BDRs

BDR: 5 pontos essenciais para entender antes de começar a investir

Tipos específicos de risco e formas de tributação devem estar no foco do investidor

Investir em BDR é um assunto que ainda gera muitas dúvidas. Foto: Adobe Stock

Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são recibos de ações negociados como ativos na bolsa do Brasil. Na prática, um banco nacional compra ações de empresas estrangeiras e emite recibos que, por sua vez, são oferecidos a investidores brasileiros. Todo o processo é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Investir em BDR pode até parecer complicado – e de fato é um assunto que ainda gera muitas dúvidas. Mas quem já conhece essa modalidade da renda variável sabe que o BDR é muito parecido com uma ação e, se o investidor se atentar a alguns pontos específicos, não terá dificuldade para investir em empresas estrangeiras – e ainda pode receber dividendos.

Preparamos a seguir uma lista com cinco dos principais pontos que o investidor deve se atentar antes de incluir BDRs em sua carteira.

1. Flutuação cambial e fator de proporção

Mesmo que o BDR não seja necessariamente dolarizado, pois sua empresa de origem pode ser de outro país que não os EUA, a maioria desses papeis são lastreados no mercado norte-americano. Logo, as flutuações do dólar interferem no preço de muitos BDRs negociados no Brasil.

Outro detalhe da composição de preço do BDR é o chamado fator de proporção. Arthur Vieira de Moraes, professor da B3 Educação, explica que “isso acontece porque a ação estrangeira é fracionada no BDR. Por exemplo, se uma ação norte-americana custa U$ 49 e seu fator de proporção é 1 para 6, obtém-se a divisão 49/6. Em outras palavras, seria preciso comprar seis BDRs para totalizar uma ação estrangeira.”

Seguindo o exemplo, o resultado da divisão 49/6 é multiplicado pela cotação do dólar. O valor final é o preço, em reais, do BDR.

É preciso lembrar que, por meio da fórmula do fator de proporção, chega-se a um preço teórico do BDR. O preço real é aquele que está sendo negociado na bolsa. Portanto, calcular o fator de proporção em relação ao dólar é um meio de saber se o preço negociado é vantajoso ou não ao investidor.

2. BDR e os dividendos

Segundo Moraes, “o investidor precisa saber com antecedência se pretende receber dividendos, já que pela legislação estrangeira as empresas não são obrigadas a dividir seus lucros com investidores.”

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No caso das empresas que pagam dividendos, Moraes chama a atenção para os seguintes pontos: “os dividendos são recebidos em reais pelo investidor. Para chegar aqui, o valor tem que ser convertido e há a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)”.

3. Tributação sobre BDRs

Além do IOF, os BDRs estão sujeitos à cobrança do Imposto de Renda. De acordo com a legislação brasileira, os dividendos são considerados rendimentos recebidos de fontes no exterior e podem estar sujeitos ao imposto de renda de acordo com a tabela progressiva — que se inicia na isenção (até R$ 1.903,98) e chega até 27,5% (acima de R$ 4.664,68).

Entretanto, Moraes lembra que a legislação brasileira também prevê a compensação tributária: “Se nos EUA houve cobrança de 30% de imposto sobre os dividendos, o que é a porcentagem padrão deles, o investidor brasileiro pode ficar isento da cobrança máxima de 27,5% prevista na regra brasileira.”

De todo modo, deve-se declarar à Receita Federal os valores recebidos, por meio do programa Carnê-Leão.

4. Conheça os riscos

Assim como ações, BDRs têm risco de mercado, ou seja, podem se valorizar ou desvalorizar de acordo com o comportamento dos investidores, que podem estar vendendo ou comprando mais.

“Além do risco de mercado, há o risco cambial. Por exemplo, se eu vendi um BDR que se valorizou em 10%, mas o dólar caiu em 20%, pode não ter sido um bom negócio”, explica Moraes.

O exemplo de Moraes também toca na questão de mercado secundário de BDRs, isso é, recibos que um investidor vende a outro. O mercado primário representa a negociação do BDR feita diretamente com o emissor dos papeis, no caso, um banco brasileiro. Em ambos os casos, mercado primário e secundário, a negociação dos BDRs fica concentrada na bolsa de valores.

5. Análise fundamentalista

Moraes esclarece que o investimento em ações estrangeiras também têm o risco cambial e de mercado. Porém, se as flutuações de moedas estrangeiras e o humor dos acionistas são difíceis de prever, há outros pontos que podem guiar os investidores com maior clareza.

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“Não é porque a ação é estrangeira que ela é melhor do que os papéis do Brasil. Seja aqui ou lá fora, é muito importante que se faça uma análise fundamentalista, conhecer a empresa na qual se quer investir. A partir disso, fica mais fácil ao investidor tomar uma decisão”, afirma Moraes.

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