Aumento de juros e eleições americanas: o que pode ser bom quem investe?
Jakurski, Azevedo e Stuhlberger debateram o cenário macroeconômico e as perspectivas para a bolsa a depender do resultado das eleições nos EUA
Apesar das indicações de que o Bc pode elevar os juros na próxima reunião, agosto foi o melhor mês para o ibovespa em 2024. A avaliação de muitos gestores é a de que uma elevação agora pode abrir espaço para um corte mais forte à frente. Mas para André Jakurski, sócio-fundador e diretor executivo da JGP, esse não é o principal driver para o Ibovespa no curto prazo.
“O gasto do governo cresceu 15% em termos reais nos últimos 12 meses, a massa salarial subiu 8%. É um trem andando a 120 km por hora, eu pessoalmente acho que BC teria de aumentar juro mais que 1,5 ponto porcentual”, afirmou. Um cenário em que a autoridade monetária eleva a Selic de 10,50% a 12% “não vai fazer muita diferença”, diz Jakurski.
Para ele, o principal driver que pode levar a uma alta ou limitar os ganhos é o fluxo de capital estrangeiro para a bolsa brasileira. “Eu sempre ganhei dinheiro comprado com entrada expressiva de estrangeiro”, disse. “Vimos um início de entrada mais forte de estrangeiro para bolsa”, comentou, em um momento que os investidores institucionais domésticos focavam na compra de títulos públicos pagando acima de 6% sobre a inflação e os fundos de ações estavam vendendo papéis, por terem tido muitos resgates recentemente.
“A bolsa está amassada. Nada para mim diz que vai ter uma alta somente pelo BC aumentar Selic. O que importa é o que o estrangeiro vai fazer”, disse. “A bolsa brasileira está barata, mas não tão barata quanto já esteve”, concluiu.
Durante um dos painéis mais esperados da Expert 2024, Jakusrki debateu o cenário macroeconômico ao lado de Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde, e Rodrigo Azevedo, sócio, CIO e gestor dos fundos macro da Ibiúna Investimentos.
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Eleições americanas x investimentos
Além de discutir a necessidade de elevação da Selic, eles comentaram o que esperam do resultado das eleições dos EUA e seus impactos para o mercado. Para Stuhlberger, não é possível prever ainda quem será o vencedor, mas o mais provável é que o congresso norte-americano permaneça dividido, reduzindo o poder do presidente e amenizando os efeitos nos preços.
Rodrigo Azevedo pontuou que “fará muita diferença” ter um alinhamento entre presidente e congresso nos EUA. “De maneira geral, o mercado americano gosta dos republicanos e não gosta dos democratas, na bolsa em específico”, disse . Um governo republicano, resumiu o gestor, tende a ter menos regulação nos mercados e menos impostos. “Um governo democrata aumentaria impostos para gastar mais e teria mais intervenção na economia, acho que a bolsa não gostaria”.
Já quanto aos juros e câmbio, disse Azevedo, um governo de Donald Trump deve trazer mais pressões inflacionárias e reduziria a capacidade do Federal Reserve em cortar juros. No câmbio, um crescimento mais forte dos EUA deve se traduzir em um dólar mais forte. Caso a vencedora seja a atual vice-presidente Kamala Harris, acredita o gestor, o impacto seria o oposto: um dólar mais fraco e juros mais baixos.
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