Câmbio

Como a alta do dólar afeta o bolso do brasileiro no dia a dia?

Valorização do dólar em relação ao real não afeta apenas quem opera com a moeda

Notas de dólar. Foto: Pixabay
No mês de junho a moeda subiu 6,46%, e 15,17% no total do período do primeiro semestre de 2024. Foto: Pixabay

O dólar vive período de forte alta ante o real, e tem atraído cada vez mais atenção dos brasileiros para suas consequências. Isso porque, independente se você paga contas e faz compras na moeda norte-americana ou não, a variação afeta o seu dia a dia.

No mês de junho a moeda teve apreciação de 6,46%, e 15,17% no total do período do primeiro semestre de 2024 contra o real. Na terça-feira, 2 de julho, a máxima da cotação chegou a bater R$ 5,70, fechando a R$ 5,66. Mas como essa alta afeta o bolso do brasileiro?

Como a alta do dólar afeta a economia do brasileiro

Segundo Isabela Bessa, especialista em investimentos internacionais da Warren Investimentos, a valorização do dólar afeta o bolso dos brasileiros de várias maneiras, principalmente ao aumentar o preço dos produtos influenciados pela moeda.

“A alta da moeda americana gera impactos significativos na economia e no cotidiano dos brasileiros. De forma geral: encarece os produtos importados e os insumos usados na produção local, pressionando os preços e elevando a inflação”, afirma.

De acordo com Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon-SP, a cotação do dólar influencia também o quanto do que é produzido aqui fica no mercado local e o quanto é exportado. É o caso dos produtos que se compram no mercado interno, mas que têm viabilidade de venda no exterior, as chamados commodities. Com um dólar mais alto, exportar pode ficar mais lucrativo para o produtor.

“Por exemplo, um empresário do agronegócio que tem arroz para vender, se ele consegue um preço maior em reais, porque o dólar está mais alto, então vai vir mais dinheiro. Assim, ele vende para o exterior e deixa de suprir o mercado interno”, explica.

Gomes ainda ressalta que com essa dinâmica, a falta do produto no mercado interno tem que ser coberta com a agricultura familiar, que corresponde hoje a 70% da alimentação consumida dentro do Brasil, o que eleva os custos. 

Outras consequências da valorização

Para a especialista da Warren Investimentos, há também outros exemplos de efeitos práticos no dia a dia do brasileiro, seja em curto ou longo prazo. São:

Curto Prazo

1. Combustíveis: O preço da gasolina e outros derivados do petróleo sobe, já que o preço do petróleo é cotado em dólar. Isso resulta em um aumento no custo do transporte e, consequentemente, nos preços de outros produtos.

2. Alimentos: Produtos como o pão francês, que depende de trigo importado, tornam-se mais caros. Frutas, legumes e carne também podem ser afetados indiretamente pelo aumento dos custos de transporte.

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Longo Prazo

1. Endividamento: Empresas e governos com dívidas em dólar enfrentam maiores custos financeiros, o que pode impactar a capacidade de investimento e expansão.

2. Comportamento de Consumo: Com o aumento dos preços, os consumidores podem reduzir o consumo de bens supérfluos, priorizando itens essenciais, e buscar alternativas nacionais mais baratas.

O presidente do Corecon-SP, ainda ressalta o efeito direto para as pessoas que vão viajar. Já que se elas não se precaveram e não compraram o dólar antes, gastarão a mais.

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