Fundos de Investimento

Investimentos em FIPs crescem no Brasil. O que são esses fundos e quem pode investir?

Maior parte dos investidores vem do exterior

Gráfico, investimentos, bolsa de valores
Fonte: Pixabay

Os fundos de investimento em participações (FIPs) foram os que mais atraíram dinheiro em 2023. Ao longo do último ano, esses veículos apresentaram captação positiva de R$ 42,1 bilhões. Em janeiro, o bom desempenho teve sequência, com a captação líquida de R$ 705 milhões. Hoje, o País soma R$ 723 bilhões investidos em FIPs. Entretanto, esses fundos ainda são pouco conhecidos e acessados pelos brasileiros. Segundo os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mais da metade do capital investido em FIPs é de não residentes.

Com a queda da taxa básica de juros no País e novidades na tributação dos fundos exclusivos, a expectativa é de que o setor atraia mais investidores brasileiros. “Estamos enxergando a redução da taxa de juros aqui, e temos a perspectiva de redução nos Estados Unidos. O investidor começa a olhar para alternativas”, diz Raphael Eckmann, sócio-diretor da Athon Energia. Segundo ele, desde dezembro passado, tem crescido a procura de family offices por estruturas como o FIP.

Entenda o que são os FIPs, quem pode investir neles e como avaliar se esses fundos fazem sentido para seu portfólio.

O que são FIPs?

Os fundos de investimento em participações, conhecidos como FIPs, têm como objetivo aplicar em companhias abertas, fechadas ou sociedades limitadas em fase de desenvolvimento.

Essa é uma primeira diferença na comparação com os fundos de ações: os FIPs podem investir em empresas de capital fechado e focam em companhias que ainda estão em estágios iniciais. Isso faz aumentar o risco do investimento e também o tempo para se obter retorno. “Diferente de um fundo de ações, o horizonte de investimento dessa classe é muito mais longo. Estamos falando eventualmente em investimentos de sete, dez anos”, explica Bruno Stuani, head comercial da Genial Gestão.

“Nos FIPs, o objetivo principal é investir em pequenas empresas, com a estratégia de entrar nessas companhias com capital e expertise para fazer com que a empresa cresça no horizonte de longo prazo, porque a empresa precisa passar pelo processo de maturação”, explica Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank.

Segundo Stuani, alguns FIPs focam no chamado private equity, quando buscam ganhar com o crescimento de uma empresa e fazer um desinvestimento no futuro e só então devolverão o capital aos investidores. Há também os fundos que se concentram em projetos de infraestrutura (FIPs-IE), como a construção de rodovias, linhas de transmissão ou geração de energia.

Outra característica importante é que esses fundos são constituídos como condomínios fechados, assim como os Fundos de Investimentos em Imóveis (FIIs). Isso significa que os investidores só podem resgatar o capital na data de vencimento do FIP. Entretanto, quem quiser sair do fundo tem a opção de vender suas cotas para outro investidor. Assim como os FIIs e ETFs, as cotas dos FIPs são negociadas na B3.

Quem pode investir em FIPs?

Como são produtos mais arriscados e complexos, apenas investidores qualificados (aqueles com mais de R$ 1 milhão investidos) e profissionais podem investir em FIPs.

O que analisar antes de investir em um FIP?

Segundo Larissa Frias, é natural que nesse momento de queda de taxas de juros, os investidores busquem opções mais arriscadas e com potencial de maiores rendimentos. No entanto, ela alerta que é necessário fazer um planejamento prévio antes de comprar uma cota de um FIP.

“Na hora de montar um portfólio, a gente orienta que a pessoa comece em produtos mais conservadores. Só depois de ter uma carteira mais consolidada, com renda fixa pré, pós-fixada e atrelada à inflação, que se comece investimentos e opções de maior risco”, diz ela. “No FIP, é preciso ter um horizonte longo e um apetite a risco mais apurado”.

Bruno Stuani, da Genial, ressalta que o investimento precisa se enquadrar ao perfil de cada um. “Eu classificaria o FIP como um produto para o investidor arrojado. E o cliente deve ajustar o tamanho de suas posições [em cada classe de ativos], ao quanto ele está disposto a aguentar a volatilidade daquele produto”, diz.  

Além disso, a planejadora lembra que, como o mercado ainda é relativamente pequeno, há o risco de liquidez. Isso significa que o investidor pode não encontrar compradores para as cotas de um FIP no momento e no preço que desejar.

Ela sugere também procurar entender o fundo em si, qual é o setor em que ele atua e quais são as perspectivas macroeconômicas para que a tese de investimento se concretize.

Outro ponto de atenção é à equipe de gestão do fundo. “O gestor é muito importante para o sucesso do investimento, busque gestores mais tradicionais, com histórico nessa classe de ativos”, diz Stuani.

Tributação

Os dividendos pagos pelos FIPs são isentos de imposto de renda para pessoas físicas.

Porém, assim como no caso das ações e dos fundos imobiliários, o ganho de capital na venda de cotas de FIPs é tributado em 15%. A exceção é no caso dos FIP-IE, de infraestrutura, que é isento também de imposto no ganho de capital.

Quais FIPs estão disponíveis na B3?

Atualmente, existem 19 fundos de investimentos em participações listados na B3.

Nome do fundoCódigo
FIP IE PLBRPLBR
FIP ATHONAATH
AZQ INFRA IIAZIN
FIP BRZ IEBRZP
FIP BTGDV IEBDIV
FIP END DEBTENDD
FIP IE IESUU
FIP IE IIESUD
FIP IE IIIESUT
FIP NVRAPOSONVRP
FIP INSTITUTOPEQ
FIP IE KNOXKNOX
FIP OPP HOLDOPHF
FIP PATR INFPICE
FIP PERFINPFIN
FIP PORT SUDFPOR
FIP PRISMAPPEI
FIP VINCI IEVIGT
FIP XP INFRAXPIE

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