B3 anuncia lançamento de stablecoin para 2026
Movimento faz parte da estratégia da companhia de atuar como infraestrutura para ativos tokenizados
Por Victor Rabelo
A B3 anunciou nesta terça-feira (16), durante evento realizado com investidores, que pretende lançar sua própria stablecoin (criptomoeda com valor atrelado a uma moeda fiduciária) até o primeiro semestre de 2026.
O movimento faz parte da estratégia da companhia de atuar como infraestrutura para ativos tokenizados. Segundo Luiz Masagão, vice-presidente de Produtos e Clientes da B3, a stablecoin “será uma ferramenta viabilizadora da negociação em tokens”.
Para Masagão, o objetivo é promover a convivência entre os ecossistemas tradicionais de negociação de ativos com o ecossistema tokenizado. Por isso, a companhia deve lançar também em 2026 uma tokenizadora.
De acordo com a B3, a intenção é conectar a tokenizadora à infraestrutura atual da bolsa, de negociação e pós negociação, para ofertar novos produtos ao mercado por meio da plataforma. A stablecoin, neste caso, seria a viabilizadora da liquidação nessa nova estrutura, além de servir como ferramenta para todo ecossistema digital utilizá-la como meio de liquidação em real.
O vice-presidente da B3 ressaltou ainda a importância da colaboração da companhia com outros participantes do mercado para construir soluções baseadas na tecnologia. “Nós vamos trabalhar alguns casos de uso, mas o principal valor é criar uma plataforma para que fintechs e outras instituições utilizem nossa infraestrutura para desenvolver inovação”.
O que é uma stablecoin?
Stablecoin é uma criptomoeda que tem o seu valor atrelado a uma moeda fiduciária, como o dólar ou o real, por exemplo. Como essas moedas costumam ter uma volatilidade menor, a stablecoin acaba sendo uma garantia de estabilidade dentro do segmento de criptoativos.
“As stablecoins são usadas, normalmente, para comprar outras criptomoedas que não sejam stablecoins. Um mercado que vai se aproveitar muito delas é o de pagamentos, empresas que precisam fazer pagamentos em dólar ou na área de commodities, por exemplo. Isso pode ser uma facilidade porque você não precisa do dólar, pode ter só uma stablecoin”, explica Elaine Borges, professora doutora de Finanças da USP.
Rony Szuster, head de Research do Mercado Bitcoin, ressalta que um dos atrativos das stablecoins é a liquidez. “As stablecoins são uma forma muito mais rápida do ponto de vista de burocracia para enviar recursos. São muito líquidas. É possível fazer remessas desse capital de forma muito fácil. Esse é um dos maiores casos de uso das stablecoins hoje em dia. Muita gente também usa as stablecoins como caixa para poder aportar em cripto depois de forma rápida, ou seja, já ter o dinheiro dentro do meio cripto”, complementa.
O que é tokenização?
A tokenização é um processo que transforma um bem ou direito em uma representação digital. Chamada de token digital, ela é registrada e negociada na rede blockchain, tecnologia que permite armazenar dados em blocos distribuídos em uma rede e os usa para validar qualquer alteração realizada.
Dentro do contexto das criptos, a professora Elaine Borges explica como funciona a tokenização de ativos. “A ideia da tokenização é pegar os ativos financeiros e transformar em tokens. Um token é uma unidade que existe apenas na blockchain e que pode ser uma criptomoeda, um ativo. Cada token vai ter o seu código seu algoritmo, seus contratos inteligentes, suas regras”.