Objetivos financeiros
Lugar de mulher é onde ela quiser: na montanha ou na Bolsa de Valores!
Bruna Marcelino
@brunaeconomistaEconomista, conselheira da ONG “Ação Jovem – Educação e Finanças”, tem as certificações CEA e CFP® e fala sobre investimentos no seu Instagram. Bruna esteve no Everest em abril/2023 e tem o propósito de mostrar que “Lugar de mulher é onde elas quiserem: inclusive na montanha e na bolsa de valores!”.
Conforme relatório da B3, no 1º trimestre de 2023, as mulheres representaram 23% dos 5,3 milhões de investidores pessoa física em renda variável. Ou seja, o mercado acionário ainda tem um longo caminho para alcançar a equidade de gênero entre os investidores.
Já os números no Tesouro Direto são mais animadores: a participação das mulheres que investem em títulos públicos foi de 39% no 1º trimestre deste ano; considerando os 2,1 milhões de investidores ativos no Tesouro Direto.
Em renda variável, dos 106 mil novos investidores em março deste ano, 87 mil são homens e 19 mil mulheres.
Às vezes, quem ainda não começou a investir em renda variável, acredita que precisa de altos valores para começar. Mas os números das pessoas físicas mostram um panorama diferente: o primeiro investimento mediano dos homens foi de R$59,00 e das mulheres foi de R$199,00. Ou seja, dá para começar a investir com pouco.
Quando falamos em diversificação, veja só a evolução dos números. Em 2016, 75% dos investidores de renda variável aplicavam somente em ações. No 1º trimestre de 2023, esse número recuou para 29%; mostrando que atualmente os investidores têm diversificado suas carteiras em outros produtos como BDRs, ETFs e Fundos Imobiliários.
Mas o que o número de mulheres investidoras tem a ver com montanha?
Nesse artigo, vamos fazer um comparativo e trazer alguns dados da maior montanha do mundo: o Everest que acaba de comemorar o Jubileu de Prata, ou seja, já faz 70 anos que o cume da montanha foi alcançado pela primeira vez.
Em 29/maio/1953 dois homens alcançaram o topo do mundo, Edmund Hillary e Tenzing Norgay. Somente décadas depois, a japonesa Junko Tabei foi a primeira mulher a chegar no topo do Everest em 16/maio/1975.
Segundo o Himalayan Database, já foram feitas 11.341 ascensões (total ascents) ao topo do Everest entre os anos de 1953 e 2022. Desse total, foram 6.338 pessoas que chegaram ao cume pelo menos uma vez (total different summiters) e 741 mulheres (total women different summiters), ou seja, somente 11,7%. Isso mostra que a equidade de gênero também está distante no montanhismo.
E o Brasil como está nessa lista? Segundo o Portal Extremos (maior portal brasileiro de cobertura on-line do Everest) temos 36 brasileiros que já chegaram no topo da maior montanha do mundo e apenas 8 são mulheres, representado 22% do total. Coincidentemente, é próximo do percentual de mulheres investidoras em renda variável no Brasil.
Entre as montanhistas brasileiras, a Aretha Duarte foi a primeira negra latino-americana a chegar no topo do mundo em 23/maio/2021.
Perguntamos para a Aretha: por que essa predominância masculina na montanha?
Ela acredita que “tem a ver com uma questão cultural. Por muito tempo foi difundida a ideia de que essa é uma prática para pessoas fortes e que os homens são fortes para tal atividade. E isso vem caindo por terra, porque o ser humano é forte. O montanhismo exige uma resiliência; resistência muscular e mental. E isso é uma característica possível tanto no gênero masculino quanto no feminino.”
Uma mulher montanhista que inspira a Aretha é a recordista nepalesa Lhakpa Sherpa que já esteve 10x no topo do mundo entre os anos de 2000 e 2022, mesmo “diante de um país que ela nasceu, tão patriarcal, ainda assim ela conseguiu romper uma estrutura social, chegou ao topo do Everest 10 vezes… Ela superou todos os obstáculos para garantir sua própria realização. Ela é mãe, ela é esposa e ela é montanhista”, comenta Aretha.
Na temporada deste ano, a Aretha (@aretha_duarte) que também é guia de montanha na Grade 6 Expedições esteve de volta ao Everest com um grupo de 12 brasileiros, sendo 9 mulheres.
Foi emblemático porque também tivemos uma guia local nepalesa mulher, a Pasang.
Aretha se sentiu realizada mais uma vez e disse que “foi muito interessante observar a força da mulherada nessa realização e mais do que tudo, a sororidade: o quanto uma contribuiu com a outra para que houvesse uma troca saudável e chegássemos 100% do grupo ao campo base”.
Estive com ela nessa viagem ao Everest e levei a camiseta “Diversidade & Mulher & Empoderamento & Força & Mercado Financeiro” do grupo “Be Together” da B3. Tiramos uma foto na clássica pedra no campo base do Everest aos 5.364m de altitude. O propósito é fortalecer o empoderamento feminino e mostrar que lugar de mulher é na bolsa, na montanha e onde mais elas quiserem.
Aproveitei para conversar com mais 3 mulheres que também estiveram no Everest sendo guiadas pela Aretha nesse grupo majoritariamente de mulheres na temporada de abril/2023:
- Anna Laura Wolff (@anna.laura), jornalista e fotógrafa, contou: “o que me motivou a ir ao Everest foi a vontade de fazer algo que pudesse mostrar a minha força. Estar em um grupo que a maior parte eram mulheres, acho que essa foi a melhor parte. Ter essa força feminina com tantas mulheres fortes e corajosas e com uma guia como a Aretha que é o símbolo disso”.
- Virginia Falanghe (@vivaomundo), empresária e jornalista, disse que “foi um grande privilégio poder trocar tanto com tanta mulher incrível. Essa é a beleza de estar entre mulheres… Vivemos dias de muita sinergia, aprendizado mútuo, trocas enriquecedoras e mais que tudo, muito incentivo e acolhimento de cada uma que estava ali”.
- Carolina Bueno (@carolbueno.travel), publicitária e criadora de conteúdo de viagens, compartilhou que “foi muito gratificante ter essa experiência (de viagem) ao lado de mulheres que se complementavam tanto. As mulheres na sociedade que a gente vive tendem a ser mais rivais do que aliadas. Mas na montanha a gente pôde se conectar uma com a outra em um ambiente que a gente estava mais unida”.
Quando perguntadas sobre o mundo dos investimentos, elas falaram que investem em renda fixa, títulos públicos, moeda estrangeira, fundos e ações também; mostrando que elas têm uma carteira diversificada.
Anna Laura ressaltou que “a poupança é muito válida; mas não necessariamente uma poupança aberta no banco, mas sim o ato de poupar e guardar para tal coisa (como a viagem).”
Carolina frisou a importância da “constância de poupar”. Ela disse que sempre teve o costume de poupar reservando % de salário para investir e, à medida que ela ganhava mais, aumentava o valor mensal investido. A Aretha acredita que “todo mundo no Brasil deveria ter acesso à educação financeira para gerir melhor o seu dinheiro.”
E, para finalizar, pedimos para a Aretha deixar uma mensagem para empoderar as mulheres que querem começar algo novo, seja na montanha ou nos investimentos:
“Vale muito a pena ousar e experimentar o novo. Muitas vezes é no novo que está a nossa maior realização de vida… É lá que a gente descobre o nosso talento, o quanto a gente pode impactar a sociedade. É lá que pode estar a transformação social e ambiental que a gente deseja, o mundo ideal que a gente tanto quer. Mesmo com medo, mesmo percebendo nossas vulnerabilidades, vale seguirmos em frente. Por nós mesmas, por nossa família e pela sociedade”, concluiu Aretha.
Desejo que possamos ver cada vez mais mulheres na bolsa, na montanha e onde mais elas quiserem!
E você, já pensou em qual investimento vai fazer ou a próxima montanha que vai subir?