Tipos de investimentos

Saiba o que é o short selling e quando vale a pena?

Tipo de operação que envolve o aluguel de ações é usado quando há perspectiva de queda nos preços

Conceito de negócio com empresário segurando ampulheta com gráfico em seu notebook. Foto: Adobe Stock
No Brasil, diferentemente do que acontece em outras bolsas no mundo, a estrutura de regulações para essa modalidade de investimento é muito mais rígida. Foto: Adobe Stock

Em momentos instáveis no mercado de ações, alguns investidores utilizam a estratégia chamada short selling que, em tradução livre, significa “venda a descoberto”.

Esse tipo de operação é uma prática financeira que consiste em vender um ativo já esperando que o preço caia, para, então, comprá-lo de volta e lucrar com a diferença. Em momentos de crise, como estamos vivendo, a negociação ganha maior relevância devido à tendência de queda nos mercados frente às incertezas da pandemia e da guerra na Ucrânia.

No Brasil, diferentemente do que acontece em outras bolsas no mundo, a estrutura de regulações para essa modalidade de investimento é muito mais rígida. No país, tanto o short selling quanto o aluguel de ações são realizados na B3, que garante as operações como contraparte central, diminuindo substancialmente os riscos envolvidos.

Qual a diferença do short selling e do aluguel de ações?

Basicamente, quem deseja fazer um short selling vai precisar alugar uma ação para poder operar. Na venda a descoberto, as ações vendidas pertencem a terceiros.

A posição de quem realiza uma venda a descoberto é chamada de “short”. Essa pessoa vai alugar a ação temporariamente, com o intuito de lucrar num segundo momento, para depois devolver o ativo ao seu dono.

Vamos imaginar, por exemplo, que você obteve uma informação no mercado de que uma nova versão do celular da moda será lançada nos próximos dias. Acreditando que os modelos atuais serão desvalorizados assim que a notícia se popularizar, você decidiu alugar alguns aparelhos e vendê-los pelo preço de tabela.

Se suas premissas estiverem corretas, depois de algumas semanas, o aparelho que você vendeu por R$ 5 mil, por exemplo, estará cotado a R$ 4 mil porque os consumidores passaram a se interessar pela nova versão. Com o dinheiro que você obteve da venda (R$ 5 mil por celular), você adquire alguns modelos antigos para devolver às pessoas que “emprestaram temporariamente” o bem para você que gerasse seu lucro de R$ 1 mil por aparelho.

Neste caso, a venda e a recompra não fazem diferença para quem alugou. Mas quem aluga ações ganha por ter cedido temporariamente o ativo. A taxa recebida pelo aluguel vai depender de qual ação você está alugando: ações com grande volume de negócios diários têm taxas menores. Esse percentual varia entre 0,03% a quase 5% ao ano, e é cobrado pro rata, ou seja, de acordo com o período em que o papel esteve nas mãos do outro investidor.

Já para quem pegou a ação emprestada, há outros custos, além da taxa paga ao doador do ativo:

  • Taxa de registro cobrada pela B3, de 0,25% ao ano sobre o valor do empréstimo, com um mínimo de R$ 10 por contrato.
  • Emolumentos e Imposto de Renda sobre os rendimentos.
  • Taxa de corretagem cobrada pela instituição financeira que intermediar a operação.

Veja um vídeo sobre como funciona o aluguel de ações.

O fator mais importante no short selling

O importante, no short selling, é que o tomador do empréstimo devolva a ação na data previamente acertada no contrato. Portanto, essa operação pode ser utilizada de acordo com o objetivo do investidor, considerando os cenários de curto, médio e longo prazos.

É uma operação tradicional em mercados financeiros para lucrar em épocas de baixa, com a desvalorização de preço das ações ou outros ativos. Após o encerramento da operação, o especulador devolve ao investidor, via corretora, as ações emprestadas. O risco dessa operação para o especulador é que o preço do ativo negociado não caia o suficiente ou suba, gerando prejuízo.

Como operar em short selling?

Confira um ponto a ponto sobre esse tipo de operação:

  1. É necessário pegar ações emprestadas e devolvê-las na data da liquidação da operação. Então, o primeiro passo é contatar os profissionais especializados em aluguel de ações da sua corretora. Basta realizar a venda a descoberto e, a partir de então, o aluguel é feito automaticamente;
  2. O investidor que toma os ativos emprestados precisa estar atento à quantia que está sendo cobrada pelo dono da ação que será alugada. O aluguel de ações implica o pagamento de uma taxa de juros anual que varia de acordo com a disponibilidade ou a oferta desses títulos para aluguel. Quanto maior a oferta das ações, menor será a taxa cobrada. O acordo de aluguel terá remuneração, garantias e prazos específicos para sua realização. Vale lembrar que o doador da ação recebe proventos, dividendos e juros sobre o capital próprio durante esse período;

Resumindo, o aluguel de ações somado à venda a descoberto proporciona uma relação positiva tanto para o tomador quanto para o doador. O doador ganha uma renda extra com ativos paralisados em sua carteira, e o “vendedor a descoberto” tem oportunidades de ganhos com a eventual queda de preços de ativos que não possui.

Você sabia?

Os ativos autorizados para aluguel na B3 são ações e units, BDRs (sigla que vem do inglês: Brazilian Depositary Receipts) e ETFs (sigla do inglês: Exchange Traded Funds).

Porém, é importante salientar que alugar suas ações é ideal para investidores que não têm a intenção de vendê-las no curto prazo. Enquanto as ações estão emprestadas, o “doador” não pode vendê-las, mesmo que apareça uma excelente oportunidade de venda.

Quer saber mais sobre short selling? Confira curso gratuito no site da B3.

Planeje muito bem seu movimento short selling

Por isso, esse é um movimento que deve ser bem planejado pelo investidor que quer colocar suas ações para aluguel. Além disso, durante o período de empréstimo, o “doador” perde sua possibilidade de participar de assembleias de votação da empresa na qual investe, caso tenha ações ordinárias. Isso é para evitar que uma ação possibilite 2 votos (do doador e do tomador). Portanto, apenas o tomador fica com esse direito, caso não tenha vendido a ação ainda.

Para o operador de short selling, o conselho é previsível: trata-se de uma operação arriscada, como todos os investimentos, já que o mercado pode não se comportar da maneira esperada e o ativo se valorizar no prazo em que você precisa devolver a ação para o dono.

É como se, por causa dos defeitos na nova versão do celular, você tivesse que devolver os aparelhos a quem emprestou por um valor mais alto do que o pago originalmente: R$ 6 mil, por exemplo.

Continue por aqui e descubra mais sobre o mercado financeiro!

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.