Criptoativos

Memecoins: como avaliar e reduzir os riscos de perdas?

Os riscos das memecoins são considerados elevados. Saiba o que levar em conta antes de investir

Trump, Melania, Libra… 2025 mal começou e já foi marcado pelo lançamento de diversas memecoins (e pelas polêmicas em torno delas). A valorização rápida de alguns desses ativos chama a atenção. Para muita gente, é difícil não pensar “eu teria multiplicado meu investimento se tivesse comprado essa memecoin”. Mas a volatilidade também assusta. E vale ressaltar que os riscos, de fato, são elevados. “É o subsegmento mais arriscado dentro de cripto, que por si só já é um segmento naturalmente volátil. Investimento em memecoins é extremamente arriscado”, resume Rony Szuster, head da área de research do MB.

“A volatilidade e a especulação são altas, já que seus valores se baseiam em personalidades e narrativas de curto prazo. Além disso, memecoins geralmente carecem de fundamentos sólidos e utilidade real”, analisa Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset.

O que são memecoins?

As memecoins são criptomoedas criadas inspiradas em memes ou tendências da internet, como personagens virais ou movimentos culturais em alta na rede.

Diferente de projetos cripto tradicionais, que possuem uma proposta de valor (como contratos inteligentes ou privacidade), as memecoins geralmente nascem como brincadeiras ou sátiras. “Memecoins são projetos muito baseados em hype, em poder de comunidade, em entretenimento financeiro, não têm muitos fundamentos por trás, em termos de casos de uso e utilidade de resolver problemas do mundo real”, comenta Szuster.

Exemplos famosos incluem a Dogecoin (DOGE), a primeira memecoin e talvez a mais famosa, que foi criada a partir do meme do cachorro Shiba Inu.

Quais os riscos de investir em memecoins?

Risco de mercado

É o risco da variação no preço da memecoin – que é alto, pela volatilidade desse mercado. “Investimento em memecoins é extremamente arriscado, tem que deixar isso bem claro”, resume Szuster, do MB. “Você pode sim perder tudo com memecoins, o que é um cenário que não parece que pode acontecer com Bitcoin, por exemplo. [O valor da] memecoin pode ir a zero caso a comunidade desista do projeto”.

Concentração

Fleury, da QR Asset, lembra ainda que a concentração de posse das memecoins também é um ponto importante, já que em determinados ativos, há muitos tokens centralizados em poucas mãos. “A influência de figuras públicas pode impulsionar valorizações, mas também traz incertezas no médio prazo. Há ainda o risco de manipulação e esquemas fraudulentos”, diz.

Risco de custódia

Além disso, as criptomoedas envolvem o risco de custódia – que é o risco de você ter seus ativos roubados por um ataque hacker ou perdê-los por um erro operacional. Isso vale tanto para quem mantém as memecoins em uma corretora ou em uma custodiante quanto para quem faz a própria custódia. “Quando você faz a custódia em algum terceiro, está confiando nele. Esse risco de certo modo pode ser mitigado com você tendo a confiança no seu custodiante, se buscar empresas que tenham auditorias e segregação patrimonial, por exemplo. E você fazer sua própria auto custódia, mas isso também pode causar perda dos ativos”, explica Szuster.

Como avaliar se uma memecoin tem chance de valorização?

Essa avaliação não é simples. “Hoje em dia, nem há um modelo muito confiável para fazer valuation do Bitcoin, que é o principal criptoativo, então quem dirá os ativos menores e mais ainda das memecoins”, comenta Rony Szuster.

No entanto, há alguns pontos que podem indicar um potencial de valorização, como a atividade em torno das contas relacionadas a essa memecoin no X (antigo Twitter). “É um indicador da força dessa comunidade. Geralmente a gente vê muito pelo Twitter, mas também um pouco pelo Discord e Telegram”, diz Szuster.

“No caso das memecoins, é muito importante também avaliar a capacidade dos emissores de construir e manter uma comunidade engajada e motivada com o projeto, mesmo com as fortes oscilações de preço que esses ativos costumam ter”, complementa Fleury.

Szuster alerta ainda que é preciso cuidado adicional com as memecoins ligadas à política. “Para as memecoins mais novas, principalmente as de políticos, o cenário ainda é muito negativo, todas que foram lançadas tiveram performance bem ruim, como Trump, Melania, a própria Libra, que foi associada ao Milei, apesar de não ser oficialmente dele.”

Por fim, o volume de negociações nas exchanges também sinaliza um interesse do público sobre aquela memecoin. “Mas isso não quer dizer que vai seguir por um tempo longo, pelo contrário, nas memecoins esses volumes de negociação geralmente sobem muito rápido, para valores muito altos, depois descem também muito rápido para valores muito baixos”, diz Szuster.

Como mitigar os riscos desse tipo de investimento?

“Para mitigar os riscos, é importante ter cautela e fazer uma análise crítica. A diversificação é fundamental, não apenas entre criptomoedas, mas também com outras classes de ativos”, diz Fleury.

Szuster tem uma opinião similar. Para ele, os investimentos em memecoins não devem superar 1% ou 2% da sua carteira total de criptoativos. “Não é algo que a gente veja como parte estrutural de uma carteira equilibrada em cripto. No máximo é uma boa call para quando você quer aproveitar uma pernada de alta, mas um trade bem mais curto, não em uma carteira de longo prazo”, diz.

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.