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Futuro de bitcoin, ETF de bitcoin ou comprar diretamente? Entenda as diferenças desses investimentos

Saiba quais são as características do mercado à vista e do mercado futuro de bitcoin e qual deles é o mais adequado para você

Quais são as características do mercado à vista e do mercado futuro de bitcoin? Foto: Pexels

Neste mês teve início a negociação de contratos futuros de bitcoin na B3, novidade atende uma demanda do mercado por mais opções de investimentos em moedas digitais. Além dos contratos futuros, os investidores brasileiros têm agora a possibilidade de participar desse mercado de criptomoedas via 13 ETFs negociados na bolsa brasileira. 

Mas, afinal, qual a diferença entre esses dois instrumentos – e qual a diferença entre operar via bolsa ou comprar a criptomoeda diretamente nas corretoras?

Entenda as características de cada um desses investimentos a seguir.

Como investir em ETFs de bitcoin

ETF é a sigla em inglês para Exchange Traded Fund, ou, em tradução livre, fundos negociados em bolsa. Também são conhecidos como fundos de índice porque têm uma gestão passiva: os ETFs precisam ser atrelados a um índice de mercado – como o Ibovespa, ou, nesse caso, a um índice de criptomoedas.

“É muito mais conveniente você investir em bitcoin por meio de um fundo, que é um produto que a gente conhece, fácil de ser adquirido através de uma corretora ou home broker e com tributação recolhida na fonte”, diz Elaine Borges, professora doutora de Finanças da USP.

Outra vantagem, segundo a professora, é que a segurança das criptomoedas fica sob a responsabilidade do gestor do fundo, e não do investidor.

No entanto, ela lembra que o investimento via ETFs envolve custos que não existiriam na compra direta de bitcoins em uma corretora de criptomoedas. “Existem os custos para você ter essa conveniência, como a taxa de administração, taxa de gestão e custódia. Então, você acaba tendo uma rentabilidade um pouco menor”, diz ela.

Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset, resume: “comprar uma fração de bitcoin envolve risco de custódia [leia mais sobre isso abaixo], então eu diria que a diferença entre comprar uma fração de bitcoin e um ETF é de certa forma organizacional. O cliente quer ter o ativo spot [à vista], mas talvez prefira delegar toda a parte de negociação do criptoativo e custódia do mesmo, e por isso escolhe o ETF”.

Compra de criptomoedas em corretoras

Outra forma de investir em moedas digitais é diretamente nas corretoras de criptoativos. Nesse caso, será preciso abrir uma conta em uma corretora e fazer a compra por lá. No entanto, após a aquisição, há a questão da custódia, ou seja, onde se irá guardar o ativo de forma segura.

“Deixar os bitcoins na corretora pode ser um pouco arriscado. O ideal seria ter uma wallet off-line onde você guardasse as suas criptos. Mas é preciso entender um pouco da diferença de conta pública, conta privada, tem que gastar um tempo para adquirir um novo conhecimento”, diz Borges.

Entre as vantagens, a professora cita a possibilidade de comprar e vender os ativos a qualquer momento e o fato de não haver taxas como a de administração.

Contratos futuros de bitcoin

Novidade no mercado brasileiro, os contratos futuros de bitcoin permitem ao investidor negociar com base na expectativa de valor que a criptomoeda terá em uma data futura, sem a necessidade de comprar ou vender bitcoin. 

Isso porque a liquidação do contrato futuro de bitcoin é exclusivamente financeira, ou seja, não há compra e venda de criptomoedas ao final do contrato. A diferença entre o preço “contratado” e o valor do índice é paga em reais ao investidor.

Outra característica que o investidor deve entender é que o mercado futuro tem o chamado ajuste diário dos contratos. Isso quer dizer que todos os dias são apuradas as alterações de preços e é feita a liquidação das diferenças. Um exemplo: um investidor compra um contrato futuro de bitcoin por R$ 30 mil. Se no final do dia, o contrato estiver negociado a R$ 35 mil, aquele investidor recebe os R$ 5 mil de diferença.

Além disso, no mercado futuro o investidor consegue montar estratégias diferentes em casos de valorização ou desvalorização do ativo, o que permite a ele, por exemplo, lucrar enquanto o mercado está em queda. “É uma operação mais sofisticada, que envolve mais especulação”, comenta Elaine Borges.

E para operar nesse mercado, não é necessário desembolsar o valor total do contrato. No caso do futuro de bitcoin, é exigida uma margem de garantia mínima de R$ 100 por contrato, que funciona como um cheque caução e precisa ser dada em dinheiro. A corretora por onde o investidor opera, entretanto, pode exigir margens maiores.

“O futuro tem outros componentes que influenciam no preço do ativo, como a taxa de juros até o vencimento do contrato. Além disso, futuros permitem alavancagem, então requer prudência por parte do investidor para não se expor em um montante maior do que ele pode negociar”, afirma Fleury.

O contrato utiliza o índice Nasdaq Bitcoin Reference Price (NQBTC) como referência e tem o valor equivalente a 0,1 bitcoin, ou seja, 10% do valor da criptomoeda em reais.

Alavancagem no mercado futuro vs mercado à vista

Para operar no mercado futuro o investidor não precisa investir o valor total do contrato (apenas uma margem). Isso significa que existe a possibilidade de alavancagem, quando o investidor opera com um dinheiro que ele não tem. Isso pode ampliar os ganhos, mas também as possíveis perdas. 

No mercado à vista, nem sempre o investidor tem essa possibilidade. 

Por exemplo: para abrir uma posição em um contrato futuro de bitcoin, o investidor precisa de uma margem de garantia de R$ 100. Se ele se posiciona em um contrato cotado a R$ 40 mil e há valorização de 10%, para R$ 44 mil, o investidor tem um lucro de R$ 4 mil (mesmo tendo desembolsado inicialmente R$ 100).

Por outro lado, se esse mesmo investidor usa os R$ 100 para comprar um ETF de bitcoin à vista, e o ativo tem valorização de 10%, o investidor terá R$ 10 de lucro.

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