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Entenda o que é grupamento de ações e por que ele é usado na bolsa

Proibição de ações de centavos e busca por redução de volatilidade estão entre os motivos

Entenda o que é grupamento de ações e como é usado na bolsa. Foto: Pixabay
Entenda o que é grupamento de ações e como é usado na bolsa. Foto: Pixabay

O anúncio de grupamento de ações da Magazine Luiza (MGLU3) trouxe à tona o debate em torno da funcionalidade desse recurso. Na prática, isso serve para aglutinar o capital em um número menor de ações sem perder o patrimônio. Mas quando isso ocorre? E por quê? Como ficam os acionistas?

No fato relevante divulgado no mês passado, a Magazine anunciou que o grupamento de ações seria de 10 para 1, ou seja, cada lote de 10 ações será “grupado” em apenas uma ação, sem qualquer mudança no capital. O motivo, segundo o documento, é reduzir a volatilidade das ações da companhia.

Após a conclusão do grupamento, a empresa deve permanecer com o capital social no montante de R$ 13,8 bilhões e passará a ser dividido em 738.995.248 ações ordinárias, todas nominativas, escriturais e sem valor nominal.

Quando e por que uma empresa faz um grupamento de ações?

Atualmente, as regras da B3 proíbem empresas a negociarem ações com preço abaixo de R$ 1 durante mais de 30 pregões consecutivos. Ao atingir essa marca, a empresa é notificada pela bolsa a fazer um grupamento de ações ou, em último caso, retirar esses ativos da listagem da bolsa.

“Uma das mudanças que entraram em vigor foi a proibição de penny stocks [ações de centavos]. Começou no índice, mas hoje não pode na bolsa em geral. Se as ações estivessem abaixo de R$ 1, não poderiam ficar listadas. Então, passou a existir um motivo a mais para fazer um grupamento”, explica Arthur Vieira de Moraes, professor de finanças.

Outro exemplo hipotético, conforme o professor: a empresa negocia uma ação a R$ 1,20, porém, acontece algo inesperado que mexe com os preços dela e o valor cai para R$ 0,90 durante um período de 20 dias. Ela precisa fazer um grupamento neste caso? “Não, não tem problema. Mas se ela ficar um período mínimo [de 30 pregões consecutivos] abaixo desse preço, ela se torna uma penny stock. Então, a companhia faz um grupamento ou tira a ação da bolsa.”

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Redução de volatilidade

Esse recurso também serve para recuperar liquidez e reduzir a volatilidade dos papéis na bolsa. É o caso da Magazine Luiza, conforme os motivos apresentados no fato relevante e aprovado em assembleia geral.

“O patrimônio não muda, o que muda é o valor de cada ação proporcionalmente negociada. Isso faz parte de um planejamento estratégico da empresa para aumentar a liquidez. Com esse grupamento, a volatilidade é evitada”, afirma o educador financeiro do Ágora Investimentos, Eduardo Reis Filho.

Ele traz um exemplo hipotético de uma empresa listada na bolsa que tenha duas ações negociadas a um preço médio de R$ 5. Em seguida, a empresa decide em assembleia pelo grupamento dessas ações. Dois ativos da companhia têm o valor de uma ação, ou seja, vai custar R$ 10, sem mexer no patrimônio.

No caso de “grupar” 10 ações em uma, a lógica permanece a mesma. “Se você tem 10 ações, então elas se tornam uma. Se tenho 10 ações de R$ 1, eu fico com uma ação de R$ 10”, diz.

Segundo Reis, essa estratégia também pode ser vista para melhorar a percepção do mercado sobre a empresa e, com isso, atrair mais investidores e aumentar seu valor nominal.

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