Após primeiro trimestre de queda, o que esperar para o Ibovespa em 2024
Após patamar nominal recorde na virado do ano, Ibovespa teve queda no primeiro trimestre do ano
Depois de fechar em 134 mil pontos em 2023, o Ibovespa teve um início de ano de desvalorização. O principal índice de ações da bolsa de valores brasileira fechou o primeiro trimestre de 2024 com queda de 4,53%, aos 128 mil pontos.
Entre altas e baixas, alguns papéis se destacaram entre os que mais subiram e desceram. A Embraer, a 3R Petroleum e a Braskem figuram entre as com melhores desempenhos no trimestre, com alta de 48,77%, 25,53%, 20,77%, respectivamente. Já Casas Bahia, Cogna e CSN Mineração estão entre as maiores baixas, com -40,42%, -32,38% e -31,62%.
O que influenciou no desempenho do Ibovespa no primeiro trimestre
No primeiro trimestre de 2024, as discussões sobre o cenário macroeconômico se voltaram para as decisões de juros, principalmente nos EUA. A postergação da flexibilização monetária na maior economia do mundo foi o principal fator de impacto no Ibovespa.
Segundo Eduardo Rahal, analista chefe da Levante Inside Corp, este atraso afetou negativamente os mercados emergentes, pois as altas taxas de juros americanas tendem a desviar a liquidez desses mercados.
O ano começou com os investidores esperando que o FOMC reduzisse a taxa de juros nos EUA já em março, o que não ocorreu. Ao longo do ano, as expectativas foram sendo ajustadas e as expectativas de corte de juros sendo levadas cada vez mais para frente.
Outro ponto citado por Rahal no cenário externo foi referente à economia da China, que não atendeu às expectativas de crescimento, o que levanta questionamentos sobre seu modelo econômico focado na construção civil.
“Isso impactou negativamente os preços de commodities, como o minério de ferro, que caiu cerca de 30% no ano, afetando diretamente ações de empresas como a Vale, com forte influência no Ibovespa”, aponta.
Cenário local
Já no cenário local, Fernando Siqueira, head of Research da Guide Investimentos, cita que outro fator que pesou contra o Ibovespa em 2024 até agora foram as revisões nas estimativas de lucros das empresas nacionais.
Ao contrário do que vem ocorrendo nos EUA, onde os lucros estão sendo impulsionados por empresas de tecnologia, no Brasil as expectativas de lucro do Ibovespa ficaram paradas nos últimos meses.
“Em linhas gerais, os resultados do quarto trimestre de 2023, divulgados ao longo das últimas semanas, foram ‘mornos’: alguns casos como Vale e Ambev desapontaram e alguns outros surpreenderam positivamente como BRF, Caixa Seguridade e Porto Seguro. Mas no agregado, os resultados não foram suficientes para ‘puxar’ o Ibovespa”, destacou em relatório.
O que esperar do Ibovespa para o resto de 2024
Rahal aponta que ao olhar para o futuro, o cenário parece mais favorável para ativos de risco. “Embora a política do Federal Reserve (Fed) dos EUA de manter as taxas de juros elevadas por mais tempo tenha afetado os ativos de mercados emergentes, espera-se que o Fed inicie um ciclo de flexibilização monetária ainda este ano, o que pode aliviar algumas pressões”, lembra.
No Brasil, ele ressalta que o Ibovespa apresenta um prêmio de risco atraente, com uma boa margem de segurança e retorno potencial para os investidores.
“Portanto, apesar dos desafios, há uma perspectiva mais otimista para os ativos domésticos, diante da possível flexibilização monetária nos EUA e da continuidade do ciclo de redução da taxa Selic, sugerindo uma coordenação entre os bancos centrais”, completa.
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