Cripto e tecnologia em alta: saiba quais ETFs mais renderam em 2024
Fundos de índices, os ETFs, permitem alocação em diversos ativos através de um único produto
Os fundos negociados em bolsa (ETFs), ou fundos de índice, são uma maneira simples para investir em diversos ativos ao mesmo tempo, seja em um único setor ou em carteiras mais amplas. Eles têm suas cotas negociadas como as ações e têm estratégia passiva, ou seja, seguem a carteira teórica de um índice de referência ligado a uma classe de aplicações.
Em 2024, alguns ETFs e setores, como cripto e tecnologia, se destacaram em seus desempenhos, e um levantamento da Elos Ayta Consultoria trouxe o ranking dos melhores no ano. Confira!
Os ETFs brasileiros com maiores rentabilidades em 2024
O ranking de melhores desempenhos de ETFs foi dominado por fundos ligados a crioptoativos, principalmente ao Bitcoin. O líder entre os ETFs foi o BITH11, fundo atrelado ao índice Nasdaq Bitcoin Reference Price, que rendeu 175,43%.
Ele foi seguido pelo QBTC11, ligado ao índice CME CF Bitcoin Reference Rate, com 169,06% de retorno, e pelo BITI11 (161,83%), que busca acompanhar a variação do índice Bloomberg Galaxy Bitcoin Index.
Motivos para destaque de cripto
Para Felipe Amoedo, especialista em ETFs da HMC Capital, o destaque do segmento de cripto está associado a mais de um fator. Entre eles, estão o halving do bitcoin no meio do ano, expansão no mercado tradicional e a eleição presidencial nos EUA.
“Em abril de 2024 tivemos o halving do bitcoin, que ocorre a cada 210 mil blocos (aproximadamente 4 anos), limitando a oferta de bitcoins minerados. Esse movimento também gera impacto nas altcoins (opções ao bitcoin), pois dinamiza o segmento e aumenta o interesse dos investidores buscando retornos descorrelacionados”, apontou ele.
Amoedo ainda afirma que a performance dos ativos digitais também está associada ao crescimento da adoção desta classe de ativos por investidores institucionais, especialmente do mercado dos EUA. “O lançamento dos primeiros ETFs de bitcoin em janeiro de 2024 permitiu a entrada de muitos investidores que aguardavam um instrumento adequado para investir e recomendar a clientes”.
Por fim, o especialista destaca que outro ponto que merece destaque é a eleição norte-americana, em que Donald Trump saiu como vencedor.
“Ele vem sinalizando interesse em ampliar a participação dos Estados Unidos nesse segmento, buscando liderar o seu desenvolvimento. Criação de reserva estratégica com 1 milhão de BTC, clareza regulatória e apoio à mineração são as principais pautas do presidente que assumirá no dia 20/01 e geram muita expectativa do mercado quanto aos efeitos no mercado e nos preços desses ativos”, afirma.
Setor de tecnologia ‘quebra’ hegemonia
Além do setor de cripto, o de tecnologia também teve seus representantes no ranking de ETFs com melhores retornos do último ano. Fundos como o GENB11, TECK11 e JOGO11 estão no top 10.
Atrelado ao índice S&P/B3 Ingenius,um índice da S&P que acompanha o desempenho das empresas mais conhecidas em termos de inovação da GICS, o GENB11 teve retorno de 100,93%.
Já o TECK11 e o JOGO11, ETFs mais conhecidos do setor de tecnologia, tiveram alta de 92,05% e 90,18%, respectivamente.
Segundo João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, o desempenho dos ETFs de tecnologia em 2024 foi impulsionado principalmente pelo avanço dos investimentos em Inteligência Artificial (IA) e pelo impacto transformacional dessa tecnologia em diversos setores. Alguns fatores citados por ele incluem:
- Investimentos recordes das Big Techs em IA: As Big Techs Microsoft, Alphabet, Meta e Amazon intensificaram os investimentos em IA generativa e modelos fundacionais. Ao longo dos últimos anos elas alocaram bilhões de dólares em infraestrutura, desenvolvimento de modelos de linguagem avançados e integração de IA em seus produtos e serviços e agora começaram a coletar os resultados dessa dinâmica.
- Semicondutores: As empresas ligadas ao segmento de semicondutores apresentaram desempenho excepcional. Conseguiram crescer fortemente seus lucros e atraíram os investidores. A demanda por hardware de alta performance aumentou substancialmente as margens das empresas do setor. A grande participação das empresas nos ETFs, em especial Nvidia, puxou-os fortemente para cima.
- Redução de juros globais: Um ambiente macroeconômico mais favorável, com juros em queda, aumentou a atratividade de ativos de risco, amplificando os fluxos para ETFs de tecnologia. A expectativa de rápido avanço tecnológico também atraiu fortemente os investidores, especialmente na reta final do ano.
BDRs de ETFs
Ainda dentro da categoria de fundos de índices, os BDRs de ETFs desempenham papel importante de expandir as opções nesse tipo de produto. Pode parecer uma sopa de letrinhas, mas funcionam como os BDRs de ações, um certificado que permite a negociação de ativos listados em bolsas internacionais através da B3.
Assim, a Elos Ayta também levantou o ranking de 2024 desses fundos de índices disponíveis na bolsa de valores brasileira. Essa lista apresentou fundos de setores mais diversificados. Confira!
O BDR de ETF com melhor desempenho foi o BIVW39, que é atrelado ao índice S&P 500 Growth, que procura medir os estoques de crescimento das empresas usando três fatores: o crescimento das vendas, a proporção entre a variação dos lucros e o preço e o momentum. Ele teve retorno de 75,06% no último ano.
O ranking também teve presença marcante de ETFs ligados ao setor financeiro, ouro, ESG, e os principais índices de ações dos EUA, além dos de tecnologia.
De acordo com o CIO da Empiricus Gestão, em comparação com o mercado nacional, o volume de companhias internacionais permite uma definição mais clara dos setores de atuação, facilitando a classificação e permitindo uma alocação mais “certa”.
Perspectivas para ETFs em 2025
A perspectiva para ETFs, e por consequência, os BDRs de ETFs, para 2025 é positiva, segundo os especialistas. Felipe Amoedo diz que o cenário é otimista desde o último ano, com estratégias associadas ao reshoring americano, small/mid caps, tecnologia (cibersegurança, computação em nuvem, IA, cripto) e infraestrutura energética (geração, redes de distribuição e armazenamento).
“Entendemos que o momento político nos EUA tende a privilegiar o mercado doméstico com revisão de tarifas, acordos comerciais e investimentos. Em paralelo, a digitalização da economia seguirá acelerada, exigindo uma base de infraestrutura robusta para o seu funcionamento e expansão”, destaca.
Por fim, João Piccioni afirma acreditar que para 2025 os setores de tecnologia ainda despontarão, seguidos pelos segmentos de energia (se a política de Donald Trump vier com subsídios para o setor), infraestrutura e financeiro.
“O ambiente que vai se desenhando continua promissor, apesar dos riscos inerentes a uma dinâmica mais desfavorável do processo desinflacionário”, completa.
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