Renda variável

Momento é positivo para investir em venture capital e private equity, defendem gestores

Romero Rodrigues e Chu Kong debateram as perspectivas para o segmento durante a Expert 2024

O inverno das startups chegou. Depois de um ciclo longo de alta liquidez e grandes volumes de capital disponível para investir em empresas estreantes de base tecnológica e alto potencial, parece que a fonte de dinheiro secou. “O mercado de venture capital global está difícil, do ponto de vista de volume de investimentos, e com o Brasil não é diferente”, afirmou Romero Rodrigues, sócio diretor da Headline. O volume de investimentos, segundo ele, caiu 80% desde o pico alcançado em 2021. Mas isso não é necessariamente ruim para quem investe. “Há muitas startups disputando poucos cheques, isso cria uma dinâmica interessante. O momento está para comprador, para quem está investindo”, disse.

Isso porque, segundo ele, o cenário dá um bom ponto de entrada nas empresas, e permite aos fundos selecionar as investidas. “Startups em que investimos hoje têm muito mais chance de serem bem-sucedidas com cheques menores do que em 2020, porque tem menos concorrência”, explicou. Essa menor concorrência é tanto pelo consumidor quanto e pelo próprio investimento.

Junto com Romero no palco sobre investimento privado na Expert XP 2024, Chu Kong, sócio e Head de Private Equity da XP Inc., concordou. “Olho para país e vejo que pela primeira vez temos âncoras boas: reservas cambiais que não permitem ataque especulativo à moeda e um superávit na balança comercial. Com essas duas âncoras, o que pode dar errado e impactar o private equity? Nada”, disse.

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Chu e Romero são duas referências do tema no Brasil. Romero é um conhecido de longa data do ecossistema de startups e internet no País. Foi fundador do Buscapé e passou 17 anos à frente da empresa, até a venda para a Naspers. Depois dessa experiência, resolveu mudar de lado e passar a atuar em fundos de venture capital, que financiam startups.

A seu lado, Chu Kong também tem uma experiência longa no financiamento de empresas brasileiras. Ele atua em private equity desde 1996 e foi o primeiro investidor institucional da XP, em 2010. Em seu histórico, teve também participação no crescimento de empresas como Stone e OdontoPrev. Em certo momento, Chu decidiu se aposentar. “Mas o Benchimol [Guilherme Benchimol, fundador da XP] não deixou”, conta. Foi aí que Chu voltou à XP agora para montar  um novo braço de investimentos alternativos da companhia. Hoje, a casa tem dois fundos de private equity.

Mas o que é venture capital?

Conforme explica Romero, venture capital é “investir em uma empresa muito grande enquanto ela está muito pequena”. A dificuldade é que nem toda empresa pequena tem capacidade de crescer no ritmo buscado pelo venture capital. “Boa parte do trabalho é identificar os ingredientes que fazem um negócio ter esse potencial”, diz Romero.

Entre esses “ingredientes”, Romero busca, em primeiro lugar, um bom time, que tenha experiência no setor em que está atuando. Em segundo lugar, uma empresa que atue em um mercado que seja grande. Em terceiro, “a dor, qual é a dor que esse time super talentoso está atacando? Quanto maior a dor, maior a chance de ter modelo de negócio saudável”, diz. Por último, escalabilidade. “A empresa precisa estar preparada para conseguir crescer 200% em 7 anos”, diz.

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O que é private equity?

“Aquisição de participação societária em empresas para promover crescimento acelerado”, explica Chu. O private equity aparece no financiamento das empresas depois do venture capital.

Entre as teses que Chu tem hoje, ele diz focar em saúde e nos setores de tecnologia, inteligência artificial e cibersegurança.

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