Renda variável

É possível investir em filmes? Entenda

Investimento alternativo traz mais riscos do que aplicar em outros ativos de renda variável, mas retorno pode compensar

Você também pode investir em filmes. Imagine lucrar junto com as produtoras com o sucesso de grandes bilheterias. Algumas das variáveis que envolvem esse tipo de investimento precisam de atenção, mas ainda assim são ações que podem, sim, valer a pena, a depender do seu perfil de investidor e se aceita correr mais riscos ou não.

O investimento em filmes é algo a ser pensado e planejado com o dobro de paciência e cuidado, segundo economistas ouvidos pelo Bora Investir. Isso por causa do risco do projeto ser cancelado durante a produção ou após a estreia o filme pode não agradar ao público.

“É o risco do risco”, afirma Diego Hernandez, economista do Ativo Investimentos. “É um ativo alternativo que tem que ser pensado mais do que renda variável, porque tem filmes que geram receita e outros nem tanto. É um alternativo bem mais instável.”

Como fazer isso de forma segura?

Para o educador financeiro Ricardo Natali, qualquer pessoa no mundo pode se tornar sócio de uma parte da produção cinematográfica. Como? É possível investir por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que são certificados de ações listadas de empresas estrangeiras.

“A Warner é negociada na Nasdaq, uma das bolsas de NY. Qualquer pessoa do mundo todo pode investir. Aqui, tem a opção de não precisar abrir conta em corretora internacional, e investir por meio de BDRs. Se essa empresa tiver lucrado e for bem desenvolvida, ou vai valorizar na bolsa e [você pode] vender sua ação com lucro, ou a empresa decide distribuir dividendos ao longo dos anos, se tiver estipulado na política da companhia”, explica.

Mas como avalio se é um bom negócio?

Antes de iniciar um investimento, Hernandez destaca que o investidor precisa olhar a situação como se fosse um empréstimo para alguma empresa. “Primeiro, leve em consideração o custo de oportunidade e veja o quanto você ganharia livre de risco no seu País. Olha a taxa Selic e CDI, por exemplo. A partir disso, você incrementa a taxa de retorno atrativa para topar esse risco mais elevado”, diz.

Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano e, por esse motivo, o retorno financeiro a ser esperado deve estar acima desse patamar, para que você tenha algum lucro.

“Quando falo em investir em filmes, sei que existe um projeto e uma geração de receita futura que pode acontecer, mas tem que me dar um retorno maior do que a taxa Selic para compensar esse investimento. Então, aplicar esse dinheiro vislumbrando um retorno maior é legal. Tem que mensurar esse risco e achar uma plataforma que faça sentido ou um fundo de aplicação para fazer esse investimento com confiança.”

Fundos de investimento

Outra opção destacada pelos dois especialistas é investir em um fundo de investimento que direciona os recursos para os projetos cinematográficos. Um desses fundos é o Funcine (Fundo de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional), criado em 2003 e regulamentado pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) e CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A opção é investir a parcela do imposto de renda na produção audiovisual e obter um retorno financeiro, além de ter o seu nome ou marca exibido no produto cultural.

Esses fundos audiovisuais são considerados investimentos alternativos, “porque não é uma aplicação negociada em bolsa de valores ou dentro de grande banco, seja fazer uma aplicação direta em uma obra, conhecendo as pessoas ou o estúdio que se produz. Ou por meio de um fundo que aplica em produtoras”, diz Natali.

Caso a sua opção seja investir por meio da bolsa de valores, o caminho pode ser por meio de BDRs em grandes estúdios. “Acredito que investir nessas grandes produtoras seja muito mais por propósito, um tipo de onda de investimentos, porque acreditam no projeto e até por um fator emocional”.

Veja alguns estúdios de cinema com BDRs listadas na B3

EstúdioTickerPreço*
Disney  DISB34 R$ 40,39
Warner Bros W1BD34R$ 42,72
SonySNEC34R$ 430,57
*Valores registrados na abertura da Bolsa nesta quinta-feira (28)

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