Fundos de Investimento

Como os fundos de infraestrutura já evoluíram no país – e quais os próximos desafios

Conferência debateu com gestores de fundos e advogados o desenvolvimento e desafios dessa modalidade de investimentos

Há duas décadas um fundo de investimento não podia participar de licitações, quem dirá ser sócio majoritário de uma concessão. Mas, gradualmente, esses obstáculos jurídicos foram superados até que se tornou comum observar gestoras de fundos criarem uma área de investimentos dedicada ao segmento.

A evolução dessas aplicações financeiras e seus desafios para atrair a atenção de investidores foi tema de um dos painéis da conferência PPPs e Concessões, promovida pela plataforma P3C com coparticipação da Bolsa de Valores do Brasil, a B3.

Além de diversidade de gestoras que atuam no segmento, já existem diversos tipos de fundos, com perfis de risco variados, explica José Guilherme Souza, sócio e head da área de infraestrutura da gestora Vinci.

“É possível escolher entre fundos de baixo risco, que atuam na fase operacional dos projetos; os que preferem também correr o risco da fase de construção – os chamados greenfield; os que buscam rendimentos no desenvolvimento de projetos e, por fim, os que buscam lucrar com ativos que necessitam de reestruturação financeira ou operacional – chamados de ‘special situations'”, explica ele.

Além de mais opções de fundos, o investidor deve, a partir de abril, ter mais segurança para investir no segmento, quando a resolução 175 da CVM entrará em vigor. “A nova regra limita a responsabilidade de cotistas e permite proteger parte do patrimônio dos investidores dentro do próprio fundo”, diz José Virgilio Enei, head de infraestrutura e financiamento de projetos do escritório Machado Meyer e um dos participantes da discussão.

Os ativos de infraestrutura que a resolução 175 inclui são os Fundos de Investimento em Participações (FIPs), mas eles só podem ser acessados por investidores qualificados. Mas o pequeno investidor também pode investir no segmento por meio dos fundos de infraestrutura listados na B3, os FI-Infra.

+ Marco dos fundos de investimentos: quais são as mudanças?

Em busca de investidores

Por aqui, não faltam projetos a serem feitos em segmentos como o de água e saneamento básico, energia elétrica e rodovias. Mas a evolução precisa continuar a acontecer, diz Virgílio, do Machado Meyer.

“O Brasil ainda tem muito a melhorar em segurança jurídica e garantias do poder público. Esses aprimoramentos ajudariam a ter um ambiente de investimentos mais amigável e os prêmios oferecidos pelas aplicações não precisariam ser tão grandes para atrair investimentos”, comenta.

Outro obstáculo ao crescimento do mercado, na visão de Souza, da Vinci, é a falta de investidores institucionais atuando no segmento. Segundo ele, no Brasil é difícil encontrar investidores institucionais, como bancos, seguradoras, fundos de pensão e gestoras de fortunas (family offices) que invistam em ativos alternativos como os fundos de infraestrutura. “Casos pontuais afetaram o mercado como um todo. Hoje, o investimento vem de pessoas físicas, precisamos de mais capital para fortalecer os fundos”.

Para atrair investidores estrangeiros, existem soluções já em curso para mitigar o risco cambial em projetos de rodovias, por exemplo, diz Virgílio. Outra solução possível para diminuir o risco do projetos e incentivar o segmento é realizar parcerias com governo. “Um projeto não precisa ter 100% de capital privado”, conclui Virgílio.

Quer saber mais sobre fundos de investimentos? Acesse os conteúdos gratuitos do Hub de Educação Financeira da B3.