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Crise na FTX dá sinal de alerta ao mercado mundial de criptomoedas

Empresa passa por uma crise de liquidez e possiblidade de falência impacta o mercado de moedas digitais em todo o planeta

Calculadora com moedas em cima, bitcoin
Moedas digitais, bitcoin. Fonte: Adobe Stock

O mercado de criptomoedas vive uma semana turbulenta diante da grave crise de liquidez da FTX – sétima maior corretora de criptoativos do mundo. A empresa corre o risco de quebrar se não conseguir recursos para cobrir um rombo de até US$ 8 bilhões.

A crise envolvendo a companhia de Sam Bankman-Fried se aprofundou após a rival Binance cancelar abruptamente uma oferta de aquisição da FTX. Pelas redes sociais, a maior corretora do mundo afirmou que desistiu da compra depois de fazer ‘due diligence’.

“Os problemas [de liquidez] estão além do nosso controle ou habilidade para ajudar”, tuitou a Binance que em nota completou. “Como resultado também das últimas notícias sobre fundos mal administrados de clientes e supostas investigações de agência dos EUA, decidimos que não daremos continuidade à potencial aquisição da FTX”.

Todo o problema começou no domingo (06/11) e piorou na quarta-feira (09/11) quando Bankman-Fried informou aos investidores que precisava de dinheiro para permanecer solvente. E completou que estava tentando levantar financiamento de resgate na forma de dívida, capital ou uma combinação dos dois, segundo informou a agência Bloomberg.

O sócio da gestora BLP Crypto, Axel Blikstad, explica que houve um claro desvio na administração da companhia que culminou nos problemas financeiros.

“Não teve governança nas empresas FTX e a Alameda Research, dois negócios do Sam Bankman-Fried. Você não pode tomar dinheiro de ativos de clientes e emprestar para uma empresa irmã para ela se alavancar e operar no mercado. É basicamente isso que aconteceu”.

Crise de liquidez

Diante dos problemas de liquidez, observados no balanço da empresa, houve uma correria para resgatar os ativos.

“Quando saiu a matéria do balanço pela CoinDesk, site de notícias especializado em moedas digitais, houve uma corrida – a clássica corrida de banco – de liquidez e, como não havia todos os ativos compatíveis com saques que começaram lá no domingo e culminaram na terça-feira, os saques não puderam ser feitos. Uma crise de liquidez mesmo”, explica Axel Blikstad.

As autoridades dos Estados Unidos estão apurando o que aconteceu com a FTX que, além das dificuldades financeiras, apresenta problemas de liquidez e solvência. Dentre as principais linhas de investigação está se a empresa lidou de forma inadequada com os recursos dos clientes. Além do relacionamento com outras partes do império de criptoativos de Bankman-Fried, incluindo sua trading Alameda Research.

O caso já está sob investigação na Securities and Exchange Commission (SEC) e na Commodity Futures Trading Commission (CFTC).

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E o dinheiro dos investidores?

Os problemas na FTX preocupam não apenas pelo destino da companhia, mas principalmente sobre como os investidores vão conseguir recuperar os ativos. A corretora suspendeu parte dos saques no início da semana. As empresas Robinhood Markets, Binance e a Coinbase já registraram uma grande entrada de recursos.

 No Brasil, a crise na FTX tem preocupado muitos investidores de ETFs de criptoativos. Para o sócio da gestora BLP Crypto é preciso de cautela neste momento, uma vez que a instabilidade pode trazer mais volatilidade às moedas digitais.

“O que acontece quando tem um evento tão grande como esse com a FTX, que envolve um volume muito grande de operação, é um medo generalizado no ecossistema como um todo. E muita gente acaba saindo de suas posições, o que afeta todos os ativos de maior liquidez, que acabam tendo uma fuga de capital muita rápida. Isso causa venda e esses movimentos drásticos no mercado”, afirma o sócio da gestora BLP Crypto.

E o mercado de criptomoedas?

Depois de perder em apenas três dias mais de US$ 236 bilhões, o mercado de criptoativos começa a melhorar. Segundo analistas, reflexo do resultado mais ameno da inflação nos Estados Unidos.

Aos poucos, o bitcoin (BTC), que chegou a ser negociado na casa de US$ 16 mil – menor valor desde novembro de 2020 – se recupera nesta quinta-feira.

Perto das 15h30, o bitcoin tinha alta de 3,28%, cotado a US$ 17.293. O ethereum (ETH) avançava 9,29% a US$ 1.265. Os dados são da Coindesk.

“O mercado de cripto está num alívio momentâneo. Não se sabe ainda o que pode acontecer. Então acho que o mercado deve ficar bem nervoso nos próximos dias ou semanas até saber exatamente se alguém vai sair ileso de toda essa situação”, acredita Axel Blikstad.

Quem é Sam Bankman-Fried?

Sam Bankman-Fried
Foto: FTX/Reprodução/Reprodução

Sam Bankman-Fried já foi considerado um garoto prodígio das criptomoedas. Com apenas 30 anos, ele chegou a ter sua fortuna avaliada em US$ 26 bilhões. Também já foi comparado a John Pierpont Morgan – empresário que ajudou a construir um dos maiores conglomerados financeiros do planeta, o JP Morgan.

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A situação lembra da importância de diversificar investimentos. Este vídeo traz informações sobre o tema:

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