O que são stablecoins e por que elas são uma tendência no mercado?
Stablecoins têm seu valor atrelado a uma moeda fiduciária, como dólar ou real
Por Victor Rabelo
Stablecoin, memecoin, bitcoin… o universo de criptoativos é cercado por termos como esses e, a cada dia, surge uma nova tendência. As stablecoins, que são criadas para ter um valor mais estável do que costumam ter outras criptomoedas, estão chamando a atenção do mercado financeiro e têm sido usadas para transferência de dinheiro entre criptomoedas e até mesmo como forma de pagamento.
Stablecoin é uma criptomoeda que tem o seu valor atrelado a uma moeda fiduciária, como o dólar ou o real, por exemplo. Como essas moedas costumam ter uma volatilidade menor, a stablecoin acaba sendo uma garantia de estabilidade dentro do segmento de criptoativos.
“As stablecoins são usadas, normalmente, para comprar outras criptomoedas que não sejam stablecoins. Um mercado que vai se aproveitar muito delas é o de pagamentos, empresas que precisam fazer pagamentos em dólar ou na área de commodities, por exemplo. Isso pode ser uma facilidade porque você não precisa do dólar, pode ter só uma stablecoin”, explica Elaine Borges, professora doutora de Finanças da USP.
Rony Szuster, head de Research do Mercado Bitcoin, ressalta que um dos atrativos das stablecoins é a liquidez. “As stablecoins são uma forma muito mais rápida do ponto de vista de burocracia para enviar recursos. São muito líquidas. É possível fazer remessas desse capital de forma muito fácil. Esse é um dos maiores casos de uso das stablecoins hoje em dia. Muita gente também usa as stablecoins como caixa para poder aportar em cripto depois de forma rápida, ou seja, já ter o dinheiro dentro do meio cripto”, complementa.
Recentemente, grandes bancos, como o Bank of America, têm se mostrado abertos a lançar suas próprias stablecoins. Para Szuster, esse interesse é explicado pela maior eficiência e menor custo para fazer remessas ou até mesmo outros tipos de serviços financeiros com stablecoins do que com o dólar físico.
Elaine, por outro lado, vê esse movimento como uma forma das instituições financeiras acompanharem uma tendência. “Isso é a fé de que o mercado financeiro vai caminhar nesse sentido de usar blockchain. As grandes instituições financeiras americanas já estão investindo pesado nisso. Tem gente construindo sua própria blockchain ou construindo projetos em blockchains que já existem, como Ethereum e Solana”, diz.
O que é blockchain?
O blockchain, em tradução livre, é “cadeia de blocos”. Em resumo, é uma tecnologia que permite armazenar dados em blocos distribuídos em uma rede e que usa todos eles para validar qualquer alteração realizada.
Para ser negociado, o dinheiro digital precisa de uma série de informações que atestam a veracidade da transação e é isso que o blockchain faz. Ele funciona como um banco de dados, mas, ao contrário de um arquivo digital convencional – que é centralizado em um local, administrado por uma empresa que tem a exclusividade para mudar suas configurações –, o blockchain é um livro-caixa totalmente descentralizado.
Dentro do contexto das criptos, a professora Elaine Borges explica como funciona a tokenização desses ativos. “A ideia da tokenização é pegar os ativos financeiros e transformar em tokens. Um token é uma unidade que existe apenas na blockchain e que pode ser uma criptomoeda, um ativo. Cada token vai ter o seu código seu algoritmo, seus contratos inteligentes, suas regras”.
Diferença entre stablecoins e memecoins
As memecoins são criptomoedas criadas inspiradas em memes ou tendências da internet, como personagens virais ou movimentos culturais em alta na rede.
Diferente de projetos de stablecoins e criptos tradicionais, que possuem uma proposta de valor clara (como contratos inteligentes ou privacidade), as memecoins geralmente nascem como brincadeiras ou sátiras.
“Uma memecoin é uma criptomoeda geralmente relacionada a uma piada. A especulação ocorre muito de acordo com o sentimento. É muito arriscado, não tem um fundamento e, geralmente, não tem um projeto”, conclui a professora.
Como investir em criptomoedas pela bolsa
Atualmente, existem duas formas de se investir em criptomoedas pela bolsa de valores, a B3. A forma mais simples é por meio dos ETFs, que são fundos que estão atrelados a um índice. Nesse caso, o fundo segue a variação de alguma criptomoeda específica.
Outra forma é por meio de contratos futuros. A B3 lançou no ano passado o contrato futuro de bitcoin, que permite ao investidor negociar com base na expectativa de valor que a criptomoeda terá em uma data futura, sem a necessidade de comprar ou vender bitcoin.
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