, também são uma alternativa, já que alguns oferecem liquidez diária, permitindo resgates rápidos. 

Como vantagem está a diversificação, com a possibilidade de ter uma carteira de ativos mais ampla. Porém, a sua rentabilidade pode variar conforme o fundo escolhido, com algumas taxas de administração podendo reduzir a rentabilidade líquida. 

Poupança 

Um dos investimentos mais tradicionais, a poupança é um conta bancária com rentabilidade fixa. Ela apresenta liquidez imediata, não tem custo de administração e é isenta de imposto de renda. Mas, sua rentabilidade é frequentemente inferior à de outras opções, como o Tesouro Selic ou CDBs, e muitas vezes perde para a inflação. 

O professor da FIA Business School ainda ressalta que é possível diversificar sua carteira mesmo na reserva de emergência, desde que os ativos escolhidos tenham as mesmas características de baixo risco e liquidez imediata.

Como montar uma reserva de emergência 

Montar uma reserva de emergência é uma etapa fundamental do planejamento financeiro, pois garante que você esteja preparado para imprevistos sem precisar recorrer a empréstimos ou comprometer outros objetivos financeiros. 

Para que essa reserva seja eficaz, ela deve ser planejada de forma estratégica, considerando os gastos essenciais e o tempo que a quantia deve cobrir. 

“Um valor abaixo do necessário pode deixar o investidor descoberto em uma situação emergencial. Já um valor superestimado pode fazer com que o investidor perca boas oportunidades de alocação no longo prazo e mesmo de planejamento tributário”, diz Milan. 

De acordo com o professor, não existe um cálculo exato para a reserva mas ela deve ser adaptada às necessidades de cada pessoa ou família, com isso ele deixa uma média de:  

  • Funcionários públicos: valor entre 3 a 6 meses das despesas mensais; 
  • Trabalhadores CLT: Valor entre 5 e 8 meses das despesas mensais; 
  • Profissionais autônomos e PJ em geral: Valor entre 8 e 12 meses das despesas mensais. 

“Com essa estimativa de alocação, a reserva de emergência entrega seu maior valor: Uma noite de sono tranquila ao investidor, que sabe que em qualquer eventualidade, seu padrão de vida e manutenção da sua organização de caixa está garantido”, aponta Marcos Milan. 

Passo a passo 

1. Calcule seus custos fixos 

A primeira etapa é calcular quanto você realmente precisa ter na sua reserva de emergência. O valor deve incluir itens essenciais do orçamento como: 

  • Moradia (aluguel ou financiamento, condomínio); 
  • Alimentação; 
  • Transporte; 
  • Saúde e medicamentos; 
  • Contas de serviços públicos (energia elétrica, água, internet, etc.) 

2. Controle suas despesas 

Manter um controle claro e organizado das suas despesas mensais é essencial. Isso ajuda a entender exatamente qual é o valor que você precisa para manter sua vida financeira estável em caso de imprevistos. 

5. Faça aportes recorrentes 

Enquanto estiver na fase de formação da reserva de emergência, estabeleça uma rotina de aportes mensais. “As transferências programadas ou automáticas ajudam a garantir que você mantenha uma disciplina de poupança e, com o tempo, consiga acumular o valor necessário”, alerta Daiane Gubert. 

5. Comece imediatamente 

Começar o quanto antes é essencial para chegar ao objetivo. “Mesmo que você só tenha R$ 50,00 para começar, inicie agora! Com valores pequenos, você já pode investir no Tesouro Direto, o que ajudará a garantir a segurança e a rentabilidade da sua reserva de emergência”, conclui a head de assessoria de investimentos da Melver. 

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