Influenciador conta como passou pelo pregão viva-voz e hoje ensina day trade a seus seguidores
Alison Correia ensina day trade para seus seguidores e vê com preocupação busca por lucro fácil em mercados não regulados
Por Victor Rabelo
“Alguns não se adaptaram, mas eu consegui surfar a onda digital”, conta Alison Correia, trader e influenciador que viveu o pregão viva-voz da bolsa de valores e hoje se dedica a ensinar day trade a seus seguidores. Ainda aos 17 anos, no começo dos anos 2000, Alison saiu para procurar emprego no centro de São Paulo, conheceu a antiga BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) e acabou sendo contratado por uma corretora.
O influenciador explica que, na mesa de operações da corretora, ele foi forçado a aprender rápido o ofício. “Diferente de bancos e corretoras grandes, o foco dessa corretora era day trade. Então, ou eu aprendia a fazer day trade ou arrumava outro emprego”.
Alison explica que o primeiro contrato futuro que negociou foi de café, e depois vieram os contratos de boi gordo, taxa de juros de DI, dólar e índice. “Tive muitas vivências dentro da bolsa que me calejaram para ser trader, apanhando, batendo, muita experiência prática até o fim do pregão”, completa.
Transição para o eletrônico
Para ele, a mudança, em 2009, do pregão viva-voz para o eletrônico foi drástica. “Negociar gritando, para a gente, era muito legal, por mais que as pessoas hoje não entendam. Para nós, era estranho, porque fomos de 2 mil pessoas gritando para um computador silencioso”, diz.
Alison entende que este movimento era esperado e natural por se tratar de uma evolução tecnológica. “A gente demorava uns 30 segundos para fechar um negócio. Hoje, basta um clique”, compara.
E as atualizações seguem constantes no mercado de capitais. Atualmente, sobretudo no universo do day trade, cada vez mais os algoritmos estão ganhando espaço nas mesas de operação. “Foi um recomeço ter de entender o mercado novamente, novos participantes, como os robôs e algoritmos que começaram a entrar no mercado, a dinâmica dos preços mudou e tivemos que dar alguns passos para trás para reaprender”, afirma o influenciador.
Com tantas mudanças, Alison conta que muitos tiveram dificuldades para se manter no mercado. “As pessoas mais antigas tiveram dificuldade com a tecnologia. Em 2009, eu ainda era muito novo, então consegui me adaptar”, completa.
Alerta sobre os atalhos perigosos
Hoje, após mais de duas décadas de experiência, Alison ensina day trade para seus seguidores e vê com preocupação o movimento de traders que buscam lucro fácil em mercados não regulados.
“Os traders optam por mercados não regulados por falta de conhecimento. Tudo o que esses mercados oferecem, a bolsa brasileira também oferece, mas com mais segurança”, comenta. “Já vi muitos casos de pessoas que ganharam dinheiro, mas quando foram retirar perceberam que a corretora não existia mais. A maioria dessas corretoras têm suas matrículas em paraísos fiscais, então a gente precisa tomar cuidado”, acrescenta.
O futuro do day trade no Brasil
O cenário brasileiro para investimentos de risco, como o day trade, conta com cada vez mais ofertas de produtos, plataformas e métodos de operação. Se por muito tempo traders se acostumaram a investir apenas nos mini-índice e minidólar, produtos como o futuro de bitcoin tem se consolidado no mercado. Além disso, em junho a B3 ampliou seu portfólio de produtos cripto com os futuros de ethereum e solana e, recentemente, lançou o futuro de ouro.
Alison crê que, com educação financeira, é possível aproveitar esse movimento para melhorar e deixar mais saudável a experiência do investidor que tem esse perfil. “O brasileiro gosta de tomar risco, mas muitas vezes escolhe o jeito errado. Basta ver o crescimento das bets e dos jogos on-line, que crescem de forma exponencial”, explica.
Por fim, o influenciador ressalta que, com conhecimento e gestão de risco, os investidores podem trilhar um caminho de sucesso com o day trade. “Não existe dinheiro fácil. Mas é possível construir uma vida no mercado, sim. Eu sou prova viva disso”.
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